quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Novo mapa do leite



Produção de leite deslancha no Nordeste
Autor(es): Por Murillo Camarotto | De Imperatriz e Ribamar Fiquene (MA)
Valor Econômico - 29/09/2011

A produção de leite no Nordeste cresceu 89,5%, muito acima dos 54,8% da média nacional. Depois de aceitar a contragosto 13 vacas leiteiras como pagamento de uma dívida, Renato José Pereira acabou se tornando, dez anos depois, um dos maiores produtores do sudeste do Maranhão

Cansado de um credor que o "enrolava" havia alguns meses, o empresário mineiro Renato José Pereira acabou aceitando, relutante, 13 vacas leiteiras como pagamento da dívida. Na época, 2002, ele ainda era "carne nova" no sudeste do Maranhão, onde começava a criar gado de corte. Quase dez anos depois, Pereira é um dos principais produtores da região que recentemente passou a ser chamada, com um certo exagero, de "nova fronteira do leite no Nordeste". Luminosidade elevada, solo de boa qualidade e período seco curto (entre três e quatro meses no ano) favorecem a pecuária leiteira.
Puxada pelo crescimento do consumo das famílias, a produção de leite nordestina aumentou 89,5% entre 2000 e 2010, bem acima dos 54,8% da média nacional. No período, os Estados da região colocaram 2 bilhões de litros de "leite novo" no mercado brasileiro, quase o mesmo volume acrescentado pelo Sudeste, o maior produtor do país. O cenário positivo tem incentivado investimentos de laticínios regionais.
A principal bacia leiteira do Maranhão está na chamada região tocantina, próxima às divisas com Tocantins e Pará e distante mais de 500 quilômetros da capital, São Luís. A fazenda Medalha Milagrosa fica em Ribamar Fiquene. De lá saem todos os dias, em média, 950 litros de leite, volume que, apesar de não saltar aos olhos, põe Pereira entre os maiores da região. "A produção aqui ainda é muito picada. Tem gente que vende três litros por dia", conta Osmani Ferreira, gerente do laticínio Palate, o mais importante do Maranhão.
Segundo estimativas da Embrapa, o Maranhão produziu quase 362 milhões de litros no ano passado, o quarto maior volume do Nordeste. Nos últimos anos, porém, o Estado vem ampliando sua fatia no bolo da produção regional, assim como Bahia (1,3 bilhão de litros) e Pernambuco (861 milhões de litros), os dois maiores produtores. Já o Ceará, o terceiro, com 445 milhões de litros, perde espaço. Segundo Alexandre Ataíde, presidente do Sindicato das Indústrias de Leite e Derivados do Maranhão (Sindileite), a previsão é de um aumento de 15% no volume beneficiado este ano sobre 2010.
"É importante lembrar que viemos de uma base pequena, o que explica parte desse crescimento elevado. As principais bacias já estavam desenvolvidas nos anos anteriores, enquanto que o Maranhão estava muito aquém", diz. A formalização de muitos produtores, especialmente os menores, também ajuda a engordar os números do Estado.
É o caso de Serafim Araújo, que além de produtor de leite é dono de uma mercearia. Há pouco mais de um ano, ele ainda vendia na porta do estabelecimento os cerca de 250 litros tirados por dia em sua fazenda, em Imperatriz. Com o aperto da fiscalização, passou a entregar o leite à Palate, que chegou à cidade em fevereiro de 2010. "Antes conseguia mais de R$ 1 por litro. Agora não passa de R$ 0,70", queixa-se, carrancudo.
