De acordo com o último relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre previsões para o mercado de carnes, as menores ofertas pressionarão os preços a novos níveis recordes.
Em maio de 2011, o índice de preços de carnes da FAO alcançou um novo recorde de 183 pontos. Os preços internacionais de todas as carnes se mantiveram firmes desde janeiro. O fortalecimento dos preços reflete principalmente fatores direcionados pela oferta, incluindo condições climáticas adversas no final de 2010, reconstrução de rebanhos, doenças animais e maiores custos dos insumos que, virtualmente, levou a uma parada no crescimento da produção global.
Visto de uma perspectiva de 12 meses, as carnes ovina e bovina tiveram fortes crescimentos que, baseados em seus respectivos índices de preços, aumentaram em 38% e 20%, respectivamente, desde maio de 2010. A limitada disponibilidade de exportação em países tradicionalmente fornecedores, combinada com uma forte demanda de importação, deverá manter uma tendência de alta nos preços mundiais das carnes em curto prazo. Ao mesmo tempo, os altos preços do grãos continuam a limitar a lucratividade do setor.
Carne bovina
Produção fica estagnada pelo terceiro ano consecutivo
Os baixos estoques de animais e os altos preços deverão caracterizar o setor de carne bovina em 2011, como ocorreu em 2010. A produção global de carne bovina deverá estagnar em 65 milhões de toneladas, limitada pelas previsões de declínio de 1% na produção em países desenvolvidos, que são responsáveis por 45% da produção global.
A contração reflete a situação no Canadá e nos Estados Unidos, que começaram esse ano com pequenos rebanhos bovinos, baixa reposição de novilhas e ofertas menores de alimentos. Do outro lado do globo, os estoques de gado afetados pelo clima na Austrália e Nova Zelândia estão voltando ao normal, mas a reconstrução do rebanho está reduzindo os abates e a produção.
Se recuperando de um declínio de quase 2% em 2010, a produção de carne bovina na América Latina e Caribe está aumentando, com o crescimento da produção no Brasil, segundo maior produtor do mundo, mais que compensando a persistente queda no setor de carne bovina da Argentina, que já perdeu 3.500 empregos nos últimos anos. A única incerteza relacionada à forte previsão para o setor brasileiro se refere à possibilidade de remoção de plantas brasileiras de carne da lista de frigoríficos aprovados para exportar para a Rússia.
Na Argentina, a reconstituição de rebanhos reduzidos e as contínuas incertezas relacionadas à regulamentação do Governo estão prejudicando as previsões de produção, apesar de os preços dos animais vivos terem quase dobrado.
No México, os preços domésticos estão 10% menores do que nos Estados Unidos, o que está promovendo um comércio de gado entre os dois países, resultando em um aumento somente marginal na produção de carne bovina mexicana.
A produção de carne bovina na Ásia deverá estagnar em 2011. Apesar de os preços médios da carne bovina na China terem atingido um pico no final de 2010, os abates e, consequentemente, a produção, deverão cair, à medida que os produtores de leite lutam para reconstruir seus rebanhos após o escândalo de contaminação do leite com melamina ter afetado todo o país em 2008.
No Paquistão, a produção deverá cair em 2%, uma consequência das perdas de animais por causa das enchentes ocorridas no ano passado.
No Japão, as províncias no nordeste afetadas pele terremoto, seguido por um tsunami e por uma explosão radioativa, representam 10% do rebanho bovino do país. Apesar de não ter sido feita nenhuma estimativa oficial de perdas, a FAO previu que a produção no país cairá em 5% em 2011, principalmente como consequência do desastre.
Na Turquia, as previsões de uma competição mais intensa de produtos estrangeiros após um relaxamento nas barreiras de importação, deverão prejudicar o crescimento do setor.
Na Coréia do Sul, apesar dos abates de bovinos relacionados à febre aftosa no final de 2010, os números de animais estão próximos a níveis recordes, o que, combinado com um relaxamento nos controles de movimentos animais, deverá estimular a produção de carne bovina.
