terça-feira, 3 de abril de 2012

BANCOS ELEVAM TARIFAS EM 78% E AMPLIAM LUCRO


TARIFAS BANCÁRIAS EXPLODEM
Autor(es): » VICTOR MARTINS
Correio Braziliense - 02/04/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/4/2/bancos-elevam-tarifas-em-78-e-ampliam-lucro
 

Com os juros dos títulos públicos em baixa, as instituições pesam a mão nas taxas cobradas aos clientes para garantir a lucratividade. O aumento nos últimos dois anos está bem acima da inflação medida no período, de 17,65%. No acumulado de 2011, a renda com tarifas bancárias e cartões de crédito somou R$ 39,1 bilhões, o equivalente a 66% do lucro obtido do setor. A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor alerta que o brasileiro também tem sido punido com a cobrança de anuidades elevadas do cartão

Para compensar queda da Selic, instituições miram o cliente para garantir lucros cada vez maioresNotíciaGráfico

A queda da taxa básica (Selic) está obrigando os bancos a reestruturarem suas operações no Brasil. Com os juros dos títulos públicos em baixa, as instituições estão pesando a mão nas tarifas bancárias, que avançaram 77,68% em dois anos, e de cartão de crédito, que cresceu 45,56%. No mesmo período, a inflação acumulada foi de 17,65%. A queda da Selic derrubou o faturamento no mercado de capitais. Segundo levantamento feito pelo Correio junto a publicações do Banco Central, em dezembro de 2009 os rendimentos dessas operações chegaram a representar 64,07% do lucro líquido do setor; em igual mês do ano passado, o percentual caiu para 7,49%.
No fim do ano passado, a renda de tarifas bancárias e de cartões somou R$ 39,10 bilhões no acumulado de 12 meses até dezembro — o equivalente a 66% do lucro líquido do setor bancário em 2011. Roberto Luís Troster, economista e consultor especializado no setor bancário, explica que, com a queda da Selic, os bancos tendem a se dedicar mais ao seu objetivo principal: a intermediação financeira. "Eles acabam aumentando a oferta de empréstimos e ganham mais com isso", garante.
Cobranças
Segundo a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), com essa necessidade de manter a margem de lucro, o foco das instituições é o bolso dos clientes. Em uma pesquisa feita pela entidade, as tarifas de cartões de crédito, por exemplo, apresentaram alta de até 270% entre 2010 e 2011 — na média do setor, o incremento foi de 20%. "A Proteste enviou ofício à Casa Civil e ao Departamento de Proteção e Defesa do consumidor (DPDC) informando que, além das altas taxas dos juros, o consumidor brasileiro também está sendo penalizado com a cobrança de anuidades elevadas. Das 75 pesquisadas, 86,6% foram reajustadas", informa a entidade em seu site na internet.
Com a redução da taxa básica de juros, os bancos expandiram fortemente sua base de clientes. O número de tomadores de crédito, segundo o Relatório de Estabilidade Financeira, cresceu 17% nos últimos quatro anos e, apenas em 2011, registrou 11% de avanço. João Augusto Salles, economista da consultoria Lopes Filho, lembra que o perfil de operação dos bancos mudou radicalmente da década de 1990 para os dias de hoje. Segundo ele, no início do plano real e até antes dele, as instituições privilegiavam operações de renda e quase não realizavam empréstimos. "Aplicavam com risco mínimo nos títulos do governo", lembra. "Esse mix dos ativos foi alterado na medida em que tivemos uma pujança de demanda por operações de crédito e uma ampliação de prazos", conta.
Metas
Ainda de acordo com Salles, os bancos continuam a garantir boas margens porque demoram a repassar a queda da Selic para as operações de crédito. Entretanto, essa é uma condição normal do mercado. "O repasse da Selic para a economia real realmente demora mais, pelo menos quatro meses para chegar às operações de crédito", pondera. Para Carlos Thadeu de Oliveira, gerente de testes e pesquisas do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a mudança no perfil de operação dos bancos cria mais pressão sobre os trabalhadores do setor, que têm de cumprir metas e acabam cometendo uma série de irregularidades contra o consumidor. "Por isso é preciso reclamar no Banco Central e nos Procons, enquanto não virar estatística os bancos vão dizer que foi apenas um funcionário mal-intencionado e as coisas não mudam", argumenta.
Em toda pesquisa realizada pelo Idec, são vários os problemas encontrados nos bancos. Tarifas cobradas irregularmente, produtos enviados sem solicitação do cliente e descumprimento de contratos. "Simplesmente não há respeito das normas", critica Oliveira. Nos últimos 12 meses, apenas as reclamações de tarifas cobradas irregularmente em contas bancárias e cartões de crédito somam 2.969 queixas no Banco Central.
Diante da queda da Selic, a competição entre as instituições financeiras se acirra e a pressão por resultados aumenta. "Principalmente depois que foi dado ao consumidor o direito da portabilidade de conta. Agora ele pode levar o dinheiro para onde quiser e isso tem aumentado ainda mais a competição", afirma Salles. Desde agosto do ano passado, quando o BC deu início ao ciclo atual de afrouxamento monetário, essa disputa ficou ainda mais acirrada. Pelos cálculos da instituição, por um lado a redução da taxa básica diminui o custo de captação dos bancos mas, em contrapartida, o setor deixa de ganhar aproximadamente R$ 4 bilhões para cada 1% de corte na Selic.
Pesquisa
Na avaliação de Carlos Thadeu de Oliveira, do Idec, a única forma de o consumidor se defender nessa guerra entre bancos é pesquisando preços de tarifas e pacotes e denunciado os abusos. Uma dica é comparar o custo desses serviços no site www.febraban-star.org.br. Procurada pela reportagem, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) limitou-se a dizer que não comenta o assunto.

