quinta-feira, 18 de agosto de 2011

UE já não é o principal destino da carne brasileira


Autor(es): Fernanda Yoneya
O Estado de S. Paulo - 17/08/2011

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo - em segundo lugar vem a Austrália e depois os EUA -, mas pode crescer mais. Mesmo diante do inevitável reflexo da crise no consumo de carne da UE, que importa cortes nobres e paga bem por isso, a pecuária nacional tem, nos países emergentes, um amplo mercado a ser explorado. "A crise de 2008 quebrou frigoríficos que dependiam das exportações. De 2006 a 2010, a
UE caiu do primeiro para o quinto lugar na lista dos principais destinos da carne brasileira", diz o economista Thiago Bernardino de Carvalho, do Cepea. No caminho inverso, vêm os mercados "emergentes", como Irã, Hong Kong e Egito.
Segundo a Abiec, as exportações brasileiras de carne bovina para o Irã cresceram 325% entre 2006 e 2010; para Hong Kong, o salto foi de 141%. "A carne que vai para a China entra por Hong Kong", diz o diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio. "Assim como a Europa, EUA e Japão também estão em dificuldades", diz Carvalho, do Cepea.
"Quem tem dinheiro e está comprando carne são os países emergentes." Conforme Carvalho, a UE compra principalmente cortes de primeira, como filé mignon, contrafilé e alcatra. Já os emergentes preferem cortes dianteiros, mais baratos. Com a atual crise, a China pode ser alternativa: "Embora ainda seja um mercado obscuro, pois cada província tem regras próprias de importação." Para Sampaio, "o desafio do frigorífico é desmontar o boi e ter um corte para cada mercado." A previsão da Abiec é a de que as exportações de carne bovina fechem este ano em US$ 5 bilhões. Em 2010, foram US$ 4,8 bilhões.

Exportação de carne deve se diversificar

Autor(es): Fernanda Yoneya -
O Estado de S. Paulo - 17/08/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/17/exportacao-de-carne-deve-se-diversificar
 
Fazenda que vende carne para UE ganha mais. Mas na atual crise mercado interno e emergentes não devem ser esquecidos

