sábado, 23 de julho de 2011

Dívida pública cresce 3,8% em junho

Autor(es): Azelma Rodrigues | De Brasília
Valor Econômico - 22/07/2011

Depois de subir em maio, a participação de investidores estrangeiros na dívida pública interna brasileira em títulos voltou a cair em junho. Saiu de 11,45% para 11,11% do estoque de R$ 1,729 trilhão da dívida, correspondendo a R$ 192,14 bilhões, informou o Tesouro Nacional.
A parcela de não-residentes sofre oscilações desde o fim de 2010, quando o governo impôs barreiras na entrada de aplicações em títulos de renda fixa, tributando com a alíquota de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Segundo relatório divulgado ontem, o estoque da dívida pública mobiliária federal interna (DPMFI) cresceu 3,86% em junho, para R$ 1,729 trilhão. O avanço está relacionado com a emissão líquida no valor de R$ 48,6 bilhões, somado à apropriação de juros no valor de R$ 15,65 bilhões.
A parcela referenciada na taxa Selic caiu de 35,14% em maio para 33,12% em junho, equivalente a R$ 572,88 bilhões. A parcela prefixada subiu de 37,43% em maio para 39,10% em junho, somando R$ 676,29 bilhões. A dívida atrelada a índice de preços evoluiu de 27,97% do total em maio para 28,14% em junho, equivalente a R$ 486,66 bilhões.
Já na parcela atrelada a câmbio, o Tesouro ficou credor em R$ 6,37 bilhões ou 0,37% da dívida total, contra uma posição também credora em maio, de 0,54% do total da dívida.
O coordenador-geral da Dívida Pública no Tesouro Nacional, Fernando Garrido, afirmou que as tensões no cenário internacional não têm gerado pressões sobre o custo da rolagem da dívida pública. "Não observamos nenhum impacto com relação às taxas no que se refere a nossos leilões aqui dentro", comentou Garrido. No passado, lembra, tais tensões geravam, pelos investidores, exigência de juros maiores para a rolagem da dívida interna. Agora, segundo Garrido, valem "os bons fundamentos da economia brasileira". Em junho, o Tesouro informou que o custo médio da dívida interna acumulado em 12 meses subiu para 12,36%, ante 12,30% em maio.
As emissões de títulos somaram R$ 71,17 bilhões no mês passado, incluindo R$ 30 bilhões para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dirigido ao Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Os resgates do mês atingiram R$ 22,57 bilhões, sendo R$ 17,75 bilhões em vencimentos de junho, a maior parcela em títulos atrelados à taxa básica Selic (R$ 17,11 bilhões em LFT).

Dívida vai a R$ 1,8 tri

Autor(es): Vera Batista
Correio Braziliense - 22/07/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/7/22/divida-vai-a-r-1-8-tri

O total da dívida pública federal subiu 6,58% no primeiro semestre de 2011, passando de R$ 1,69 trilhão para R$ 1,80 trilhão. O salto de R$ 111,3 bilhões, segundo o Tesouro Nacional, ocorreu, principalmente, por conta do pagamento de juros, no total de R$ 97,98 bilhões — um claro reflexo do combate à inflação. De maio para junho, a alta foi 3,39%, o equivalente a R$ 59,14 bilhões, montante formado pela emissão líquida de R$ 43,31 bilhões — dos quais R$ 30 bilhões engordaram o caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) — e juros de R$ 15,84 bilhões.
Pelo terceiro ano consecutivo, o Tesouro destina recursos ao BNDES com dinheiro público a juros subsidiados. Em 2009 e em 2010, foram injetados mais de R$ 200 bilhões no banco. "Esta foi a primeira parcela, do total a ser destinado este ano, de R$ 55 bilhões", explicou Fernando Garrido, coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro.
De maio a junho, a dívida interna subiu 3,86% (de R$ 1,66 trilhão para R$ 1,72 trilhão), enquanto o estoque da externa caiu 6,29%, de R$ 81,08 bilhões para R$ 75,97 bilhões. Apesar do aumento, o perfil da dívida total mudou para melhor, porque o governo conseguiu reduzir prazos, abater a dívida externa e retirar de circulação papéis com juros pós-fixados (que dependem das flutuações futuras do indicador que remunera o título). "Os resgates de LTFs (Letras Financeiras do Tesouro) foi recorde no mês. Isso revela o esforço do governo para reduzir a dívida indexada à Selic", destacou Garrido.
Ipea quer meta de 4,5%
O Banco Central vai enfrentar forte oposição dentro do próprio governo caso persista com a ideia de propor a redução do centro da meta de inflação, hoje fixada em 4,5% ao ano. A proposta foi defendida pelo presidente do BC, Alexandre Tombini. "Se reduzir mais a meta, vai ter que aumentar mais os juros, e essa política tem um custo", observou o coordenador de Regime Monetário e Cambial do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Thiago Martinez. Em estudo, ele mostrou que parte da inflação decorre de choques internacionais. No mercado interno, a pressão vem de itens como alimentos, bebidas e serviços, que subiram acima do centro da meta desde 2006. Para o Ipea, a despeito dos aumentos dos juros, a inflação no Brasil tende a ser persistente por causa da indexação.

