15/04/2012 - 20h30
DE SÃO PAULO
O programa "TV Folha" deste domingo abordou, no primeiro bloco, uma grave epidemia que assombra as estradas brasileiras e tem transformado a vida de caminhoneiros e de suas famílias: o uso do rebite, droga estimulante que cria os "supercaminhoneiros".
Ainda no primeiro bloco, o "TV Folha" sai às ruas para saber como vivem os baladeiros de São Paulo, com quem eles se relacionam, o que bebem, como se locomovem, o que gostam de ouvir e o quanto gastam para se divertir.
O programa também mostra um embate que acontece na região da Chapada dos Veadeiros (GO), que é pano de fundo de uma disputa por terras entre agricultores e remanescentes das comunidades dos quilombos.
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São Paulo, domingo, 15 de abril de 2012 |
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O Gargalo da soja
Três anos depois de cruzar as BRs 163 e 364, reportagem da Folha volta a Mato Grosso e constata que as sutis melhorias estão aquém da expansão do agronegócio
AGNALDO BRITO ENVIADO ESPECIAL AO CENTRO-OESTE BR-163. Paragem de caminhoneiros próxima a Rondonópolis (MT). Um sujeito de expressão cansada se aproxima de uma Farmácia Popular. Está à procura de rebite, a droga que cria os "supercaminhoneiros". O "farmacêutico" aponta para os fundos do estabelecimento. Ali, um apressado senhor abre a porta. Olha ao redor e diz: "Cinco reais cada". O caminhoneiro retruca: "Mas é do bom, não é?". "Sim", diz o traficante. "Me dê cinco", pede o caminhoneiro. A reportagem da Folha também comprou a droga. Uma grave epidemia assombra as estradas brasileiras e tem transformado a vida de caminhoneiros e de suas famílias. Quem classifica como epidêmico é o próprio Ministério do Trabalho, na seção de Rondonópolis. Mas o vício não é causa, é efeito. E tem levado ao flagelo uma legião de escravos da soja, os trabalhadores rodoviários que se impõem jornadas desumanas de trabalho. Três anos depois de percorrer o principal corredor de exportação de soja do país, a Folha voltou às BRs 163 e 364. Percorreu 2.800 quilômetros, entre o norte do Centro-Oeste e o porto de Santos -principal porta de exportação do país. A redução do número de buracos (embora ainda haja muitos) é uma melhora sutil diante da situação geral. Estradas não duplicadas, sem acostamento e de sinalização confusa tornam caótico o cotidiano de 12 mil caminhoneiros que trafegam dia e noite transportando a soja, o principal produto do agronegócio do Brasil. Em três anos, a situação mudou pouco. A duplicação do corredor, que em 2006 foi prometida para 2011, deve ficar para 2015. "O atraso dessa obra vai provocar muitos acidentes com vítimas: 30% da safra de grãos do país passa por essas rodovias", diz Miguel Mendes, diretor da Associação dos Transportadores de Carga de Mato Grosso. Diante das péssimas condições das estradas e com o avanço da produção, os corredores das BRs 163 e 364 se tornam "armadilhas" para quem é obrigado a percorrer esse trajeto todo dia. A duplicação do trecho deve consumir R$ 1,5 bilhão e está no Programa de Aceleração do Crescimento. Por enquanto, somente dois trechos estão em obras, mas há atrasos. O Ministério dos Transportes estuda incluir as rodovias na quarta etapa do programa de concessões, mas diz que o assunto é "complexo". Em nota, a pasta afirma o seguinte sobre a concessão da BR-163: "São muitos os interesses envolvidos num processo de concessão. O estudo é complexo, detalhado e muito minucioso". Enquanto isso, a força agrícola de Mato Grosso avança. Há três anos, o Estado produzia 18,8 milhões de toneladas de soja. Neste ano, a produção deve alcançar 22 milhões. Até 2020, serão 46 milhões de toneladas.
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