Já para Renato Pereira, a instalação da Palate, controlada pelo grupo paulista CBA, foi o divisor de águas da bacia leiteira local. "A história mudou, passou a ter mais seriedade a produção. Pagamento em dia, preço justo. Antes, o produtor era refém dos laticínios pequenos", recorda o fazendeiro, hoje com um rebanho de 150 animais da raça Girolando. "Até um ano e meio atrás, pagavam R$ 0,30 no litro do leite, o que não compensa nem você dar o que comer à vaca. O produtor não investia", acrescenta ele, que diz ter aplicado R$ 500 mil no negócio de leite.
Com capacidade para beneficiar 130 mil litros por dia, a Palate compra de mais de mil produtores espalhados em 21 cidades da bacia de Imperatriz. A coleta só é feita nas 350 fazendas que têm os tanques de resfriamento fornecidos pela empresa.
Ainda se preparando para sua estreia no setor leiteiro, a Sabe Alimentos, do grupo Albano Franco, de Sergipe, já distribuiu 135 tanques de resfriamento. A empresa investe R$ 80 milhões em uma planta com capacidade para 330 mil litros diários em Muribeca, a 72 quilômetros de Aracaju. Vai produzir leite longa vida, iogurtes, leite condensado, creme de leite e bebidas lácteas.
O diretor-executivo da empresa, Albérgio Lima, acredita que todo o leite para a operação poderá vir de Sergipe, onde a produção cresceu 170% nos últimos 10 anos. "Há um ano e meio estamos desenvolvendo nossos fornecedores com investimentos em infraestrutura, na higiene da ordenha, nos insumos e utensílios e em genética, na qual cada propriedade recebe treinamento para inseminação e botijão com 30 doses iniciais de sêmen", detalhou o executivo, por e-mail.
Segundo maior produtor do Nordeste e oitavo do país, Pernambuco é onde se verificam os maiores índices de crescimento da produção de leite, que triplicou entre 2000 e 2010, especialmente no agreste do Estado. O avanço pode ser explicado em parte pelo elevado consumo de queijo no Estado, o maior do Nordeste. De acordo com o Sebrae, os pernambucanos gastam cerca R$ 25 milhões por mês com queijo. Na Bahia, com população 60% maior, o gasto mensal fica em torno de R$ 16,5 milhões.
Atento ao cenário promissor, o laticínio Faco, instalado em Ribeirão, a 90 quilômetros do Recife, investe no aumento da produção de queijos, entre os quais mussarela, fresco, coalho e minas. O proprietário, Horácio Franca Corrêa, espera dobrar até o início de 2012 a capacidade de beneficiamento, hoje de 15 mil litros/ dia.
Na Bahia, principal produtora de leite do Nordeste, os laticínios mais importantes também investem em expansão, segundo Francisco Benjamin Filho, gerente de programas do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O problema no Estado, contudo, é a produtividade do rebanho, a segunda pior do Nordeste. Segundo o IBGE, cada vaca baiana produziu 555 litros de leite em 2009, contra uma média nacional de 1.297 litros.
"Dois terços da área do Estado da Bahia estão no semi-árido, uma região sem recursos e sem clima para a produção de leite. Lá é que a gente encontra a famosa vaca "pé duro", como é conhecido o animal adaptado a esse meio", explica Benjamin.
O período sem chuvas é crítico para a cadeia do leite, pois a pastagem seca não oferece ao animal os nutrientes necessários à produção. Por esse motivo é fundamental que os produtores invistam na estocagem de alimentos, o que ainda é raro no Nordeste. "O produtor tem que fazer sua parte, com genética e alimentação. Sem suplemento alimentar, a produção cai estupidamente no tempo seco", concorda o secretário de Desenvolvimento Econômico de Imperatriz, Sabino Costa.
Sem se preocupar com "essas coisas de nutriente", Serafim Araújo viu cair pela metade o volume de leite produzido por suas vacas no último ano. "Eu tirava bem mais antes. Agora elas tão fraquinhas demais, meu filho", lamenta.


