quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mercosul: segurança alimentar e energética do mundo

Região é capaz de atender necessidades dos emergentes e exigências dos países ricos


Em um mundo emergente ávido por alimentar sua crescente população e outra fatia do planeta cada vez mais preocupada com uma produção que seja sustentável, o Mercosul é capaz de fornecer o que ambos querem.
O bloco de países, que no âmbito do agro tem como peças-chave Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, produz, por exemplo,11% dos grãos e da soja do mundo e exporta 24% dos grãos e da oleaginosa comercializados. Nos últimos cinco anos, a safra de grãos do Mercosul cresceu, em média, 3,5% por ano e a exportação 2,8% anualmente.
Os números, relativos à geração de produtos “verdes” e ao incremento da produção de maneira amigável com o meio ambiente, também são positivos. Isso porque o bloco responde por aproximadamente 7% do total de energia renovável produzida no mundo e 31% da produção de biocombustíveis líquidos.
Além disso, da área disponível para expansão agrícola no mundo, 21% está no Mercosul. Já dá área plantada atual na região, quase metade (46%) foi cultivada com o método do plantio direto, prática agrícola conservacionista do solo e preservacionista dos recursos naturais.
Todos estes dados, extraídos de estudo elaborado com recursos do Fundo Multilateral de Investimento (Fumin), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), foram divulgados nesta terça-feira (27), na capital paulista, durante o seminário “Commodities e Agregação de Valor: a contribuição do Mercosul”, organizado pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Ícone). 

“O agro do Mercosul é fundamental para segurança alimentar e energética do mundo”, disse Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), na abertura do evento. “A região é o maior exemplo de uma agricultura de commodities ancorada em alta tecnologia.”
Dois mundos
Em sua exposição, André Nassar, coordenador da Rede Agro, assinalou que as perspectivas são de forte expansão para o agro do Mercosul, mas lembrou que o bloco terá que lidar com dois clientes bem distintos. “É necessário ter em mente que será preciso atender tanto os países emergentes preocupados com segurança alimentar, quanto Europa e Estados Unidos que cada vez mais apertarão as exigências ambientais.”
Segundo ele, dos cerca de 1,2 milhão de hectares ao ano que o Brasil terá que incorporar à produção agropecuária nos próximos cinco anos, cerca de 80% terá como origem as pastagens degradadas.
Integração 

Também presente ao seminário, Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), pontuou que os países do Mercosul não podem atuar como concorrentes. “Somos parceiros, há uma complementaridade”, enfatizou, acrescentando que a região tem uma condição ímpar para produção agropecuária. “Há terra disponível, recursos hídricos, clima favorável e tecnologia.”
Entretanto, ressalvou que faltam políticas públicas integradas que transformem, em definitivo, estas vantagens comparativas em vantagens competitivas.

A opinião de Turra foi compartilhada pelos palestrantes estrangeiros, que participaram do evento. Para Raul Roccatagliata, diretor da Sociedade Rural Argentina, no Mercosul, até o momento, os interesses nacionais prevaleceram em detrimento aos do bloco. “Existem restrições ao livre comércio dentro do próprio Mercosul.”
Na avaliação de Juan Carlos Muñoz Menna, do Centro de Armadores Fluviais e Marítimos do Paraguai, só com um alinhamento das políticas macroeconômicas dos países-membros é que o Mercosul será efetivamente um bloco comercial integrado.

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