Autor(es): Assis Moreira | De Genebra |
Valor Econômico - 23/05/2011 |
Bancos centrais dos países emergentes estão se apoiando mais no aumento de depósito compulsório dos bancos do que na alta dos juros para combater o superaquecimento de suas economias, numa mudança de estratégia. Levantamento do Instituto Internacional de Finanças (IIF) mostra que a taxa de compulsório, ou o montante que os bancos devem manter no banco central e portanto não emprestar, é menos apreciada nas economias desenvolvidas, onde a ênfase tem sido ao longo dos anos nas taxas de juros de curto prazo. Em contrapartida, exigência maior de compulsório tem sido comum em economias emergentes até como uma maneira de assegurar que os créditos bancários sejam direcionados para ajudar a financiar elevados déficits orçamentários. Mais recentemente, porém, o uso do instrumento foi acelerado como uma forma de reduzir a liquidez e combater a inflação sem a necessidade de aumentar os juros, que tendem a atrair mais fluxo de capital externos, pressionando pela valorização da moeda local. Os BCs podem ter assim um instrumento macroprudencial efetivo desacelerando o crescimento do crédito durante os booms e freando os financiamentos em outros períodos. O IIF avalia, porém que, mesmo com um maior arsenal de instrumentos, as políticas de aperto nos emergentes não desaceleraram suficientemente a atividade econômica para frear as pressões inflacionárias. Calcula que o crédito ao setor privado está crescendo 18,5% ao ano nos emergentes - chega a 20,1% no Brasil -, bem acima do ritmo do PIB nominal, enquanto nas economias desenvolvidas os financiamentos só recentemente voltaram a aumentar. Os resultados sobre compulsório divergem entre os países. A China tem sido particularmente agressiva no uso da taxa para absorver liquidez e conter a inflação, subindo a taxa de 11,5% para 21% entre maio de 2007 e maio deste ano. Pequim conseguiu derrubar o crescimento do crédito bancário de 29,7% para 17,5% entre abril de 2009 e o começo do mês. Também a Turquia colocou mais fé no compulsório, elevando a taxa rapidamente de 6% para 11% e reduziu mesmo as taxas oficiais de juros. Mas a expansão do crédito continua num ritmo infernal em sua economia, tendo pulado de 5,5% para 37% entre abril de 2009 e recentemente. A avaliação é de que os BCs do Brasil e da Índia aumentaram os compulsórios, mas continuam usando a alta de juros como instrumento mais importante. Enquanto na Índia o crescimento do crédito ao setor privado passou de 17,5% para 21%, no Brasil o pulo foi de 16,6% para 20,1%. A expansão do crédito nos emergentes afundou para 12,5% no rastro da crise financeira global, voltou agora para 18,5%, mas os empréstimos nessas economias ainda estão em nível abaixo do recorde de anos que antecederam a crise. Embora os financiamentos na maioria dos emergentes seja forte, há claras diferenças. Caíram na China, mas na Índia e na Indonésia estão acima de sua média de 2010. E na América Latina, o ritmo de crescimento dos crédito é acima daquele da Asia, com os empréstimos no Brasil, Venezuela e Colômbia sendo os mais fortes. |
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