O Brasil tem atualmente 2.095 fazendas pecuaristas habilitadas a exportar carne para a União Europeia. São propriedades que se submeteram a um processo burocrático, lento e sujeito a auditorias de seis em seis meses. Nos bons tempos no continente europeu, fazendas que se sujeitaram ao protocolo e foram aprovadas na cobiçada lista receberam até R$ 10 a mais por arroba. Atualmente, porém, o prêmio fica entre R$ 3 e R$ 4 por arroba. Adicione-se a isso a crise na Europa para que o criador se pergunte se compensa continuar exportando.
Para economista Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea/Esalq/USP, o mercado exportador continua interessante para o produtor, mas é preciso ficar atento à crise. "O pecuarista deve buscar a excelência na produção de carne não só de olho no mercado externo, mas pensando no consumidor interno, que, no futuro, vai passar a exigir carne cada vez de melhor qualidade."
Já o consultor Hyberville Neto, da Scot Consultoria, também chama atenção para o consumo crescente de carne no Brasil pelas classes C e D. "O mercado interno aquecido acaba competindo com as exportações. Se o câmbio também não está favorável e o ágio sobre o "boi-Europa" não está compensador, o pecuarista tem que avaliar o que é melhor", diz.
Na pecuária há 40 anos, Edson Crochiquia, com rebanhos em Agudos (SP) e em Pedra Preta e Paranatinga (MT) - em Agudos, são 5.200 cabeças, entre recria e confinamento. Já as de Mato Grosso são de cria, com 25 mil animais -, garante que o esforço compensa. "Além de a fazenda se profissionalizar, a qualidade dos animais aumenta significativamente." E arremata: "A pecuária brasileira não é de excelência, mas as fazendas que cumprem o protocolo de exportação podem ser consideradas de excelência."
Exigências. Com rebanho de 1.750 cabeças em Uberaba (MG) e mais 2 mil animais em Turvânia (GO), o pecuarista Paulo Ferolla abate para exportação 1.400 animais/ano. Apto a exportar para a UE há quatro anos, ele reclama do "excesso de teoria" das exigências. "Mais difícil que entrar na lista é se manter habilitado", diz. "No meu caso, o Instituto Mineiro de Agropecuária vistoria. Depois vem o ministério. É preciso apresentar tudo: registro de cada brinco, medicamentos, vacinas, alimentação e nota fiscal", diz. "É tudo detalhado e sem se organizar não dá."
Em anos anteriores, Ferolla já recebeu R$ 10 a mais sobre o valor da arroba, mas hoje recebe de R$ 3 a R$ 4. O sobrepreço varia conforme a oferta e procura. Por isso o produtor deve por tudo na balança. "Tem que pesar o custo do confinamento e o custo de animais de reposição e se vale a pena exportar se o mercado interno pode absorver a oferta de carne. Exportar é bom, mas não se deve abandonar o mercado interno."
O diretor da Praterra Agropecuária, Caio Augusto Arroyo Barbosa, concorda. "Mesmo habilitado, o produtor deve colocar tudo na ponta do lápis. Este ano, com o confinamento 30% mais caro, foi mais negócio vender os animais antes, aproveitando os picos da arroba."
Profissionalização. A Praterra tem fazendas em Rosário Oeste e Ribeirão Cascalheira (MT), com giro de 10 mil cabeças/ano. Barbosa acha vantajoso estar habilitado. "Estamos na lista há três anos e em Mato Grosso o prêmio chegou a R$ 10 por arroba." Já no ano passado, o prêmio foi de R$ 3 a mais, em média. "Por um lado, o produtor deveria receber mais, por toda a burocracia e todos os investimentos que são feitos na propriedade. Por outro, tem um lado muito positivo, que é a profissionalização e a gestão eficiente da propriedade."
O pecuarista Crochiquia, habilitado para exportar para o bloco há três anos, destina 100% dos animais para exportação. No último lote, em julho, de 794 animais, só 3 não foram classificados para exportação. "Os animais são todos nascidos na fazenda. Assim não se corre o risco de ter um animal sem garantia de genética", diz o administrador em Agudos, Leosmar Dionizio. Este ano, Crochiquia abaterá 4 mil animais, todos para exportação.
E, pela primeira vez, exportará carne pela Cota Hilton. "O produtor recebe mais, mas há mais exigências." Segundo ele, a carne exportada via Cota Hilton deve ser oriunda de animais rastreados até os 10 meses de idade. Outra exigência é que tenham nascido em fazenda já habilitada pela UE. "O peso é o mesmo - mínimo 235 quilos -, mas a cobertura de gordura deve ser de 3 milímetros, sem exceder os 8 milímetros."
O consultor Hyberville Neto, da Scot Consultoria, explica que a Cota Hilton prevê a exportação de cortes nobres de carne a tarifas menores de exportação para a indústria. À cota anual, fixa, somente têm acesso países credenciados.
Para o ciclo 2011/2012, a cota brasileira é de 10 mil toneladas. Crochiquia diz que dos 4 mil animais abatidos este ano, 2.200 cabeças vão para a Cota Hilton. "O prêmio para quem exporta para a União Europeia varia de 2% a 4% a mais sobre o valor da arroba; na Cota Hilton, a premiação é de 4% a 7%", diz, satisfeito, o criador.
3 RAZÕES PARA...
O pecuarista exportar
1. A indústria costuma pagar um ágio sobre o preço da arroba de animais que serão abatidos para exportação.
2. Para a propriedade ser habilitada para exportar para a União Europeia, por exemplo, o produtor deve investir em gestão. Organização e um bom gerenciamento da fazenda são itens essenciais para quem quer se tornar exportador.
3.Com controle individual do rebanho e manejo sanitário em dia, a propriedade não só produz mais, mas também com mais qualidade.

Para habilitar-se, caminho é longo

Autor(es): Fernanda Yoneya
O Estado de S. Paulo - 17/08/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/17/para-habilitar-se-caminho-e-longo
 

Para saber se o animal cumpre os padrões exigidos pela União Europeia, a indústria frigorífica faz a tipificação de carcaça bovina, que é, segundo o gerente de Fomento do frigorífico Marfrig, Luciano de Andrade, a principal ferramenta para avaliar qualidades intrínsecas à carne que, nem sempre, podem ser visualizadas nos cortes.
Os critérios principais para a tipificação de carcaça bovina são acabamento de gordura, peso de carcaça, idade, sexo, raça e conformação. "Desses, somente acabamento de gordura e conformação podem ser observados no corte final. Todos os demais não são visíveis a olho nu", explica Andrade.
Longo caminho. O caminho até a habilitação é longo. Após contratar uma certificadora credenciada pelo Ministério da Agricultura, é preciso obter o cadastro como Estabelecimento Rural Aprovado no Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (Eras/Sisbov) e solicitar a auditoria. "É um processo lento. A certificadora faz as vistorias no confinamento de 60 em 60 dias e o ministério audita de 6 em 6 meses. Se houver alguma inconformidade, tem de pedir nova auditoria", explica o criador Edson Crochiquia.
Legislação. Além do protocolo referente ao manejo dos animais, como a identificação e rastreabilidade junto a uma certificadora, é preciso estar em dia com a legislação ambiental e trabalhista.
O diretor-executivo da Abiec, Fernando Sampaio, explica que a indústria já recebe os animais para exportação identificados. "Após o abate, as carcaças e todas as peças são identificadas. A UE exige que as carcaças de animais abatidos para exportação fiquem separadas." Segundo Sampaio, a UE consome mais carne do que produz e, portanto, supre a demanda por cortes nobres com produto importado.

