sábado, 6 de agosto de 2011

Agro transferiu R$ 837 bilhões de renda para a sociedade, mostra pesquisa

Uso de tecnologia aumentou a produção e reduziu os preços, controlando a inflação e gerando mais divisas com as exportações
Redação*
A redução da pobreza e da concentração de renda vivida no Brasil nos últimos 15 anos também teve suas raízes no agro. Ao aumentar sua produção acima do crescimento da economia, o agro contribuiu para que os preços dos alimentos baixasse, controlando a inflação. Além disso, a crescente exportação dos excedentes de produção gerou mais divisas para o País.
A conclusão é de uma tese da pesquisadora Adriana Ferreira Silva, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). O trabalho “Transferências Interna e Externa de Renda do Agronegócio Brasileiro” foi premiado no fim de julho como melhor tese em economia rural no Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober).
Devido à queda de preços dos produtos agropecuários, a sociedade absorveu do agro, entre 1995 e 2009, uma renda de R$ 837 bilhões, de acordo com a pesquisa. Essa renda veio principalmente do setor pecuarista e dos segmento primário e industrial da agricultura.
O interessante é que o agro foi capaz de transferir essa renda sem perder sua viabilidade econômica. “Essa queda de preços se dá devido ao aumento da produção, gerado pela aquisição de novas tecnologias. Isso significa que a renda perdida pelo agronegócio não afetou sua sustentação”, explica Adriana. “Além disso, o fato da produção apresentar crescimento nesse cenário é um indicador de que as quedas de preço não representaram perda total da rentabilidade das novas tecnologias”, afirma.
Adriana expõe ainda outro motivo para a queda dos preços no País: o avanço da tecnologia e o aumento da produção em escala internacional. “Aliados ao protecionismo dos países mais desenvolvidos, eles geraram uma baixa dos preços em grandes proporções. Ou seja, o desempenho do Brasil não se deu de forma isolada, ele apenas ajustou seus custos ao movimento dos demais países”, explica.
O trabalho conclui que a redução dos preços reais dos produtos agropecuários foi fator primordial na capacidade do poder aquisitivo dos consumidores, em especial, para as famílias de baixa renda – nas quais grande parcela da renda é despendida em alimentos. Por outro lado, há que se garantir que os preços pagos aos produtores remunerem seus esforços, para que desestímulos à produção de alimentos não surjam, o que, em períodos futuros, possa refletir em redução da oferta e consequente elevação dos preços.
Clique aqui para ler a tese na íntegra.

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