Na Indonésia, o apoio do Governo, que está buscando auto-suficiência na produção de carne bovina, deverá sustentar uma expansão da produção, apesar de uma redução na cota de importação de bovinos em pé de 700.000 cabeças em 2010 para 500.000 cabeças nesse ano.
Na Índia, a forte demanda de exportação por carne de búfalo de baixos preços impulsionará maiores abates e produção.
O clima favorável na África está resultando em boas colheitas de cereais e adequada produção de forragens, mas as condições de seca em partes do leste africano, particularmente Etiópia, Quênia, Somália e Uganda, estão levando à escassez de pastagem e água, maior mortalidade de animais e ocorrência de doenças, à medida que os produtores movimentam seus animais em busca de forragem. De forma feral, a produção de carne bovina da região deverá permanecer em torno de cinco milhões de toneladas.
Apesar dos altos preços, as previsões de comércio de carne bovina são boas
O comércio mundial de carne bovina deverá se expandir em 2%, para 7,7 milhões de toneladas em 2011, impulsionado pela demanda de importação nos países que enfrentam rápido crescimento econômico ou escassez de produção.
As importações na Ásia deverão expandir-se em 5%, direcionadas pela forte demanda no Japão, Malásia e Coréia. As compras deverão aumentar em Taiwan, apesar da introdução de novos procedimentos de testes de resíduos que criaram incertezas consideráveis.
As vendas de carne bovina aos países do Oriente Médio, com exceção do Egito, também deverão aumentar. Isso também deverá ocorrer na Turquia, atualmente um importador marginal de carne bovina, onde os altos preços domésticos impulsionaram o Governo a remover a barreira ao gado em pé e às importações de carne bovina no final do ano passado.
Em contraste, na Indonésia, as importações podem cair para cerca de 100.000 toneladas, após um corte na tarifa preferencial de 120.000 toneladas em 2010, para 72.000 toneladas nesse ano. Fora da Ásia, os maiores volumes de carne bovina deverão ser importados pela União Europeia (UE), Rússia e Venezuela, enquanto as importações podem declinar no Canadá, Egito, México e Estados Unidos.
As exportações do Brasil e dos Estados Unidos, que fornecem um terço do comércio mundial, deverão aumentar em 2011. Os maiores ganhos deverão ser obtidos pelos Estados Unidos que, beneficiando-se de um contínuo enfraquecimento do dólar e da reabertura de mercados anteriormente restritos por causa da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), poderão expandir os envios em 8%, um desenvolvimento histórico com potencial de transformar o país em um exportador líquido.
Após três anos de declínios devido à forte demanda doméstica e ao fortalecimento da moeda, as exportações do Brasil, ainda o maior exportador mundial, aumentarão em resposta à demanda de países do Oriente Médio e Sudeste da Ásia.
O Canadá também deverá expandir as vendas após a reabertura do mercado chinês à carne canadense e ao maior acesso à nova cota da UE para carne bovina de alta qualidade livre de hormônios.
As exportações da Austrália, segundo maior exportador, deverão cair levemente, limitadas pelas baixas ofertas.
Por outro lado, o Paraguai, um exportador não tradicional da América do Sul, deverá se beneficiar da recente certificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de país "livre de febre aftosa com vacinação". As exportações do país poderão alcançar as da Argentina, que continuam com uma queda de dois anos.
A Índia deverá capitalizar sobre seus menores preços de carne de búfalo congelada para expandir as exportações, assim como o Paquistão, apesar da menor produção devido às recentes enchentes, à medida que ambos os países respondem à firme demanda nos mercados do Oriente Médio.
Na África, os surtos de febre aftosa em Botsuana e África do Sul no começo de 2011 resultaram em barreiras às exportações e abates de animais, que reduzirão as vendas de carne bovina dos dois países em 2011, mas também se traduzem em maiores preços em alguns mercados tradicionais.
