quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Estrangeiros tiram US$2 bi do país em dois dias



Autor(es): agência o globo: Gabriela Valente Vinicius Neder
O Globo - 29/09/2011

Movimento maior de entrada de recursos de exportadores compensou forte saída de investimentos externos

BRASÍLIA e RIO. O Brasil teve uma grande virada no saldo de entradas e saídas de dólares na semana passada. Na conta financeira, que inclui aplicações externas em ações e renda fixa (títulos do governo), além de investimentos estrangeiros diretos (setor produtivo), as retiradas de recursos do país superaram os ingressos em US$2,3 bilhões, sendo US$ 2 bilhões só nos últimos dois dias da semana. O rombo no fluxo cambial total - que abrange também a conta comercial, ou seja, exportações e importações - só não foi maior porque, enquanto os investidores externos tiravam dinheiro do país, os exportadores traziam dólares. Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central (BC).
O saldo comercial da semana ficou positivo em US$1,887 bilhões. E, com isso, no total, o saldo total do fluxo cambial ficou negativo em apenas US$431 milhões na semana passada. Com a moeda americana em alta, os exportadores entraram no país com recursos que mantinham lá fora, à espera de uma oportunidade no câmbio para lucrarem mais. Até o dia 23 deste mês, os exportadores venderam aos bancos US$20,470 bilhões, US$7,789 bilhões a mais do que foi comprado para pagamento de importações. Em todo o mês de agosto, essa diferença ficou em US$6,667 bilhões.
- Não tinha nenhum grande vencimento de bônus ou outra coisa que identificasse o que aconteceu para sair US$2 bilhões na quinta e na sexta. O que a gente sabe é que a tendência do mês é ficar negativo o fluxo financeiro - diz o especialista da BCG/Liquidez, Alfredo Barbutti.
O mês de setembro vem sendo bastante conturbado no mercado financeiro - com o dólar em alta e a Bolsa em queda, devido aos temores em relação às dívidas públicas na Europa e à especulação no câmbio no país.
O diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, também acredita que a tendência de agora em diante é de saída, com multinacionais aumentando remessas e investidores retirando recursos do Brasil para compensar perdas lá fora.
- Em perspectiva, vemos o fluxo cambial tornando-se negativo para o Brasil, tanto no comercial quanto no financeiro.
Dólar volta a subir e
fecha cotado a R$1,837
No mês, esse fluxo financeiro, que inclui ainda empréstimos intercompanhias e remessa de lucros, está positivo em apenas US$295 milhões. É muito pouco se comparado aos US$8 bilhões do saldo geral do mês. O despenho de setembro é o dobro na comparação com o mês anterior. No ano, o resultado acumula quase US$68 bilhões: mais de quatro vezes mais do que o verificado de janeiro a setembro do ano passado.
O dólar comercial interrompeu ontem uma sequência de três quedas e subiu 1,83%, a R$1,837, num dia de estresse com investidores ainda de olho na evolução da crise das dívidas na Europa. A moeda americana acelerou o movimento de alta à tarde, à medida que os mercados dos Estados Unidos e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) aprofundaram a queda. Na máxima do dia, a alta chegou a 2,11%. A alta acumulada no mês é de 15,32% e, no ano, de 10,26%. O dólar turismo avançou 2,10% no Rio, cotado a R$1,94.
Segundo Nehme, falta liquidez no mercado futuro de câmbio e provavelmente o BC terá que atuar novamente, com leilões de swap cambial (equivalente a vendas no mercado futuro).
Bolsa cai 1,21%, com temores em relação à Europa
Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Ibovespa, índice de referência, chegou a subir 1,62% de manhã, mas inverteu de tarde e fechou em queda de 1,21%, aos 53.270 pontos.
Em Wall Street, o Dow Jones recuou 1,61%, o S&P 500 perdeu 2,07% e Nasdaq caiu 2,17%. Na Europa, a expectativa de que credores privados poderiam assumir perdas maiores na reestruturação da dívida da Grécia levou Londres a recuar 1,44%; Paris, 0,92%; e Frankfurt, 0,89%.
- O calote da Grécia continua em pauta - diz Felipe Casotti, gestor de renda variável da Máxima Asset Management.

Man Group despenca

Correio Braziliense - 29/09/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/9/29/man-group-despenca
 

O maior gestor de hedge funds (fundos altamente especulativos) listado em bolsas de valores do mundo, o Man Group, sofreu ontem o impacto conhecido no mercado financeiro como "efeito manada" e, em pouco tempo, viu a cotação de suas ações derreter quase 25%.
O ataque especulativo foi ocasionado pela divulgação de que os clientes do fundo sacaram
US$ 2,6 bilhões líquidos no trimestre encerrado em setembro, em razão da desconfiança na economia global. Para o presidente executivo da companhia, Peter Clarke, "a confiança está claramente abatida e muito do que acontecer a partir de agora será ditado por esse sentimento geral do mercado".
Os saques, efetuados durante o verão no Hemisfério Norte, foram os mais velozes desde o início de 2009, colocando o fundo em situação bastante delicada desde a quebra do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers.
Como movimentam bilhões em recursos, fundos como o Man Group podem desestabilizar rapidamente os mercados financeiros, provocando ondas de pânico. Ontem, as perdas do grupo foram um dos fatores responsáveis pelo fechamento negativo em 1,2% do FTSEurofirst 300, indicador que mede o desempenho das bolsas europeias. O impacto, porém, foi parcialmente absorvido pela recente valorização nos índices da região.

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