BC reduz juro, mas bancos ganham mais

BC reduz juros básicos, mas bancos ampliam seus ganhos nas operações
Autor(es): agência o globo:Ronaldo D"Ercole
O Globo - 02/04/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/4/2/bc-reduz-juro-mas-bancos-ganham-mais
 
sete anos, total do crédito nos bancos sobe de R$ 607 bi para R$ 2,03 tri

SÃO PAULO. Mesmo com a queda dos juros básicos da economia (Selic) e a forte expansão do crédito nos últimos anos, os bancos brasileiros resistem em reduzir os spreads (diferença entre a remuneração que pagam aos investidores e o que cobram nos financiamentos aos clientes) e, pior, eles vêm aumentando as margens de ganho sobre empréstimos. É o que mostra estudo exclusivo da consultoria Austin Rating.
Com base em informações do Banco Central, a Austin identificou que, enquanto a Selic caiu de 18% ao ano, em dezembro de 2005, para 10,25% em fevereiro deste ano, os spreads médios nos bancos variaram de 28,6 para 28,4 pontos. No entanto, a fatia que vai para o caixa dos bancos (margem líquida) subiu de 29,64% para 32,73%.
Os números compilados pela Austin mostram que os custos administrativos e com compulsórios caíram nesse período, mas em vez de diminuir as taxas para o tomador final, os bancos aumentaram a parte do spread destinada a cobrir impostos, e também elevaram seus ganhos (margem líquida). Para os especialistas, isso contribuiu para os lucros recordes do setor nos últimos anos. Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou por meio de sua assessoria que não se pronunciaria sobre o assunto.
Considerando que a participação da margem líquida no spread cresceu a uma média 0,6 ponto percentual ao ano no período, pode ter alcançado 33,3% no fim de 2011, segundo a Austin.
— Os números mostram que os bancos aumentaram margens de ganho, o que não tem justificativa — diz Erivelto Rodrigues, presidente da Austin.
Nos últimos sete anos, o volume de operações de crédito contratado pelos bancos passou de R$ 607 bilhões para R$ 2,03 trilhões, um avanço de cerca de 250%. Esse movimento fez com que os empréstimos passassem a responder por mais da metade (51,6%) das receitas dos bancos com intermediação financeira e serviços em 2010. Em 2011, com as restrições ao crédito baixadas pelo governo para segurar a inflação, essa fatia recuou para 47,58%, muito superior aos 42,8% de dezembro de 2005.
Dez maiores bancos detêm mais de 90% do crédito
Pesquisa do Banco Central, divulgada semana passada, mostrou que os bancos voltaram a subir juros em fevereiro: a taxa média para empresas e pessoas físicas no crédito livre, sem destinação específica, passou de 38% para 38,1% ao ano. Já, no crédito pessoal foi de 50,3% para 50,6%.
A justificativa para mais essa rodada de elevação nos juros recai sobre a inadimplência em alta. O que é verdade. A taxa de inadimplência nos empréstimos bancários (prestações com atrasos maiores que 90 dias) em fevereiro era de 7,6%, acima dos 7,4% de dois meses antes, e longe ainda dos 5,7% em dezembro de 2010. Indicadores de inadimplência como o da Serasa Experian, que computam os atrasos em pagamentos de toda a economia, já sinalizam uma reversão de tendência. O índice da Serasa vem caindo desde novembro, mas em março ainda estava 17% acima do medido um ano antes.
— Do fim do ano para cá, observamos que há uma queda na inadimplência em geral, que deve começar a aparecer nos indicadores do BC agora, a partir deste mês. Daí, haverá espaço para os juros na ponta do consumidor voltarem a recuar — diz Luiz Rabi, gerente de mercado da Serasa Experian.
A inadimplência, lembrou, obriga as instituições a elevarem provisões contra perdas, e esse custo equivale a quase um terço da taxa adicional que o banco cobra nos empréstimos (spread).
O governo, particularmente o ministro Guido Mantega (Fazenda), vem pressionando os bancos e promete medidas para que os juros caiam mais. Como na crise de 2008, o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal devem ser chamados a atuar mais agressivamente, reduzindo taxas das linhas de crédito.
Especialistas não veem espaço para alívio significativo no bolso dos tomadores de empréstimos no curto prazo. A Selic deve cair mais 0,75 ponto percentual até dezembro. A portabilidade bancária, que permite ao correntista migrar um empréstimo de um banco para outro com juros menores, "não pegou". E não há sinalização efetiva de que o governo aliviará outros custos, como compulsório, encargos fiscais e impostos — mais de 23% dos spreads.
— É preciso atacar cada um dos pontos que pesam nos spreads, mas em condições normais os juros não cairão bruscamente. O que vai contribuir mais para a redução das taxas será o recuo da inadimplência, que não terá queda expressiva — diz Rabi.
A concentração bancária — os dez maiores bancos têm mais de 90% do crédito — é outro entrave para o país deixar o topo do ranking dos países com juros mais altos do mundo, diz o advogado Marcelo Freitas, sócio do escritório Siqueira Castro.

