sábado, 21 de maio de 2011

Avanço de mais de 10% é para poucos

Autor(es): Adriana Mattos | De São Paulo
Valor Econômico - 20/05/2011
 
Apesar da comemorada fase de ganhos elevados da indústria de consumo no Brasil, há poucas companhias de grande porte com crescimento de dois dígitos ao ano no país. A grande parte das empresas que integram a lista das 40 maiores fabricantes de bens de consumo no país se expandiram entre 2% e 9% no ano passado. Em 2009, a situação foi semelhante, como mostra análise da consultoria Nielsen que mede o desempenho anual das companhias.

A elevada concentração de mercado, com poucas empresas atuando em vários segmentos ajuda a explicar esse cenário. O ritmo de investimentos e a capacidade de lançar mercadorias e marcas bem aceitas, num período de concorrência mais pesada, também é parte da explicação, segundo consultores do setor.

Segundo o relatório, as dez empresas da área de consumo que mais crescem no país registraram aumento médio de 12,1% nas vendas em 2010 (deflacionado pelo IPCA/IBGE). A Nielsen não revela o nome das companhias, mas pelos resultados já informados, estão nesse rol grupos como Procter & Gamble e Hypermarcas, com agressivos planos de lançamentos e elevados investimentos em marketing. O índice de 12,1% está acima da alta média de 7,4% verificada nas 40 maiores indústrias.

No bolo total faturado pelo setor (cerca de R$ 195 bilhões no ano passado) essas companhias responderam por 37% das vendas. É o grupo com a maior fatia, superior à taxa de participação de grandes empresas no mercado americano. Lá, as dez maiores companhias de consumo somavam 26,8% das vendas em 2009, ano do último estudo "Global Powers of Consumer Products Industry", da consultoria Deloitte Touche Tohmatsu.

No segundo grupo de companhias do relatório da Nielsen, as empresas registraram expansão de 9% nas vendas e foram responsáveis por 33% do faturamento do setor. Pelo já informado pelos grupos, nesse caso estão operações como as da Johnson & Johnson e da Unilever - a primeira com alta de 10% em 2010 e a segunda, de 7,5%. A taxa não está deflacionada porque a inflação dos produtos das companhias ficou abaixo do IPCA.

"Esses dois grupos conseguiram crescer acima da média e parte desse resultado se refere à capacidade de implementar os projetos", disse Ricardo Alvarenga, gerente de atendimento da Nielsen. "Muitas fabricantes planejam de forma correta, mas executam mal o trabalho no ponto de venda, por exemplo".

Um terceiro grupo, responsável por quase um quarto do faturamento do setor, registrou alta média de 2,4% nas vendas em 2010. E um último, de cinco empresas, teve redução de 4,3%, respondendo por 7% do faturamento total. "Nesses casos, há negócios com dificuldades pontuais, eventualmente em processo de reestruturação ou que já carregam alguns anos de desempenho ruim", diz Alvarenga.

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