Sistema único de sanidade fica para 2012

Autor(es): Tarso Veloso
Valor Econômico - 17/08/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/17/sistema-unico-de-sanidade-fica-para-2012
 
O Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa), lançado em 2006, só deve sair do papel no ano que vem. O programa só chegou a quatro Estados até hoje - Minas Gerais, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul -, com quatro municípios e 23 agroindústrias cadastradas. O Ministério da Agricultura pretende atingir 1.100 municípios até 2015. Atualmente, vários Estados já tem um programa de vistoria, mas que não é integrado nacionalmente. Isso faz com que a agricultura familiar tenha dificuldades para vender sua produção fora do seu território.
A adesão dos produtores ou cooperativas ao Suasa, que deve ser feita por convênios dos Estados e municípios junto ao governo federal, ainda patina. Ela é voluntária e o governo pretende incentivá-la com recursos orçamentários. O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim, disse ontem, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, que o ministério solicitou cerca de R$ 250 milhões no Orçamento da União de 2012 para levar o processo adiante.
Do total, cerca de R$ 120 milhões seriam repassados aos Estados para aumentar a inclusão das agroindústrias. "Toda a propriedade do Brasil vai estar na plataforma e terá sua base de dados com todas as informações incluídas no sistema", disse Jardim. O novo plano plurianual do Ministério da Agricultura, segundo ele, inclui quatro novas ações dirigidas para o funcionamento do Suasa.
Uma delas é a reestruturação das ações do programa, consolidando a legislação a ser usada. Atualmente, existem 5.352 instruções normativas. O governo pretende, também, coordenar e auditar o Sistema Único, avaliando as ações e fazendo melhorias no projeto. Há, ainda, o combater a clandestinidade dos produtores e, por último, a criação de um centro de inteligência, para prever com antecedência as necessidades do setor. "Não podemos andar a reboque. Precisamos nos antecipar aos fatos", afirmou Jardim.
O diretor de geração de renda e agregação de valor da Secretaria de Agricultura Familiar, Arnoldo Campos, acredita que as vantagens para os produtores serão enormes. "A agricultura familiar gera renda, dá empregos e tem cerca de 12 milhões de trabalhadores efetivos. Mas é preciso dar condições para que produtos circulem dentro do território nacional, agregando valor e remunerando melhor o produtor", disse.
Mesmo com as promessas do governo, entidades veem as medidas anunciadas como "tardias". O secretário de Política Agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antoninho Rovaris, comentou que espera a evolução do Suasa há 5 anos e não entende a "falta de vontade" para implementar o programa.
O início "real" do Suasa, segundo Rovaris, vai tirar da clandestinidade milhões de agricultores familiares no Brasil. "O Sistema vai ajudar muito, mas por enquanto é embrionário. Eu fico pasmo diante de uma situação que somente 23 municípios dos mais de 5 mil do país estão inscritos. Isso dá algo como zero vírgula zero", falou Rovaris.
O coordenador-executivo da Comissão de Sanidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Décio Coutinho, disse que o problema precisa ser realmente desenvolvido no país. Para ele, o fato de um produtor não poder vender sua produção em outro Estado penaliza o trabalhador. "Tem que ter coragem para fazer o programa sair do papel", afirmou Coutinho. No fim das discussões vários deputados disseram que era momento de parar de discutir e realizar. As falhas, segundo eles, já são conhecidas e o momento é de trabalhar para resolvê-las.

Embarques de carne bovina de MT à Rússia despencam

Valor Econômico - 17/08/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/17/embarques-de-carne-bovina-de-mt-a-russia-despencam
 

As exportações mato-grossenses de carne bovina para a Rússia alcançaram apenas 25 toneladas em julho, 99,5% menos que o volume registrado em julho, destacou a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) com base em números divulgados na semana passada pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O tombo é consequência das restrições temporárias impostas por Moscou aos embarques de cinco unidades frigoríficas do Estado em junho. Além delas, foram embargadas outras 32 plantas localizadas no Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás, Santa Catarina, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, todas por divergências sanitárias.
Em junho, informou a Acrimat, as vendas de carne bovina de Mato Grosso para a Rússia somaram 4,7 mil toneladas (equivalente carcaça). No total, o Estado exportou 10,4 mil toneladas de carne bovina em julho, uma queda de 44,1% sobre junho, sempre conforme a entidade. Na comparação com julho de 2010, a queda chegou a 56,9%. Luciano Vacari, presidente da Acrimat, pede pressa ao governo brasileiro nas negociações para o relaxamento do embargo. "Isso é gravíssimo e o governo brasileiro tem que tomar uma atitude mais forte".

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