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As informações são da FAO (http://www.fao.org/docrep/014/al978e/al978e00.pdf), traduzidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
Em maio de 2011, o índice de preços de carnes da FAO alcançou um novo recorde de 183 pontos. Os preços internacionais de todas as carnes se mantiveram firmes desde janeiro. O fortalecimento dos preços reflete principalmente fatores direcionados pela oferta, incluindo condições climáticas adversas no final de 2010, reconstrução de rebanhos, doenças animais e maiores custos dos insumos que, virtualmente, levou a uma parada no crescimento da produção global.
Visto de uma perspectiva de 12 meses, as carnes ovina e bovina tiveram fortes crescimentos que, baseados em seus respectivos índices de preços, aumentaram em 38% e 20%, respectivamente, desde maio de 2010. A limitada disponibilidade de exportação em países tradicionalmente fornecedores, combinada com uma forte demanda de importação, deverá manter uma tendência de alta nos preços mundiais das carnes em curto prazo. Ao mesmo tempo, os altos preços do grãos continuam a limitar a lucratividade do setor.
Carne bovina
Produção fica estagnada pelo terceiro ano consecutivo
Os baixos estoques de animais e os altos preços deverão caracterizar o setor de carne bovina em 2011, como ocorreu em 2010. A produção global de carne bovina deverá estagnar em 65 milhões de toneladas, limitada pelas previsões de declínio de 1% na produção em países desenvolvidos, que são responsáveis por 45% da produção global.
A contração reflete a situação no Canadá e nos Estados Unidos, que começaram esse ano com pequenos rebanhos bovinos, baixa reposição de novilhas e ofertas menores de alimentos. Do outro lado do globo, os estoques de gado afetados pelo clima na Austrália e Nova Zelândia estão voltando ao normal, mas a reconstrução do rebanho está reduzindo os abates e a produção.
Se recuperando de um declínio de quase 2% em 2010, a produção de carne bovina na América Latina e Caribe está aumentando, com o crescimento da produção no Brasil, segundo maior produtor do mundo, mais que compensando a persistente queda no setor de carne bovina da Argentina, que já perdeu 3.500 empregos nos últimos anos. A única incerteza relacionada à forte previsão para o setor brasileiro se refere à possibilidade de remoção de plantas brasileiras de carne da lista de frigoríficos aprovados para exportar para a Rússia.
Na Argentina, a reconstituição de rebanhos reduzidos e as contínuas incertezas relacionadas à regulamentação do Governo estão prejudicando as previsões de produção, apesar de os preços dos animais vivos terem quase dobrado.
No México, os preços domésticos estão 10% menores do que nos Estados Unidos, o que está promovendo um comércio de gado entre os dois países, resultando em um aumento somente marginal na produção de carne bovina mexicana.
A produção de carne bovina na Ásia deverá estagnar em 2011. Apesar de os preços médios da carne bovina na China terem atingido um pico no final de 2010, os abates e, consequentemente, a produção, deverão cair, à medida que os produtores de leite lutam para reconstruir seus rebanhos após o escândalo de contaminação do leite com melamina ter afetado todo o país em 2008.
No Paquistão, a produção deverá cair em 2%, uma consequência das perdas de animais por causa das enchentes ocorridas no ano passado.
No Japão, as províncias no nordeste afetadas pele terremoto, seguido por um tsunami e por uma explosão radioativa, representam 10% do rebanho bovino do país. Apesar de não ter sido feita nenhuma estimativa oficial de perdas, a FAO previu que a produção no país cairá em 5% em 2011, principalmente como consequência do desastre.
Na Turquia, as previsões de uma competição mais intensa de produtos estrangeiros após um relaxamento nas barreiras de importação, deverão prejudicar o crescimento do setor.
Na Coréia do Sul, apesar dos abates de bovinos relacionados à febre aftosa no final de 2010, os números de animais estão próximos a níveis recordes, o que, combinado com um relaxamento nos controles de movimentos animais, deverá estimular a produção de carne bovina.
