domingo, 15 de abril de 2012

Alemanha deve fazer mais pela zona do euro, diz Unctad


Diretor da organização disse que cortar salários na Espanha e na Itália destruirá a demanda doméstica e não permitirá que esses países alcancem o mesmo nível de competitividade da Alemanha

Antonio Rogério Cazzali, da Agência Estado
BERLIM - A Alemanha deve fazer mais para estimular a demanda doméstica se a zona do euro sobreviver à próxima década, disse Heiner Flassbeck, diretor da divisão de globalização e de desenvolvimento de estratégias para a Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
"Se todo o crescimento da Alemanha vier das exportações líquidas, então, quem serão os perdedores?", perguntou ele, na conferência da UNCTAD, em Berlim. Flassbeck argumentou que durante anos o governo da Alemanha pressionou os sindicatos a não elevar os salários. Como resultado, a demanda doméstica não aumentou e a produtividade ultrapassou o crescimento dos salários, levando a um superávit comercial.
Agora, a Alemanha defende este superávit, um problema para os países do sul da Europa que tentam aumentar sua competitividade. Pedir à Espanha e à Itália que cortem seus salários com a finalidade de sair da crise destruirá a demanda doméstica, mas não permitirá que esses países alcancem o mesmo nível de competitividade da Alemanha, disse ele.
Em vez disso, você terá uma queda na demanda global no sul da Europa e na França, acrescenta Flassbeck. Ele defendeu que a zona do euro deve pedir à Alemanha que faça mais para estimular a demanda, permitindo aumentar os salários normalmente.
"Se você não permitir que os países com problemas paguem suas dívidas, bloqueando os ganhos de mercado e tentando defender o superávit, então, a outra única opção que resta é sair da zona do euro", disse Flassbeck. Ele recomendou ainda que haja um aumento nos custos da mão de obra de 2,5% a 3% na Alemanha ao longo de 10 a 15 anos. As informações são da Dow Jones.

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