sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Brasileiro vai comandar órgão do café


Valor Econômico - 30/09/2011
 

Três meses depois de eleger o agrônomo José Graziano para a presidência da FAO, órgão das Nações Unidas para alimentação, o Brasil conseguiu nomear outro brasileiro para a direção de uma organização internacional: o diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Robério Silva, foi eleito ontem presidente da Organização Internacional do Café (OIC). Economista pela Universidade Federal de Minas Gerais, Robério Silva é um negociador respeitado internacionalmente e tem entre suas prioridades enfrentar os riscos de queda no preço da commodity e incentivar a expansão do consumo do produto.
A eleição de Robério é considerada estratégica pelo Itamaraty. Atuante na área desde o fim dos anos 80, quando foi secretário-geral da Federação dos Produtores de Café, fez parte da comissão do Banco Mundial para apontar soluções para a volatilidade dos preços das commodities. Desde os anos 80 ocupou cargos em diferentes ministérios e na Presidência da República. Na segunda metade dos anos 90, e até 2002, foi secretário-geral, em Londres, da Associação Internacional dos produtores de café.
A campanha para a OIC foi mantida de maneira discreta enquanto o governo dava prioridade a obter a presidência da FAO. Em junho, com o sucesso da campanha vitoriosa de Graziano, o governo passou a dar ênfase à busca de votos para Robério Silva, que teve a candidatura lançada pelo então ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Ele concorria com um candidato mexicano e um indiano.
O Brasil obteve o apoio dos dois maiores produtores de café, o Vietnã e a Colômbia e produtores menores, como Cuba. Passou a buscar apoio dos grandes consumidores na União Europeia, que também fazem parte da organização. Ontem, com a retirada da candidatura mexicana, Robério Silva foi eleito por aclamação. Com estoques baixos e consumo em alta (com um mercado gigantesco, a China, ainda pouco explorado) o café foi uma das poucas commodities a não sentir o impacto do agravamento da crise mundial.
A OIC vinha sendo dirigida interinamente pelo brasileiro José Sette, em substituição ao colombiano Néstor Osório que saiu para um cargo nas Nações Unidas.

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