Cetip se une à Clearstream na garantia a derivativos
Autor(es): Filipe Pacheco | De São Paulo |
Valor Econômico - 30/05/2011 |
A Cetip, maior depositária de títulos de renda fixa do país, vai começar a gerenciar a partir do dia 18 de julho um sistema de garantias de derivativos de balcão, aqueles que são determinados por contratos privados, fora dos pregões das bolsas. O programa foi desenvolvido em parceria com a alemã Clearstream, empresa de custódia da Deustche Börse Group. Com R$ 429 bilhões de contratos de derivativos sob sua custódia, a Cetip detém 75% de um mercado que tem sido alvo de diversas críticas mundo afora por não envolver a obrigatoriedade de garantias. A partir da implantação do novo sistema, a empresa passa a atuar como uma parte independente na gestão das garantias, determinando seu nível adequado e, posteriormente, fazendo a gestão delas, que também são conhecidas como colaterais. Durante o período de custódia, os títulos dados como fiança ficam separados em uma conta sob responsabilidade da Cetip. O serviço, que será opcional para as companhias e bancos envolvidos nas operações de derivativos, ainda aguarda aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central, mas a previsão é que entre em operação no dia 18 de julho. Tanto na Cetip quanto na BM&FBovespa, outra plataforma na qual podem ser registradas transações de derivativo de balcão, as partes podem ou não optar por garantias determinadas em contrato. Já nos derivativos negociados em bolsa, a BM&FBovespa é garantidora dos negócios, arcando com parcela dos prejuízos em casos de não pagamento. Empresas e bancos que aderirem ao novo serviço poderão considerar como garantia os ativos custodiados na Cetip - como debêntures, Certificados de Depósito Bancário (CDB), Certificados de Depósito Interbancário (CDI), letras financeiras e todos os títulos disponíveis no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) do Banco Central, que incluem os títulos do Tesouro - que somam um valor total superior a R$ 3 trilhões. Se houver calote, a Cetip não arca com o prejuízo, mas garante a execução da garantia em custódia. Para conceber o método matemático que calcula os riscos, foi acionada a empresa canadense Algorithmics. "Se fôssemos criar nós mesmos esse cálculo, demoraríamos anos", diz Wagner Anacleto, diretor executivo de operações da Cetip. Da parceira Clearstream veio a experiência na gestão dos colaterais e na execução de custódia. Anacleto explica que, no exterior, 90% dos contratos de derivativos são de balcão, sendo os 10% restantes feitos em bolsa. O Brasil apresenta números exatamente opostos: 10% dos negócios com derivativos são feitos balcão e 90% em bolsa. Além disso, o percentual desses contratos que é garantido por aqui é baixíssimo na comparação com os números externos. De acordo com dados da Associação Internacional de Swaps e Derivativos (ISDA), na Europa cerca de 70% das operações com derivativos contam com garantias, enquanto no Brasil não chega a 5%. Desde 1994 os contratos de derivativo de balcão no Brasil passaram a ser registrados na Cetip ou na BM&FBovespa - no exterior, o registro não é obrigatório, mas regras começaram a ser reforçadas após a crise de 2008. "O Brasil estava um passo à frente do mercado internacional. Passamos a nos perguntar como poderíamos calcular os riscos e fazer a gestão de garantias", diz Anacleto. Para a Clearstream, a parceria com a Cetip é o primeiro passo para que, no futuro, seja possível fazer o mesmo tipo de gestão de riscos de derivativos usando ativos negociados em mercados estrangeiros e sob sua custódia. "O mercado brasileiro está anos à frente do resto do mundo. Esperamos poder aplicá-lo [o serviço] em diferentes mercados", diz Phil Brown, chefe de relações com clientes da Clearstream, que detém cerca de 50% do mercado de colaterais da Europa. Cetip e Clearstream não divulgam como serão divididos os resultados do novo produto. |
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