Autor(es): Por De Rosario |
Valor Econômico - 16/09/2011 |
O perfil exportador da Argentina na cadeia da soja nos próximos anos deverá se aproximar do modelo brasileiro, que agrega menos valor às exportações. Para a indústria de óleos vegetais no país, que mantém na região de Rosario o segundo maior parque esmagador de soja no mundo, o mercado interno passará a ser um vetor importante de crescimento, com o desenvolvimento do biodiesel. O panorama pessimista foi traçado ontem pelo diretor executivo da associação da indústria de óleo vegetal argentina (Ciara), Alberto Rodríguez, durante um Congresso da cadeia de soja em Rosario. Hoje, a Argentina consegue um rendimento superior ao brasileiro com as exportações do setor, devendo faturar este ano cerca de US$ 26 bilhões, ou 30% do total das vendas argentinas ao exterior, graças ao fato de o país industrializar 81,1% da produção. Este ano, a safra será de 49 milhões de toneladas e a safra 2011/12 deverá atingir 53 milhões, segundo levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A Argentina é o terceiro maior produtor de soja do mundo, depois de Estados Unidos e Brasil. O perfil já está mudando em função de dois fatores: o crescimento de vendas para a China e a elevação dos custos de produção. "Nos últimos quatro anos, o dólar teve correção da ordem de 40%, mas os salários subiram 348% e a energia elétrica, 155%. A margem bruta caiu 66% e a líquida, 106%", afirmou Rodríguez. A China limitou compras de óleo e farinha de soja da Argentina há dois anos, como forma de fomentar a industrialização nacional. As exportações de óleo argentino despencaram de US$ 2,2 bilhões em 2007 para apenas R$ 264 milhões em 2010. O uso da capacidade instalada do parque esmagador de 172 mil toneladas de soja por dia caiu de 82,8% para 76,1% entre 2007 e 2010. A capacidade de esmagamento chinesa já supera a da Argentina, com 242,4 mil toneladas diárias. "Este aumento da capacidade lá vai se traduzir aqui com a exportação cada vez maior de grãos", comentou. Internamente, o biodiesel é uma saída. A produção já supera 1 milhão de toneladas e deve chegar a 3,5 milhões de toneladas até 2015. "O esmagador terá outra opção e o biodiesel será uma fortaleza fantástica", afirmou o presidente da Associação Argentina da Cadeia da Soja (Acsoja), Miguel Calvo. Conforme ele, outro fator importante é a mudança do padrão alimentar argentino. O consumo de carne de frango dobrou nos últimos oito anos para 38 quilos per capita ano. "A Argentina exporta 90% de seu farelo de soja, distante do Brasil que destina 40% ao mercado interno. Mas a tendência de crescer segue na mesma proporção do aumento do consumo de aves e agora de carne de porco, já que reduziram-se as importações de carne brasileira". |
sábado, 17 de setembro de 2011
Menos valor agregado nas exportações argentinas
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