11 de abril de 2012 | 18h 43 http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral,faturamento-cresce-mais-do-que-producao-diz-abimaq,109036,0.htm
BEATRIZ BULLA - Agencia Estado
SÃO PAULO - Enquanto o faturamento da indústria de máquinas e equipamentos aumentou 7,4% no primeiro bimestre deste ano em relação a janeiro e fevereiro de 2011, o emprego e a produção do setor cresceram bem menos no mesmo período, 2,8% e 1,8%, respectivamente. A informação é da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
É o que o vice-presidente da entidade, Carlos Pastoriza, chama de "desindustrialização mascarada". "Estamos nos tornando cada vez mais revendedores e menos fabricantes", afirmou. No total do faturamento do bimestre, a fatia que corresponde à produção nacional do setor foi de 27%, enquanto os importados responderam por 73%, considerando a importação de máquinas e a revenda.
Isso explica a insuficiência das medidas anunciadas pelo governo na última semana, disse Pastoriza. O dirigente explicou que medidas como a desoneração da folha de pagamentos no setor aumentam a competitividade da indústria nacional frente à estrangeira, mas o efeito ainda é muito pequeno para que haja estímulo à indústria do País.
Faturamento da indústria de máquinas cresce 9,9% em fevereiro
No bimestre, avanço foi de 7,4% ante igual período do ano passado; ganho no mês foi de R$ 6,4 bi
11 de abril de 2012 | 14h 15 http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral,bens-de-capital-poderao-ter-licenca-nao-automatica,109024,0.htm
Bianca Ribeiro, da Agência Estado
SÃO PAULO - A indústria de máquinas e equipamentos fechou o mês de fevereiro com faturamento bruto real de R$ 6,4 bilhões, alta de 9,9% ante o mês de janeiro. No primeiro bimestre de 2012, o setor faturou R$ 12,1 bilhões, avanço de 7,4% ante igual período do ano passado.
As exportações somaram US$ 1,8 bilhão no primeiro bimestre, com alta de 9%, e as importações totalizaram US$ 4,9 bilhões no período (+18,3% ante os dois primeiros meses de 2011). Os dados resultaram em um déficit comercial para o setor de US$ 3,1 bilhões no primeiro bimestre, o que representa um aumento de 24,7%.
Os dados, anunciados nesta quarta-feira pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), mostram ainda que o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) do setor fechou o mês de fevereiro com alta de 2% ante janeiro, atingindo 77%.
Máquinas agrícolas
O setor de máquinas agrícolas voltou a impulsionar o faturamento de máquinas e equipamentos no primeiro bimestre do ano, com uma contribuição de alta de 32,8% no período ante os dois primeiros meses de 2011. Em contrapartida, o faturamento na área de bens de consumo apontou baixa significativa, com destaque para máquinas têxteis, queda de 54,5% sobre o primeiro bimestre do ano passado.
Em relação aos dados de exportação do setor de máquinas e equipamentos, a Abimaq destaca a expansão na área de máquinas para indústria de transformação (100,8%) e construção civil (16,7%). Nas importações, foi observado bom desempenho no setor de máquinas para agricultura (+54,3%) e outras máquinas (77,4%). Em contrapartida, a importação de máquinas para bens de consumo teve queda de 14,8% no primeiro bimestre deste ano ante o mesmo período de 2011. Na avaliação da Abimaq, esse recuo pode ser explicado pelas facilidades de se importar bens de consumo já acabados.
Licença não-automática
O governo federal deve anunciar nas próximas semanas uma lista de 30 a 40 itens do setor de máquinas equipamentos que deverão enfrentar licença não-automática para entrar no País. A informação foi dada nesta quarta-feria, 11, pelo vice-presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza.
O empresário, no entanto, preferiu não adiantar quais serão os segmentos do setor a serem protegidos pela medida. O objetivo do governo, segundo ele, seria avaliar com mais cuidado preços de referência de máquinas e equipamentos comprados no exterior.
Pastoriza afirmou que o setor considera esse volume de itens muito pequeno, levando em conta um universo de 814 produtos cujas importações são consideradas problemáticas pelo setor.
A China é, provavelmente, o alvo dessas medidas que o governo deve anunciar nas próximas semanas. Segundo o vice-presidente da Abimaq, no primeiro bimestre deste ano, a China foi a principal origem das importações de máquinas e equipamentos em termos de quantidade. Em valores, a China foi o segundo mais importante, com 16,1% do total importado no período.
"Não é questão de qualidade e nem de ineficiência da indústria nacional. A importação da China é uma questão de câmbio", disse Pastoriza, lembrando que os produtos que chegam do país asiático são de baixa ou média tecnologia e que, portanto, encontram similares na indústria nacional.
Crescimento continua
O faturamento do setor de máquinas e equipamentos vai continuar a crescer, mas à base de vendas de importados. De acordo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a desoneração da folha de pagamento e a ampliação do crédito para o setor produtivo, anunciados na semana passada, não vão aliviar os problemas gerados pela valorização cambial à competitividade do setor. A entidade prevê que o faturamento bruto do setor deve crescer 5% em 2012.
Segundo o vice-presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, o governo fez uma substituição tributária no caso da desoneração da folha e passou de um modelo fixo para um modelo variável, ao substituir a incidência da contribuição para o faturamento. "Nossos problemas hoje são o dólar, o dólar e o dólar", afirmou.
Para atenuar esses efeitos, considerando que o sistema cambial é flutuante, o executivo sugere algumas medidas, como a queda brusca dos juros, para melhorar o custo de financiamento do setor e reduzir a atração de capital especulativo. A segunda sugestão é a de que o País seja mais "agressivo" na defesa comercial. "Não aceitamos a tese de protecionismo. Esse é um argumento ingênuo, pois todos os países do mundo protegem suas economias", afirmou. Nesse sentido, Pastoriza defende mais eficiência nas ações antidumping, a adoção de licenças não automáticas e maior vigilância nas fronteiras.
Na avaliação do dirigente, se as medidas do governo se resumirem àquelas tomadas na semana passada, o efeito para o setor de máquinas e equipamentos será praticamente nulo.
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