País agora atrai bancos chineses

Bancos chineses aportam no país
Autor(es): Filipe Pacheco | De São Paulo
Valor Econômico - 02/04/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/4/2/pais-agora-atrai-bancos-chineses 
 

Os bancos estatais da China, os maiores do mundo, rondam o mercado brasileiro. O Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), o maior deles, espera desde o ano passado o sinal verde para poder atuar no país e já está com contrato de locação assinado para ocupar um escritório no coração financeiro de São Paulo. O China Construction Bank (CCB) sonda há meses possibilidades de entrada por meio de aquisições de bancos de pequeno ou médio portes e teria de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões para a empreitada. O Bank of China, menor que os outros dois, opera como banco múltiplo desde 2009 e começará agora a atuar mais intensamente. Juntos, os três têm valor de mercado próximo de US$ 570 bilhões

O mercado bancário brasileiro está no radar dos gigantes bancos estatais da China, também os maiores do mundo em valor de mercado. O ICBC (Industrial and Commercial Bank of China), maior deles, espera desde o ano passado o sinal verde presidencial para poder atuar no país, mas já está com contrato de locação assinado para ocupar um escritório no coração financeiro de São Paulo. O segundo maior, o China Construction Bank (CCB), sonda há meses possibilidades de entrada por meio de aquisições de bancos de pequeno ou médio porte. Já o Bank of China, menor que os outros dois e o único que já conta com unidade por aqui, aberta em 2009, começará só agora a "atuar para valer", segundo as palavras de seu atual presidente. Juntos, os três somam números impressionantes: valor de mercado próximo de US$ 570 bilhões e mais de 40 mil agências na China - todos são de controle estatal. Um quarto interessado seria o China Bank of Communications, menor que os outros três e em estágio ainda preliminar de prospecção do mercado doméstico.
O ICBC, cujo valor na bolsa de Hong Kong é de US$ 238,2 bilhões, ainda não tem permissão oficial para operar no Brasil, mas fechou contrato para ocupar 1.500 metros quadrados no mesmo prédio que já abriga o BTG Pactual, Banco Espírito Santo e J.P. Morgan, na Av. Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. O capital inicial declarado ao BC em abril do ano passado foi de US$ 100 milhões, o que caracteriza um banco com operações de porte tímido em comparação às cifras da matriz. Não há prazo limite para que a concessão seja dada. Seu futuro presidente já está no país há alguns meses e executivos brasileiros estariam sendo abordados para compor o time. No total, entre 40 e 70 funcionários devem ocupar a unidade, e o ICBC procura no momento 12 apartamentos residenciais na mesma região para os funcionários chineses mais graduados que virão. A KPMG e o escritório Tozzini Freire Advogados têm auxiliado o banco.
Em agosto do ano passado o ICBC pagou US$ 600 milhões por 80% da unidade do Standard Bank na Argentina, sendo que em março de 2008 já havia se tornado o sócio majoritário da matriz do Standard Bank. Comprou, por US$ 5,4 bilhões, 20% do banco sul-africano que opera no Brasil como banco de investimento. Segundo uma fonte próxima do ICBC, ainda não está clara qual será a estratégia em relação aos dois bancos no país.
