sábado, 24 de setembro de 2011

Empresa de menor porte ganha espaço nos investimentos de fundos de pensão


Autor(es): Altamiro Silva Junior
O Estado de S. Paulo - 24/09/2011
 

Volatilidade alta no mercado de capitais vem fazendo com que os fundos de pensão invistam em empresas com menor liquidez na bolsa
 de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO e FLORIANÓPOLIS -
Com a alta volatilidade da bolsa, os fundos de pensão resolveram reforçar as apostas em ações de empresas de menor porte, as small caps. Tradicionais compradores de ações mais líquidas, como da Petrobrás e da Vale, os fundos estão se reunindo com empresas e analistas em busca de ações com potencial de valorização para melhorar os ganhos com a renda variável. As small caps, como são papéis com menor liquidez, costumam ser menos voláteis.
O interesse por esses papéis ocorre em um momento ruim para os fundos de pensão. Nenhuma fundação deve bater a meta atuarial em 2011, segundo estimativas da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar).
Mesmo no cenário mais otimista desenhado pela Abrapp, com a bolsa fechando o ano em 70 mil pontos, a previsão é de que os fundos tenham rentabilidade inferior à variação do INPC mais 6%, meta de rentabilidade da maioria deles. Somente em 2008 é que os fundos não conseguiram superar a meta. Os fundos de pensão têm nada menos que R$ 545 bilhões de ativos aplicados no mercado financeiro, dos quais R$ 174 bilhões estão na bolsa.
O índice da Bolsa de Valores de São Paulo formado só por ações de empresas de menor porte (o índice de small caps) acumula queda de 12% nos últimos 12 meses, resultado melhor que o Ibovespa, o principal índice da bolsa, nesse período (queda acumulada de 23%).
Consultados pela Agência Estado, os executivos responsáveis pela carteira de investimento de vários fundos de pensão citaram alguns papéis que consideram interessantes. Entre algum dos nomes citados, estão Odontoprev, Kroton Educacional, Fleury, SulAmérica, Lojas Marisa, Multiplus.
Mercado interno. "Na bolsa, estamos procurando papéis principalmente ligados ao mercado de consumo interno", destaca Carlos Costa, diretor financeiro da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, que conta com ativos de R$ 53 bilhões - dos quais 35% estão aplicados na bolsa. É em empresas ligadas a esse segmento que o executivo acredita estarem as maiores oportunidades em tempos de bolsa volátil. "Muitas empresas foram castigadas e estão com preços atrativos."
De acordo com o executivo, a Petros tem estratégias diferentes para aplicar na bolsa. Uma delas é comprar papéis de empresas como investimento de longo prazo, com participação maior e até assento no conselho de administração. É o caso, por exemplo, da BRF - Brasil Foods, Petrobrás e da Ultrapar. A outra é buscar oportunidades de ganho no dia a dia do pregão, atrás de pechinchas. Nesse caso, estão incluídas as empresas de menor porte.
A CSU CardSystem, empresa que faz processamento de operações com cartões de crédito e débito, tem reuniões agendadas na próxima semana com alguns fundos de pensão em Brasília. "Vimos que os fundos estão interessados em ações de empresas menores e resolvemos fazer algumas apresentações", diz a diretora de relações com investidores da CSU, Mônica Molina.
Na avaliação de Mônica, um dos atrativos da CSU é exatamente o fato de a empresa operar com cartões, mercado que vem crescendo cerca de 20% ao ano há mais de dez anos. Há pouco mais de um ano, a CSU lançou uma plataforma para prestar serviços para novas empresas que entrarem no mercado de credenciamento de lojistas para bandeiras de cartões.
Novas alternativas. Eustáquio Lott, presidente da Valia, fundo de pensão dos funcionários da Vale, entende que, nesse novo cenário econômico, com juros em queda e bolsa oscilando, os fundos terão mesmo de buscar novas alternativas de investimento. Entre essas alternativas estão as ações de empresas menores e outras opções de papéis emitidos por empresas, como debêntures. A Valia tem ativos de R$ 14 bilhões. "Vai ser muito difícil superar a meta (atuarial) este ano", disse Lott.
O Metrus, fundo de pensão dos funcionários do Metrô de São Paulo, com R$ 1,2 bilhão em ativos, também está aplicando em empresas de menor porte. A fundação pode comprar os papéis tanto de forma direta, via corretora, quanto por meio de aplicação em fundos de investimento dedicados a small caps, segundo seu presidente, Fábio Mazzeo. "São papéis interessantes e com potencial de valorização", disse o executivo.

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