Autor(es): Por Marcelo Mota* | De Florianópolis |
Valor Econômico - 20/09/2011 |
Os fundos de pensão procuram um destino para aplicar R$ 90 bilhões. Nos cálculos da Associação Brasileira das Entidades de Previdência Complementar (Abrapp), esse é o valor que será liberado na carteira das fundações nos próximos quatro anos com o vencimento de títulos públicos. Segundo o presidente da Abrapp, José de Souza Mendonça, como esses papéis já não oferecem rentabilidade capaz de bater as metas atuariais das fundações a médio e longo prazo, os gestores estão em busca de alternativas. Mas o cuidado com o risco da carteira põe em xeque as opções disponíveis hoje. "Tem que ter segurança", disse Mendonça, referindo-se à opção dos títulos de dívida privados. Conforme o consolidado estatístico da carteira das 368 fundações que compõem a Abrapp, no fim de março os créditos privados e depósitos respondiam por 4,7% dos R$ 545 bilhões investidos pelos fundos de pensão, apenas um naco dos quase 59,8% aplicados em renda fixa. Em renda variável estavam aplicados 31,8% do total. Na visão da Abrapp, a cautela quanto ao risco e o receio quanto à rentabilidade futura da carteira também inibem a aplicação em infra-estrutura, geralmente feita via investimentos estruturados, que no balanço da entidade respondem por 2,6% da carteira. Em imóveis, atualmente com 3,1% do patrimônio investido, há segurança, mas falta liquidez e disponibilidade de ativos para compra. Mesmo sem mudar muito essa distribuição e com o número de entidades que reúne hoje, a Abrapp estima que a poupança gerada pelos fundos, hoje equivalente a 15% do Produto Interno Bruto (PIB), alcance 30% do PIB em 2021. A estimativa é considerada conservadora pela associação, que levou em conta uma valorização média anual de 16% para a bolsa no período e um crescimento da economia entre 3% e 3,5% ao ano. O binômio formado pela trajetória decrescente do juro básico e pela perspectiva de inflação mais elevada jogaram por terra as pretensões dos fundos de pensão de baterem suas metas de rentabilidade. "Acho que este ano ninguém bate", disse o presidente da Abrapp no primeiro dia do congresso anual da entidade. Resultantes de uma combinação de índices de preços ao consumidor com uma taxa fixa anual que oscila entre 5% e 6%, as metas atuariais tornaram-se ainda mais difíceis de alcançar após o corte de 0,50 ponto percentual efetuado na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu a taxa básica a 12% ao ano. Também como consequência, a inflação projetada por participantes de mercado voltou a subir, conforme o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central. Agora o mercado estima uma taxa de 6,46% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. A Abrapp fez três simulações para a rentabilidade média das carteiras das fundações em 2011. Na melhor, que considera o Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa, a 70 mil pontos no fim do ano, a rentabilidade média iria a 10,09%. No cenário moderado, com Ibovespa a 55 mil pontos em dezembro, os ativos das fundações avançariam 2,57% em 2011. E se o Ibovespa cair a 40 mil pontos, as carteiras encolherão 3,55%. |
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Fundos de pensão buscam destino para R$ 90 bi
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