sexta-feira, 6 de abril de 2012

BNDES não vê demanda maior para crédito externo



Autor(es): Por Alessandra Saraiva | Do Rio
Valor Econômico - 05/04/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/4/5/bndes-nao-ve-demanda-maior-para-credito-externo
 

O volume de desembolsos para exportação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nas linhas de pré-embarque, que financiam a produção do bem a ser exportado, deve permanecer praticamente inalterado em relação a 2011, mesmo com medidas de estímulo ao investimento anunciadas pelo governo terça-feira, na análise da superintendente da Área de Comércio Exterior do banco, Luciene Machado.
No ano passado, o crédito do banco para exportação na modalidade pré-embarque somou US$ 4,015 bilhões, nível mais baixo em três anos, e quase a metade de 2010 (US$ 8,881 bilhões). Esse montante inclui os financiamentos aprovados nos âmbitos do BNDES Exim; das linhas de crédito para exportação nas modalidades pré-embarques existentes dentro do Programa de Sustentação de Investimento (PSI); e do programa Revitaliza, criado para estimular empresas brasileiras afetadas negativamente pela conjuntura econômica internacional. "Estamos projetando desembolsos entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4,5 bilhões no pré-embarque em 2012, similar ao do ano passado", disse.
Para a superintendente, o pacote de medidas não trouxe grandes modificações nas condições anunciadas para crédito em exportação na modalidade pré-embarque.
O menor ritmo no crédito para exportação nas linhas pré-embarque ajudou a derrubar o montante total de financiamentos do BNDES para exportação no ano passado. Com a inclusão do crédito pós-embarque (US$ 2,7 bilhões), que apoia a comercialização, no exterior, de bens e serviços brasileiros, os financiamentos totais do banco para vendas externas somaram US$ 6,715 bilhões em 2011, 40% abaixo de 2010 (US$ 11,273 bilhões), e o menor em três anos.
Em um ambiente de menor demanda global e de real ainda apreciado frente ao dólar, a sustentabilidade do mesmo patamar de crédito para exportação em 2012 em relação ao ano passado pode ser considerado um resultado positivo, na avaliação de Luciene Machado.
Mas o dólar fraco deverá ser um dos principais desafios para o exportador de manufaturados neste ano, salientou a superintendente. "Esse tipo de exportação tem convivido com um câmbio que está apreciado por um período de tempo longo", afirmou Luciene.
As exportações de manufaturados devem cair de US$ 92,3 bilhões no ano passado para US$ 90,8 bilhões este ano, segundo estimativa do presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Ele não prevê mudanças expressivas nas exportações no cenário pós-pacote este ano. "O problema para o exportador de manufaturados não é o crédito, e sim o câmbio, que não fica acima de R$ 2", disse, defendendo dólar a R$ 2,20 para conferir boa rentabilidade ao exportador.
O professor emérito da Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser Pereira, defende dólar a R$ 2,30 e R$ 2,40. Isso protegeria a indústria e evitaria "doença holandesa" no Brasil, expansão da receita originada de exportação de recursos naturais, que pode levar à desindustrialização. "Estamos muito longe disso", frisou.

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