Já o CCB (US$ 200,8 bilhões na bolsa de Hong Kong) tem cogitado uma outra via de entrada. Desde o ano passado executivos do banco estudam o mercado brasileiro, e a matriz em Pequim já teria aprovado a aquisição de um banco que poderia ser tanto de capital 100% nacional como uma subsidiária de um grupo estrangeiro interessado em deixar o país. Segundo Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, que tem assessorado executivos do CCB, o valor autorizado para a compra estaria entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões. Em março, um grupo de seis executivos do banco, dentre eles um diretor de aquisições estratégicas, esteve em São Paulo e no Rio para avançar nas conversas. Uma das oportunidades consideradas seria a unidade local do banco alemão West LB, que passa por reestruturação global e anunciou no dia 16 de março que a subsidiária brasileira está à venda.
O Bank of China é o único já autorizado a operar no país e abriu um banco múltiplo no começo de 2009. Até agora, entretanto, pouco ou nada fez. No momento, passa pela troca de sua direção local, o que, espera-se, anime os negócios. No fim de abril, Zhang Dongxiang deve assumir a operação no Brasil, sendo que o atual presidente, Jianhua Zhang, voltará para Pequim para atuar como uma espécie de conselheiro para os assuntos relativos à unidade brasileira perante a cúpula da instituição.
O Bank of China começou a operar com capital de US$ 60 milhões e contava com valor próximo de R$ 138 milhões em patrimônio líquido no final de 2011. Uma examinada em seu balanço mostra que a instituição limitou-se, até agora, a comprar papéis do governo brasileiro. Em 31 de dezembro, tinha cerca de R$ 111 milhões em títulos de valores mobiliários (a grande maioria de notas do Tesouro de curto prazo), e uma carteira de crédito tímida, próxima de R$ 27,8 milhões.
Segundo Jianhua, os primeiros anos no país serviram para "conhecer as regras do mercado brasileiro" e, a partir de agora, o banco deve de fato começar a liberar crédito com mais força.
Os bancos chineses, ainda que comecem a atuar timidamente por aqui, devem acabar brigando pelo mesmo filão de clientes. O que mais lhes interessa é prestar serviços a grandes empresas chinesas de porte global que agora começam a desembarcar em escala cada vez maior no Brasil. O interesse maior é na concessão de linhas de crédito e na realização de operações de câmbio, dizem fontes próximas aos bancos.
De acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), os investimentos chineses de 2003 até março de 2011 (diretos ou decorrentes de fusões e aquisições) somaram US$ 37,1 bilhões, em um total de 86 operações. O mais recente plano quinquenal chinês prevê cerca de US$ 500 bilhões de investimentos estrangeiros até 2015, e uma fatia importante desse valor deve ser destinada à América Latina e, especialmente, ao Brasil.
Alguns exemplos: em outubro de 2010 a China Petroleum & Chemical Corp, ou Sinopec, pagou US$ 7 bilhões por uma participação de 40% na unidade brasileira da companhia petrolífera espanhola Repsol. Em novembro do ano passado, a montadora Chery anunciou investimentos de US$ 400 milhões em uma fábrica em Jacareí, no interior de São Paulo, que deve começar a operar em 2013.

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