quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Importação crescente de leite pode desestimular produtor nacional


Avanço da importação do produto desequilibrou balança comercial do setor

Desde a crise econômico-financeira mundial de 2008, o Brasil perdeu sua posição de exportador de leite e a balança comercial do setor ficou desequilibrada com o avanço da importação do produto. Principalmente o oriundo da Argentina e do Uruguai.
Segundo o copresidente da LBR Lácteos Brasil, empresa resultante da junção da Bom Gosto com a LeitBom, Wilson Zanatta, o país pode retomar sua condição, mas há alguns "percalços" a serem superados, como ampliar a assistência técnica e o esclarecimento aos produtores, utilização de insumos adequados e avançar na utilização da tecnologia na cadeia de produção.
– A importação de leite é crescente e se isso continuar pode desestimular o produtor brasileiro. O grande medo do setor é desestimular o produtor e aí, só depois disso, correr atrás do prejuízo. O ciclo de recuperação de uma bacia leiteira é muito mais longo do que o ciclo de suínos ou aves, por exemplo. É uma questão do governo nos auxiliar em um equilíbrio da balança do segmento – ressaltou o executivo após participar do evento "Tá na Mesa", da Federação das Associações Comerciais e de Serviço do Rio Grande do Sul (Federasul).
Zanatta aguarda um resultado positivo na reunião de representantes do setor privado e do governo brasileiro no próximo dia 28, em Buenos Aires, na Argentina, para discutir a renovação do acordo de limitação voluntária das exportações de leite argentino para o mercado brasileiro.
– Apesar de haver o Mercosul, que permite o livre comércio entre os países-membros, a Argentina limitou a entrada de alguns produtos nossos, o que abriu um precedente para outros setores, como o leite – explicou.
O resultado da reunião pode ser uma ação de impedir o avanço da importação do produto, o que pode estimular o produtor.
Na sua apresentação na Federasul sobre o futuro do agronegócio brasileiro, o copresidente da LBR afirmou que nos próximos dez anos a demanda por alimentos no mundo vai apresentar um crescimento de 20% e o agronegócio brasileiro tem de estar preparado para acompanhar esse mercado, unindo esforços e se articulando.
– Ainda não somos o celeiro do mundo, temos muito a evoluir. É preciso aumentar a produtividade e aproveitar a área disponível no Brasil para melhorar a rentabilidade do agronegócio – afirmou, citando que soja, milho, celulose, álcool e frango são os setores que têm maior potencial de crescimento.
No segmento de lácteos não é diferente. Segundo ele, o consumo per capita brasileiro é de 160 litros/ano, enquanto no Uruguai e na Argentina, por exemplo, a média já chega a 220 litros/ano.
– Precisamos evoluir em lácteos assim como o setor de suínos, frango fizeram e com eficiência. Necessitamos também melhorar a produtividade do rebanho de vacas ordenhadas – lembrou Zanatta.
O executivo informou que o Brasil tem o segundo maior rebanho do mundo, mas também a segunda pior produtividade, com 1,7 mil litros/vaca/ano e o Japão é apenas o 12º maior em rebanho, mas com a segunda melhor produtividade, de 9,3 mil litros/vaca/ano. O Uruguai consegue captar 3,8 mil litros/vaca/ano e a Argentina, quatro mil litros/vaca/ano.

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