terça-feira, 3 de maio de 2011

BNDES amplia atuação em fusões e aquisições

BNDES avança em fusões de empresas
Autor(es): Alexandre Rodrigues
O Estado de S. Paulo - 02/05/2011
Banco público esteve, em 2009-2010, por trás de 64 operações de fusões e aquisições no País, seis vezes mais do que no biênio anterior

Além de dobrar o volume de crédito para investimentos nos últimos dois anos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está aumentando a sua presença na economia influenciando processos de consolidação ou adquirindo participações em empresas.
Levantamento da consultoria Price (PwC) feito a pedido do Estado mostra que, entre 2009 e 2010, o banco esteve por trás de pelo menos 64 operações de fusões e aquisições no Brasil, seis vezes mais do que no biênio anterior, quando foram contabilizadas apenas dez.
O BNDES tem aumentado a sua atuação no mercado empresarial por meio de seu braço de participações, a BNDESpar, como forma de incentivar a consolidação em setores considerados estratégicos. Em 2010, o ativo total da subsidiária atingiu R$ 125,8 bilhões, sendo pouco mais de 80% referente a uma carteira de ações de mais de 150 empresas e fundos de investimento.
Participações. Com isso, o banco participa hoje do capital de gigantes como Petrobrás, Vale, Oi e CPFL Energia e Eletrobrás, assim como de médias e pequenas empresas de base tecnológica. Além de dar musculatura financeira, o BNDES usa a compra de fatias nas companhias como uma forma de influenciá-las na direção de outras, fomentando a concentração em setores considerados estratégicos pelo governo.
Para Alexandre Pierantoni, sócio da PwC para fusões e aquisições, o salto da participação do BNDES - por meio da BNDESpar ou de companhias ou fundos de private equity dos quais é sócio - mostra como o banco se tornou um agente mais ativo na consolidação de vários segmentos, dada a distribuição multissetorial das transações.
"O BNDES acaba promovendo um desenvolvimento financeiro de longo prazo e de melhor governança corporativa, especialmente entre as empresas de pequeno e médio porte, o que estimula o mercado de capitais e as fusões e aquisições", explica.
Acordos. O banco tem acordo de acionistas em 58 empresas dos quais é sócio e cadeiras em nove conselhos fiscais e 28 de administração. Não foi à toa que muitas das empresas que protagonizaram fusões recentemente tinham o BNDES como sócio.
É o caso de Perdigão e Sadia, que formaram a BR Foods, e de Votorantim Celulose e Aracruz, que se uniram na Fibria. O BNDES participa das duas empresas resultantes com 2,5% e 30%, respectivamente. Consideradas grandes compradoras no setor de tecnologia, Bematech e Totvs, que o BNDES começou a incentivar ainda em estágio inicial, ganharam liderança em seus segmentos por meio de aquisições apoiadas pelo banco.
A BNDESpar costuma se desfazer das participações acionárias num prazo médio de cinco anos e busca não ultrapassar 33% do capital.


Ação do BNDES se dá por aportes a grandes grupos

Autor(es): Alexandre Rodrigues
O Estado de S. Paulo - 02/05/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/5/2/acao-do-bndes-se-da-por-aportes-a-grandes-grupos
 

Atuação do banco nos negócios com frigoríficos causa controvérsias, sobretudo pela falta de transparência

Muitas participações do BNDES são consequência da conversão de títulos, outro instrumento usado pela BNDESpar para apoiar companhias, principalmente para buscar aquisições. Exemplo recente é o da Hypermarcas, que recebeu aporte de R$ 1,1 bilhão do BNDES por meio da subscrição de debêntures.
A operação serviu para financiar a compra do laboratório Neo Química e manter o interesse da Hypermarcas por ativos do setor farmacêutico, onde o governo quer ter empresas nacionais mais fortes.
Em muitos casos, o objetivo do BNDES é aumentar a musculatura da empresa para promover sua internacionalização. É o caso da Oi, na qual atuou como sócio em favor da fusão com a Brasil Telecom e, mais recentemente, do ingresso da Portugal Telecom no capital da tele, o que aumentou suas chances de atuação no exterior, especialmente na América Latina e na África.
Controvérsias. Sem dúvida é a atuação no banco como sócio de frigoríficos que levanta mais controvérsias. O suporte financeiro aos grupos Marfrig e JBS Friboi por meio de debêntures e participações acionárias já viabilizaram negócios dos dois grupos no Brasil (caso da compra da Seara pelo Marfrig ou do Bertin pelo JBS) e no exterior (como as aquisições das americanas Keystone pelo Marfrig, e Pilgrim"s Pride, pelo JBS). O banco é acusado de escolher campeões.
Embora o suporte à consolidação e internacionalização no setor de carnes seja uma diretriz clara da política industrial, as críticas à atuação do BNDES no setor são alimentadas pela baixa transparência em relação aos critérios usados para escolher os grupos beneficiados. O diretor da área de mercado de capitais do BNDES, Eduardo Rath Fingerl, tem recusado entrevistas.
É o giro e os dividendos da carteira da BNDESPar que aumentam o caixa do banco para novas aquisições. Entre 2009 e 2010, a subsidiária do banco de fomento arrecadou mais de R$ 4 bilhões com a venda de papéis de empresas como CSN, Light, LLX, Oi, Banco do Brasil, Rio Polímeros.
Em dividendos, arrecadou em 2010 quase R$ 1 bilhão da Petrobrás e R$ 280 milhões da Vale.

Um comentário:

  1. Excelente !

    sobre o assunto, sugiro dar uma olha no artigo do mauro santayana, do JB, publicado em seu blog, sob a ótica do BNDES, o futuro do Brasil e a competição externa:

    http://www.maurosantayana.com/2011/08/os-ataques-ao-bndes-e-o-futuro-do.html

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