Na Indonésia, o apoio do Governo, que está buscando auto-suficiência na produção de carne bovina, deverá sustentar uma expansão da produção, apesar de uma redução na cota de importação de bovinos em pé de 700.000 cabeças em 2010 para 500.000 cabeças nesse ano.
Na Índia, a forte demanda de exportação por carne de búfalo de baixos preços impulsionará maiores abates e produção.
O clima favorável na África está resultando em boas colheitas de cereais e adequada produção de forragens, mas as condições de seca em partes do leste africano, particularmente Etiópia, Quênia, Somália e Uganda, estão levando à escassez de pastagem e água, maior mortalidade de animais e ocorrência de doenças, à medida que os produtores movimentam seus animais em busca de forragem. De forma feral, a produção de carne bovina da região deverá permanecer em torno de cinco milhões de toneladas.
Apesar dos altos preços, as previsões de comércio de carne bovina são boas
O comércio mundial de carne bovina deverá se expandir em 2%, para 7,7 milhões de toneladas em 2011, impulsionado pela demanda de importação nos países que enfrentam rápido crescimento econômico ou escassez de produção.
As importações na Ásia deverão expandir-se em 5%, direcionadas pela forte demanda no Japão, Malásia e Coréia. As compras deverão aumentar em Taiwan, apesar da introdução de novos procedimentos de testes de resíduos que criaram incertezas consideráveis.
As vendas de carne bovina aos países do Oriente Médio, com exceção do Egito, também deverão aumentar. Isso também deverá ocorrer na Turquia, atualmente um importador marginal de carne bovina, onde os altos preços domésticos impulsionaram o Governo a remover a barreira ao gado em pé e às importações de carne bovina no final do ano passado.
Em contraste, na Indonésia, as importações podem cair para cerca de 100.000 toneladas, após um corte na tarifa preferencial de 120.000 toneladas em 2010, para 72.000 toneladas nesse ano. Fora da Ásia, os maiores volumes de carne bovina deverão ser importados pela União Europeia (UE), Rússia e Venezuela, enquanto as importações podem declinar no Canadá, Egito, México e Estados Unidos.
As exportações do Brasil e dos Estados Unidos, que fornecem um terço do comércio mundial, deverão aumentar em 2011. Os maiores ganhos deverão ser obtidos pelos Estados Unidos que, beneficiando-se de um contínuo enfraquecimento do dólar e da reabertura de mercados anteriormente restritos por causa da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), poderão expandir os envios em 8%, um desenvolvimento histórico com potencial de transformar o país em um exportador líquido.
Após três anos de declínios devido à forte demanda doméstica e ao fortalecimento da moeda, as exportações do Brasil, ainda o maior exportador mundial, aumentarão em resposta à demanda de países do Oriente Médio e Sudeste da Ásia.
O Canadá também deverá expandir as vendas após a reabertura do mercado chinês à carne canadense e ao maior acesso à nova cota da UE para carne bovina de alta qualidade livre de hormônios.
As exportações da Austrália, segundo maior exportador, deverão cair levemente, limitadas pelas baixas ofertas.
Por outro lado, o Paraguai, um exportador não tradicional da América do Sul, deverá se beneficiar da recente certificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de país "livre de febre aftosa com vacinação". As exportações do país poderão alcançar as da Argentina, que continuam com uma queda de dois anos.
A Índia deverá capitalizar sobre seus menores preços de carne de búfalo congelada para expandir as exportações, assim como o Paquistão, apesar da menor produção devido às recentes enchentes, à medida que ambos os países respondem à firme demanda nos mercados do Oriente Médio.
Na África, os surtos de febre aftosa em Botsuana e África do Sul no começo de 2011 resultaram em barreiras às exportações e abates de animais, que reduzirão as vendas de carne bovina dos dois países em 2011, mas também se traduzem em maiores preços em alguns mercados tradicionais.
As informações são da FAO (http://www.fao.org/docrep/014/al978e/al978e00.pdf), traduzidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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