Autor(es): André Magnabosco |
O Estado de S. Paulo - 28/07/2011 |
Com a aquisição de quatro unidades da Dow Chemical, sendo duas nos EUA e duas na Alemanha, companhia brasileira se torna a maior fabricante de polipropileno em território americano e se consolida entre as cinco maiores petroquímicas do mundo A Braskem deu ontem mais um importante passo para se consolidar como uma das maiores petroquímicas do mundo. Principal fornecedora de resinas utilizadas na produção de plásticos do Brasil, a companhia controlada pela Odebrecht e pela Petrobrás anunciou a aquisição de quatro fábricas de polipropileno (PP) da Dow Chemical (duas nos Estados Unidos e duas na Alemanha). Com isso, a empresa se tornará líder do mercado americano de polipropileno. Concluída a operação, avaliada em US$ 323 milhões e ainda sujeita à aprovação dos órgãos reguladores competentes, a fabricante brasileira também ingressará no grupo das cinco maiores petroquímicas do mundo em capacidade de produção de resinas. Criada em 2002, a Braskem era um player regional até o início do ano passado, quando a aquisição da Quattor e das fábricas de polipropileno da Sunoco nos Estados Unidos a impulsionaram à condição de uma das dez maiores fabricantes de resinas termoplásticas do mundo e maior petroquímica das Américas. A capacidade de produção anual de resinas termoplásticas saltou de 3,595 milhões de toneladas para 6,4 milhões de toneladas após as aquisições. O ingresso no mercado americano aproximou a Braskem de outras petroquímicas. A companhia brasileira passou a analisar alternativas de aquisição e construção de fábricas nos EUA e, após outras negociações não concluídas, o acordo com a Dow foi definido. Assim que o acerto for consumado, a capacidade de produção da Braskem irá mais do que duplicar em relação ao patamar do início de 2010, para aproximadamente 7,5 milhões de toneladas anuais, sendo quase 7 milhões de toneladas nas Américas e 545 mil toneladas na Europa. Expansão. A capacidade da companhia deverá crescer nos próximos anos. A Braskem é uma das sócias responsáveis pela construção de um polo petroquímico no México e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), entre outros projetos. Além disso, a companhia permanece atenta a novas oportunidades de aquisição nos Estados Unidos e já está em fase de estudos a respeito da possível construção de uma central petroquímica no país. Essas alternativas garantem à Braskem acesso a matérias-primas mais competitivas, como o shale gás disponível nos Estados Unidos ou o gás natural existente no México, e também a diferentes ambientes de negócios. "A aquisição de ativos da Dow representa nossa entrada na Europa, e acreditamos que não há melhor maneira de entrar no mercado do que pela aquisição de ativos dessa qualidade", destacou o presidente da Braskem, Carlos Fadigas. As quatro fábricas negociadas com a Dow estão localizadas em Freeport e Seadrift, no Texas, e nos complexos de Wesseling e Schkopau, em território alemão. Juntos, os ativos têm capacidade instalada de 1,050 milhão de toneladas e resultarão em sinergias no total de US$ 140 milhões em valor presente líquido. A aquisição das quatro fábricas por US$ 323 milhões (o acordo não envolve dívidas da Dow) é, em uma análise preliminar, um negócio atrativo para a companhia. Em 2010, a compra das três fábricas de PP da Sunoco nos Estados Unidos foi concluída por US$ 350 milhões, montante já inferior ao investido pela Braskem para a construção de uma única fábrica de PP em Paulínia, interior de São Paulo. Para Fadigas, o êxito na negociação foi possível graças à decisão da companhia de "escolher o melhor momento" para a aquisição. A geração de caixa das quatro fábricas adquiridas da Dow é de US$ 51 milhões, ou pouco menos de R$ 100 milhões. |
Líder com ativos da Dow, Braskem olha polietileno nos EUA
Autor(es): Mônica Scaramuzzo | De São Paulo |
Valor Econômico - 28/07/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/7/28/lider-com-ativos-da-dow-braskem-olha-polietileno-nos-eua |
Petroquímica: Grupo, ao assumir dianteira em PP no território americano, mantém apetite por aquisições A estratégia de expansão da Braskem em polietileno deverá ser um pouco diferente da adotada em PP. Atualmente, a produção de PE do grupo é da ordem de 3 milhões de toneladas, 100% concentrada no Brasil. A meta é dobrar essa produção em cinco anos. Os projetos incluem o Comperj, estimado entre 1 milhão e 1,3 milhão de toneladas ao ano, e no México, de 1,05 milhão, em investimento de US$ 2,5 bilhões. Mais pulverizado que o mercado de polipropileno - que agora conta nos EUA com 10 produtores após a compra dos ativos da Dow -, há várias fábricas americanas de PE em operação nas mãos de vários grupos e muitas dessas unidades estão desativadas, sobretudo, após a crise de 2008. São justamente essas unidades paralisadas que interessam à Braskem. "Há muitos sites antigos nos EUA, com acesso estratégico a ferrovias e hidrovias e com licenças de operação", afirmou. O namoro da Braskem com o mercado americano é bem antigo. "Olhamos os EUA desde 2005", disse o executivo. Em 2009, os ativos da Dow estiveram na mesa da Braskem, mas a petroquímica nacional fechou no início de 2010 a compra de três unidades da Sunoco, marcando sua estreia nos EUA. As negociações com a Dow retomaram no início deste ano. Os US$ 323 milhões serão pagos com recursos em caixa da Braskem. Se tivessem que construir duas fábricas de PP do zero ("greenfield"), os desembolsos da petroquímica ficariam entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão. Fadigas lembra, ainda, que o negócio é bem maior, uma vez que inclui toda a carteira de cliente da companhia. As operações americanas da Dow estão em Freeport e Seadrift, no Texas, e juntas têm capacidade anual de produção de 505 mil toneladas, o que representa um aumento de 50% na capacidade de produção de PP da Braskem nesse país, para 1,425 milhão de toneladas anuais. As outras fábricas da Braskem, que pertenciam à Sunoco, também estão próximas ao Texas, o que dá uma sinergia de cerca de US$ 140 milhões ao negócio. Segundo Fadigas, a Braskem não tem interesse, neste primeiro momento, de fazer aquisições na Europa. Com as duas unidades adquiridas da Dow na Alemanha, localizadas em Wesseling e Shckopau, com capacidade anual de 545 mil toneladas, a Braskem vai sentir o mercado de resinas europeu. "Será nossa curva de aprendizagem." Desde o início do ano passado, a Braskem mais do que dobrou de tamanho somente com aquisições - os negócios incluem a Dow, Sunoco e Quattor, sendo as duas últimas em 2010. A produção de resinas da companhia totaliza 7,5 milhões de toneladas, saindo da 8ª posição global para ficar entre as cinco maiores do mundo. Apesar dos negócios fechados fora do Brasil, Fadigas garante que os investimentos da companhia deverão se concentrar no Brasil. A empresa deve definir um investimento em acrilatos no polo de Camaçari (BA) nos próximos meses e as novas plantas de resina verde. O grupo está investindo cerca de R$ 1 bilhão em Alagoas em uma fábrica de PVC e de butadieno (matéria-prima para borracha) no Rio Grande do Sul, em torno de R$ 300 milhões. |
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