Avançam os aportes no setor de equipamentos

Valor Econômico - 29/09/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/9/29/avancam-os-aportes-no-setor-de-equipamentos

O crescimento das bacias leiteiras do Nordeste despertou o senso de oportunidade de empresários locais, que começam a investir em outros elos da cadeia produtiva, especialmente os de nutrição e equipamentos. Segundo Alexandre Rodrigues Alves, gerente do Sebrae responsável por um estudo sobre a produção de leite no Nordeste, a região precisa ter uma presença mais abrangente na cadeia.
"Com esse crescimento do consumo, é importante que a produção de insumo, tecnologia e equipamentos também seja local. Hoje vem muito de fora. Além do que, o Nordeste ainda é importador de leite e derivados, especialmente as grandes capitais. Isso representa uma oportunidade grande para os produtores locais, que ainda só atendem seus arredores", diz.
Em Imperatriz, o fazendeiro Renato José Pereira articula com potenciais parceiros um investimento na comercialização de maquinário para ordenha mecânica e de suplemento alimentar.
A 1.300 quilômetros dali, em Afogados da Ingazeira, no sertão pernambucano, o empresário Miguel Camilo também está apostando no crescimento da cadeia do leite no Estado. Sua Metalúrgica Brotas, especialista em máquinas em inox, deixou de fabricar equipamentos para beneficiamento de milho para entrar no promissor mercado dos pasteurizadores compactos.
Ele conta que o novo negócio surgiu de uma recomendação do próprio Sebrae, que além da dica o apresentou a potenciais clientes. "Hoje estou fornecendo para Sergipe e Maranhão, além de Pernambuco, é claro".

Longa vida receberá investimentos de mais de R$ 1 bi

Autor(es): Por Luiz Henrique Mendes | De São Paulo
Valor Econômico - 29/09/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/9/29/longa-vida-recebera-investimentos-de-mais-de-r-1-bi

Motivado pelo crescimento da renda das famílias brasileiras, as indústrias de leite longa vida devem realizar o maior investimento da história do setor em 2011: mais de R$ 1 bilhão entre ampliações e construção de novas plantas. Essa é a estimativa do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV), Laércio Barbosa. "Não temos os números dos outros anos, mas pela nossa experiência é o maior investimento da história", afirmou.
Segundo ele, as vendas de leite longa vida, que representa 76% do total de leite fluido consumido no país, devem crescer 4% neste ano, para 5,7 bilhões de litros.
Apesar dos resultados positivos, com vendas em alta e investimentos em patamares históricos, o setor não consegue acompanhar o crescimento forte do consumo no país, intensificando as importações de lácteos. "Nossa produção não acompanhou o crescimento da demanda", reconhece Barbosa, para quem o déficit da balança de lácteos também será recorde neste ano, chegando a US$ 600 milhões. Entre janeiro e agosto de 2011, disse ele, o setor já acumulou déficit de US$ 300 milhões.
Ainda que as importações sejam estimuladas pela demanda nacional, Barbosa responsabiliza o câmbio apreciado por parte do déficit da cadeia de lácteos.
Segundo ele, o leite produzido no Brasil custa US$, 0,60 por litro, enquanto em países como Argentina, Uruguai e Nova Zelândia o custo é de US$ 0,40 por litro. Na visão do dirigente, um dólar na casa de R$ 1,50 "não é um valor real para o câmbio brasileiro" e a recente desvalorização da moeda nacional é "extremamente benéfica".
Em meio à demanda firme, os preços do leite devem continuar em alta. Para o economista Alexandre Mendonça de Barros, sócio-diretor da MB Agro, o produto nacional sofrerá pressões altistas por conta do clima seco que prejudica a produção em Goiás, Mato Grosso e no norte do país.
Na opinião do economista, os produtores de leite no país serão "fortemente desafiados pela concorrência com os grãos e a cana-de-açúcar", cuja área plantada deve crescer. "Tem muita gente dizendo que Goiás vai diminuir sua produção de leite".

