terça-feira, 3 de maio de 2011

Siemens estuda concentrar área de pesquisa no Rio para ficar perto da Petrobras

Autor(es): Francisco Góes | Do Rio
Valor Econômico - 02/05/2011


A Siemens, maior conglomerado de engenharia elétrica e eletrônica do Brasil, poderá concentrar seus esforços de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no país no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Zona Norte. A empresa estuda instalar-se no local para estar próxima da Petrobras, mas também para atender outros setores além do petróleo, caso da área de energia elétrica. A empresa trabalha ainda para aumentar o conteúdo local em suas fábricas no país.
"Queremos estar próximos aos consumidores e estimular a inovação", disse Peter Solmssen, presidente da Siemens para as Américas. As atividades de P&D da Siemens no mercado brasileiro estão vinculadas às 13 fábricas da empresa no país, que produzem gama variada de itens, como disjuntores, lâmpadas, interruptores e tomadas, reatores, transformadores, painéis, inversores de frequência e turbinas industriais.
Ao todo, a Siemens mantém seis centros de desenvolvimento de tecnologia no Brasil que empregam 360 técnicos, engenheiros, mestres e doutores. Há, além disso, 800 engenheiros dedicados a P&D na Chemtech, empresa carioca da Siemens focada no setor de óleo e gás. "Esses são engenheiros que trabalham em inovações que podem ser usadas pela Petrobras e por clientes fora do Brasil", disse Solmssen. Ele participou do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, encerrado na sexta-feira no Rio.
O executivo afirmou que a Siemens investe globalmente cerca de US$ 5 bilhões (€ 3,8 bilhões) por ano em inovação, algo como 5% do faturamento global da empresa, de € 76 bilhões. No Brasil, a Siemens registrou faturamento líquido de R$ 4,25 bilhões no exercício 2010, que estendeu-se de 1º de outubro de 2009 a 30 de setembro do ano passado. Em euros, o faturamento ficou pouco acima de 2 bilhões no último exercício, ou 2,6% da receita global do grupo.
Adilson Primo, presidente da Siemens no Brasil, disse que o país continuará a ter crescimento sustentável entre 4% e 5% por ano nos próximos anos. "Não acreditamos que o Brasil vá ter crescimento chinês até porque a infraestrutura limita o crescimento", disse. Ele avaliou que a Siemens está bem posicionada para aproveitar o crescimento, pois desenvolveu portfólio focado em infraestrutura.
Entre as áreas com potencial de expansão para os negócios da empresa no país, ele citou o setor de energia, sobretudo de fonte eólica, hídrica e térmica, segmento no qual a empresa tem turbinas com alto grau de eficiência, disse Primo. Ele também aposta em setores nos quais a Siemens tem expertise, caso do papel e celulose e mineração e siderurgia, e no crescimento do petróleo e gás, a partir do desenvolvimento do pré-sal.
Óleo e gás são um dos focos da Siemens, que está estruturada em três setores (indústria, energia e saúde). A empresa está criando um quarto setor dedicado à infraestrutura em cidades. "O objetivo é nos aproximarmos dos consumidores que estão planejando e tomando as decisões sobre infraestrutura nas grandes cidades", disse Solmssen.
A partir de trabalho de planejamento estratégico, a Siemens passou por grandes mudanças nos últimos anos, saindo das telecomunicações e focando-se em áreas nas quais tem vantagens competitivas, caso da infraestrutura. Em 2010, quase 37% do faturamento global da empresa foi obtido a partir de um amplo portfólio "verde", formado por tecnologias sustentáveis do ponto de vista ambiental aplicadas à área de energia elétrica ou aos transportes, a chamada mobilidade urbana.
Nesse sentido um dos focos da Siemens no Brasil é a geração eólica. "Estamos entrando na área de geração eólica com visão de ter grau importante de nacionalização para nos habilitarmos aos financiamentos do BNDES", disse Primo. O executivo acrescentou que no esforço por aumentar o conteúdo local a empresa busca nacionalizar subfornecedores de suas fábricas. Na área de óleo e gás, a Siemens apresentou propostas para fornecimento de seus produtos às empresas de construção e engenharia que disputam as sondas de perfuração da Petrobras.
Segundo Primo, a possível instalação da Siemens no Centro Tecnológico da UFRJ permitiria aproveitar sinergias com o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), da Eletrobras. Se criado, o centro da Siemens na Ilha do Fundão, no Rio, poderia trabalhar, além do petróleo, em redes inteligentes, tecnologias usadas na transmissão e distribuição de energia elétrica.
Segen Estefen, diretor de tecnologia e inovação do instituto de pós-graduação e pesquisa de engenharia, disse que há quatro empresas disputando três áreas disponíveis no Centro Tecnológico da UFRJ: Siemens, BG Group, Vallourec & Mannesmann e EMC2.



Subsídios ajudam estrangeiros a desembarcar no país

Valor Econômico - 02/05/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/5/2/subsidios-ajudam-estrangeiros-a-desembarcar-no-pais
 
Subsídios e incentivos fiscais também contribuem para engrossar a relação de empresas que têm escolhido o Brasil para instalar seus centros tecnológicos. Segundo a pesquisa de inovação tecnológica (Pintec) 2008, do IBGE, o percentual de empresas inovadoras que utilizaram pelo menos um mecanismo de apoio governamental passou de 18,8%, entre 2003 e 2005, para 22,3% entre 2006 e 2008. Foram 9,2 mil empresas, das quais 8,7 mil do setor industrial.
Esse apoio se dá de várias maneiras. A chamada Lei do Bem, de 2005, é apontada pelas empresas como o principal mecanismo a que recorrem no país. Ela estabelece incentivos fiscais para que empresas privadas invistam em inovação tecnológica, incluindo deduções no Imposto de Renda das despesas em pesquisa e isenção de impostos para importação de equipamentos.
Relatório do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) sobre a aplicação da Lei do Bem mostra que o total de empresas habilitadas a utilizar seus incentivos aumentou de 130, em 2006, para 542, em 2009. O investimento dessas empresas em P&D cresceu de R$ 2,2 bilhões em 2006, o equivalente a 0,09% do PIB, para R$ 8,33 bilhões em 2009, correspondentes a 0,27% do PIB. Por causa do impacto da crise econômica mundial, o valor aplicado em 2009 foi 5% menor do que no ano anterior. A renúncia fiscal do governo passou de R$ 229 milhões, em 2006, para R$ 1,38 bilhão em 2009.
"Antes o governo procurava atrair fábricas com incentivos. Agora, faz investimentos em conhecimento", diz Marcos Vinicius de Souza, diretor do departamento de fomento e inovação da Secretaria de Inovação do MDIC. Trata-se, diz ele, da costura de um pacote com várias instituições e governos estaduais, o que inclui linhas do BNDES e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), laboratórios da Finep e as Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados (Fapesp), para baixar os custos da instalação de centros de pesquisa.
"É importante que as empresas multinacionais desenvolvam tecnologias aqui, usando brasileiros para gerar esse conhecimento. A partir do momento em que o conhecimento se transforma em produtos, aí se dá o salto tecnológico", afirma o secretário.
As empresas que fabricam produtos com tecnologia digital, como computadores, telefones celulares e equipamentos digitais eletrônicos, se beneficiam dos incentivos da Lei de Informática, de 2001. Elas podem reduzir o peso do Imposto de Produtos Industrializados (IPI), desde que invistam 5% do seu faturamento líquido em atividades de P&D. Já a Lei da Inovação, de 2004, estimula a inovação nas empresas por meio de projetos com universidades e institutos públicos de pesquisa.

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