Autor(es): agência o globo: Cássia Almeida e Ramona Ordoñez |
O Globo - 27/05/2011 |
Auditores fiscais do Ministério do Trabalho interditaram ontem a plataforma P-65, a mais antiga da Petrobras em operação na Bacia de Campos, em atividade desde 1977. Equipamentos operando parcialmente, falta de treinamento em trabalhos altamente perigosos e uma série de normas de segurança não seguidas pela estatal levaram à decisão, que ocorre apenas nove meses depois da interdição de outra plataforma da empresa, a P-33, por problemas de manutenção. A unidade processa 45 mil barris de petróleo por dia, extraídos das plataformas P-15, P-7 e P-8, separando o óleo da água. Com isso, para também a produção nessas plataformas. Segundo o diretor de Saúde e Segurança do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, Vitor Carvalho, que acompanhou a vistoria dos fiscais, a Petrobras chegou a parar a plataforma antes da inspeção, já agendada: - Eles tentaram fazer uma maquiagem antes da inspeção, mas não conseguiram evitar a interdição. Os problemas persistiram. Um dos principais motivos da interdição, segundo Carvalho, é a falta de acendimento automático do queimador de gases descartados do processo industrial: - Sem o acendimento automático, o petroleiro é obrigado a usar uma verdadeira tocha. Um cabo de aço com uma bucha com querosene na ponta para acender do queimador. Outro problema grave foi a falta de treinamento e de equipamento de proteção individual para o trabalho em espaços confinados. Nesses locais, é comum haver gás venenoso: - O profissional precisa estar altamente treinado para trabalhar nessas circunstâncias. Como há espaços semissubmersos, há bactérias que acabam produzindo gás sulfídrico. É preciso medir esses gases, ter máscara com tempo de ar suficiente para o serviço. E, além disso, uma pessoa de prontidão para qualquer emergência. Na denúncia feita ao Ministério do Trabalho, os petroleiros listaram 34 pendências, desde falta de iluminação de emergência nas rotas de fuga a equipamento de proteção individual nos espaços confinados, problemas que precisarão ser resolvidos para que a plataforma volte a operar. - Infelizmente, o discurso contundente da direção da empresa sobre segurança e saúde não aparece na prática nas plataformas - diz o diretor do sindicato. Além do risco ao trabalhador, há pendências de navegabilidade, que serão encaminhadas à Marinha. ANP alertara sobre a P-65 em abril A Agência Nacional do Petróleo (ANP) já notificara a Petrobras sobre a corrosão da P-65 em abril, pedindo esclarecimentos. Segundo a ANP, a reunião com a Petrobras foi realizada em sua sede no dia 18 de abril, "quando foi constatada corrosão acentuada nos feixes dos permutadores". A Petrobras, segundo o órgão regulador, apresentou os estudos de risco pertinentes e as salvaguardas que foram adotadas para manter a operação em nível de risco tolerável. Segundo a ANP, foi estabelecido que até setembro deste ano fosse feita a parada da técnica para a realização de obras. A agência informou que a Petrobras está com a parada agendada para agosto. Apesar da informação passada à ANP, a Petrobras afirmou que a P-65 já estava em parada programada desde segunda-feira - a vistoria dos fiscais, agendada previamente, foi feita na quarta-feira - e que, portanto, a produção não foi afetada. A estatal afirmou que as falhas apontadas pelos fiscais haviam sido identificadas "e encontram-se em fase de conclusão pela equipe técnica. Outras estão sendo antecipadas visando a cumprir as determinações da Superintendência". A Petrobras garantiu que os trabalhadores são qualificados. A irregularidade, segundo a estatal, refere-se à manutenção de cópia dos certificados de treinamento a bordo. |
sábado, 28 de maio de 2011
Mais uma plataforma interditada
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