Persiste impasse com Argentina em lácteos

Autor(es): Por Cesar Felício | De Buenos Aires
Valor Econômico - 29/09/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/9/29/persiste-impasse-com-argentina-em-lacteos

Os produtores de leite da Argentina rechaçaram a proposta brasileira de aumentar a cota mensal de exportações de leite em pó para o Brasil de 3,3 mil para 3,6 mil toneladas, com a fixação de 600 toneladas mensais para queijos. A proposta, essencialmente a mesma que o setor privado de ambos os países já havia debatido em reunião em agosto em Porto Alegre, foi discutida ontem em encontro na secretaria de Comércio Interior da Argentina, em Buenos Aires.
Com a manutenção do impasse, a entrada de produtos argentinos continua limitada ao volume da antiga cota, expirada desde o fim de abril, após dois anos de vigência. "A proposta é inaceitável, sobretudo pelo estabelecimento de uma cota para o queijo, que é um produto final, e não um insumo para a indústria. Além disso, o volume proposto é ridículo: representa menos de 1% do mercado brasileiro de queijo", afirmou o gerente geral do Centro da Indústria do Leite da Argentina, Jorge Secco.
Os produtores brasileiros estão negociando em uma posição vantajosa, dado o pouco interesse do governo argentino em transformar a disputa em um tema da agenda bilateral entre os dois países. Segundo um dos negociadores brasileiros, o representante da Confederação Nacional da Agricultura, Rodrigo Alvim, "os governos participam apenas como espectadores". "O que gostaríamos de entender é por que as coisas estão acontecendo desta maneira", queixou-se Secco.
A cota fez com que a participação argentina no total importado pelo Brasil caísse de 70% para 50%. O espaço foi ocupado por exportadores do Uruguai e do Chile, que vendem para o Brasil sem cota, mas que têm menos excedentes para exportações. Embora a produção brasileira este ano deva ter um ligeiro crescimento, atingindo 30,2 bilhões de litros, segundo a CNA, as importações também estão em alta: no primeiro semestre do ano atingiram 85 mil toneladas, ante 113 mil toneladas importadas durante todo 2010.
A produção argentina também é crescente e deve chegar em 2011 a 11 bilhões de litros. Cerca de 80% desse total é destinado ao mercado interno. Considerando todos os derivados da cadeia láctea, o volume das exportações argentinas é consideravelmente superior a 3 mil toneladas mensais da cota do leite em pó. Segundo dados da própria Câmara argentina do leite, em 2010 foram exportados ao Brasil 86,5 mil toneladas, o que resulta em uma média mensal de 7, 2 mil toneladas.

Exportações de lácteos chilenos aumentaram em 33% no período de janeiro a agosto

postado há 4 horas e 20 minutos atrás

As exportações de produtos lácteos chilenos alcançaram um total de US$ 135,9 milhões de janeiro a agosto de 2011, com um aumento de 33% com relação ao mesmo período de 2010, segundo informou a Oficina de Estudos e Políticas Agrárias (Odepa).

O diretor da Odepa, Gustavo Rojas, disse que "a causa desse aumento foi a combinação de crescimento nos volumes colocados e o aumento dos preços". Ele detalhou que "as perspectivas do setor leiteiro são positivas e, além de um aumento das exportações, espera-se que em 2011 o consumo de leite no Chile aumente para aproximadamente 140 litros equivalentes, alcançando um recorde histórico".

Os principais produtos lácteos exportados de janeiro a agosto de 2011 foram leite em pó integral (US$ 46,3 milhões), leite condensado (US$ 32,9 milhões), queijos (US$ 30,4 milhões), leite em pó desnatado (US$ 5,9 milhões).

Os países de destinos mais importantes dos produtos lácteos chilenos foram México (23%), Venezuela (16%), Brasil (12%), Estados Unidos (8%), Peru (7%), China (6%), Colômbia (4%), Coreia do Sul (4%), Costa Rica (4%) e Argélia (3%). A reportagem é do www.elmostrador.cl.

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