domingo, 7 de agosto de 2011

Para a Lizandra, mais uma vez


Quando eu estava me reconstruindo
Não sabendo bem por que eu estava desconstruído, uma amiga...
digamos que me lembrou que eu era amado.

Então eu olhei de novo para meus cacos
E com sagacidade percebi que eram peças e poderia remontá-las e continuei vivendo.

Uma outra amiga me lembrou que eu tinha o direito a ser feliz
E deitou-se comigo na cama, lembrando com justiça que eu tinha direito ao amor

Um dia, quando minha obra tinha desenhado um furo maiúsculo no nada do ar
Uma desconhecida na rua, do nada, me lembrou que eu era engraçado enquanto
descíamos as avenidas cheias de carro velozes que podem igualmente estacionar

Trânsito entre a padaria e o jardim da infância, subindo
Trânsito entre o jardim da infância e a paradia, descendo de volta para seu apartamento
Ainda mais iluminado pelas avenidas que vão atravessar o túnel pelo vale que é enclave
de cimento e pixe

Esta, nessa tal conversa, me lembrou que ela é que é importante.

Isso pode parecer egoísta, mas não o é
porque ela é marxista.
Ela, uma vez, salvou a minha vida
e permaneceu, para mim, uma desconhecida.

Que surpresa reencontrá-la assim. "Me acompanha?"

Ouviu e
fez o gesto com naturalidade, apaixonada pela qualidade de ser humano em si
Sofrendinho também.

Ela me lembrou que eu tinha o dever de viver
embora os percalços da vida
entre o prazer: padaria;
e o apartamento: esconderijo,
onde não paramos de planejar os rumos do cassino do mundo, como se pudéssemos!

Teu
Chico.

Santos, 30 de julho de 2011 

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