quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Como investir em commodities agrícolas?

Especialistas dão as dicas para quem quer entrar neste mercado
Lívia Andrade

O Brasil é um país com vocação agrícola. O agro é um dos carros-chefes da economia nacional, responde por quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB) e 40% das exportações.
Por isso o Sou Agro conversou com especialistas que deram orientações para quem quer ganhar com as oscilações das commodities agrícolas (açúcar, boi gordo, borracha, café, etanol, milho, soja, suco de laranja e trigo), produtos que têm o preço fixado em bolsas de mercadoria e futuro.

“Como no mercado de ações, a palavra-chave é volatilidade, existem tantas oportunidades na alta, quanto na baixa”
, diz Flávio Pimentel, diretor da Trader Brasil Escola de Investidores. Tanto pessoas físicas quanto jurídicas podem investir nesse mercado. Há uma infinidade de possibilidades, mas para quem está começando o melhor são os contratos futuros e de opção negociados em bolsas, como BM&FBovespa e bolsa de Chicago

Há também o mercado de balcão, que negocia mercadoria física, mas é recomendado para aqueles que entendem melhor o setor, porque os contratos são de maior complexidade e menor garantia”, diz Fernando Pimentel, diretor sócio da consultoria Agro Security Gestão de Agroativos.

Começando

O primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora listada na bolsa. Na sequência, o interessado deverá decidir o tipo de derivativo, nome dado as operações do mercado financeiro de commodities. Nos contratos futuros, o investidor compra a commodity ao preço do momento e ela vai sofrendo ajustes diários de preço que são administrados pela corretora. Por isso, é preciso deixar uma margem de garantia, um valor em dinheiro para essas correções.

Já nos contratos de opção, que pode ser de compra ou de venda, a pessoa compra uma opção de commodity em um determinado valor e com o vencimento pré-determinado. “Por exemplo, ele paga para apostar que o preço da soja que ele comprou a R$ 40 vai subir. Se for para R$ 42, ele ganha a diferença. Se cair, ele não perde mais do que eu já pagou”, diz Pimentel.

O valor mínimo de investimento varia de acordo com a commodity e com o tipo de contrato, mas todas as opções estão disponíveis no site da BM&FBovespa.  Como no mercado de ações, o mercado de commodity trabalha com crédito.
O investidor não deposita o valor integral, mas apenas a margem de garantia do contrato, que é determinada pela bolsa. No caso da soja e do milho, os contratos são de 450 sacas cada. Segundos dados da Corretora Souza Barros, a margem de garantia do contrato de milho (CCM11) com vencimento em novembro está em torno de R$ 942

Vale investir em commodities? 

Esta é uma pergunta que cada um tem que responder para si mesmo. As possibilidades de ganhos são altas, mas as de perda também. Tanto o mercado de ações quanto o de contratos agrícolas estão sujeitos a riscos. “Mas no mercado de commodities, os fatores que causam a volatilidade são diferentes. O clima é o principal: uma seca pode diminuir a oferta e levar o aumento de preços”, explica Pimentel. 

Para Silvio Paixão, professor de macroeconomia da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) “é preciso estudar o mercado. A corretora vai dar a opinião dela, mas o investidor tem que conhecer para acatar ou não”.

No ano passado, quem investiu em contratos de café, boi, milho ou soja foi bem sucedido. O café teve alta 79,3% em 2010, enquanto o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) rendeu 1,04% e as ações preferências (PN) da Petrobrás caíram 22,96%

“O importante é a pessoa separar um capital de risco do seu capital necessário para o dia a dia”, diz Lemos. Feito isso, ela pode abrir uma conta numa corretora ou aplicar num fundo que tenha contratos agrícolas. Para quem está procurando diversificar os investimentos, Lemos sugere que a aplicação em commodities não supere 5%.
“Eu tenho um perfil mais ousado, aplicaria 1/3 em commodities, 1/3 em renda fixa e 1/3 em opções”, diz Pimentel. “Mas se a pessoa é mais moderada, eu sugiro 50% em renda fixa, 25% em commodities e 25% em opções; já para os conservadores, o ideal é ficar só com renda fixa”, finaliza Pimentel.

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