Em 6 meses, dívida cresceu R$ 112 bi com inflação e Selic

Autor(es): Adriana Fernandes e Renata Veríssimo
O Estado de S. Paulo - 22/07/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/7/22/em-6-meses-divida-cresceu-r-112-bi-com-inflacao-e-selic

De janeiro a junho, o Tesouro Nacional gastou R$ 97,98 bilhões com juros; no fim de junho, total da dívida chegou a R$ 1,8 trilhão

A combinação perversa de alta da inflação e da taxa de juros provocou um aumento de quase R$ 112 bilhões na dívida pública federal no primeiro semestre. Somente a correção dos juros sobre os débitos do governo nos mercados interno e externo consumiram 87,96% do avanço. Ao final de junho, a dívida total bateu em R$ 1,8 trilhão.
De janeiro a junho, o Tesouro Nacional gastou R$ 97,98 bilhões com o pagamento de juros. A venda de títulos no período também superou o volume de papéis resgatados em R$ 13,41 bilhões, o que também contribuiu para o aumento do endividamento público.
Os dois empréstimos concedidos pelo governo ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) responderam por boa parte dessa emissão maior que os resgates de papéis do primeiro semestre.
O banco de fomento recebeu R$ 35 bilhões do governo para reforçar seu capital, ampliando sua capacidade de emprestar para empresas. Os empréstimos do Tesouro foram repassados ao BNDES por meio de títulos públicos, a maioria de curto prazo.
O governo também aproveitou o apetite maior dos investidores por papéis prefixados - que têm a remuneração definida na hora do leilão - e atrelados a índices de preços para emitir mais títulos. Com a inflação em alta, os investidores aumentaram a procura pelos papéis que pagam a variação do IPCA, o índice "oficial" de inflação. A venda das NTN-B foi 35,8% maior do que as do primeiro semestre do ano passado. Já as emissões de títulos com rentabilidade prefixada foram 40% maiores.
Na contramão, o Tesouro vendeu 18,11% a menos de LFTs, papéis com correção atrelada à taxa Selic e considerados piores para a administração da dívida porque a remuneração que o governo precisa pagar a quem compra esse papel varia de acordo com a taxa básica de juros. Um dos objetivos do Tesouro é reduzir a presença desses papéis no estoque da dívida, o que pode fortalecer a "potência" da política monetária do Banco Central.
Menor da história. Ao longo do primeiro semestre, o Tesouro conseguiu reduzir a parcela da dívida vinculada à Selic ao nível mais baixo da história: 30,91% do estoque. Na outra direção, a parcela de títulos prefixados fechou junho no mais alto nível da série, com 38,13% do total. Para os prefixados, quanto maior o volume, melhor para a gestão da dívida, já que o Tesouro sabe de antemão quanto vai ter de gastar para remunerar os investidores.
O coordenador de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Fernando Garrido, avaliou que a boa demanda pelos prefixados tem ajudado a melhorar a composição da dívida pública. Ele informou que o Tesouro seguirá com a política de redução de LFTs e aumento da participação dos títulos prefixados.
Garrido, porém, minimizou o aumento de mais de R$ 111 bilhões da dívida. Segundo ele, o crescimento já estava previsto na estratégia traçada no início do ano para gerenciar a dívida, que prevê que o estoque pode fechar 2011 entre R$ 1,8 trilhão e R$ 1,9 trilhão. Para Garrido, se por um lado o aumento da taxa Selic encarece a dívida, no médio prazo a redução da inflação tende a diminuir esse custo.
Dívida pública brasileira explode mesmo com cortes sociais, diz movimento
 http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=45605

Mesmo com pesados cortes de gastos sociais para viabilizar o pagamento da dívida, esta continua crescendo fortemente. O comentário é do Movimento Auditoria Cidadã da Dívida em análise publicado em seu sítio, 21-07-2011.
Eis a análise.
O Portal G1 mostra que a dívida pública federal (interna e externa) subiu R$ 111 bilhões no primeiro semestre de 2011, principalmente devido aos juros – os mais altos do mundo - que fizeram o endividamento crescer em  R$ 97,8 bilhões. Ou seja: mesmo com pesados cortes de gastos sociais para viabilizar o pagamento da dívida, esta continua crescendo fortemente.
Outro fator de crescimento da dívida foi a tomada de empréstimos para a obtenção de recursos a serem disponibilizados ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para financiamentos a empresas privadas a juros subsidiados. Segundo o governo, a dívida pública federal (interna e externa) atingiu R$ 1,8 trilhão em junho.
Porém, a notícia não informa que tais dados divulgados pelo governo omitem grande parte da dívida interna, representada por títulos do Tesouro Nacional em poder do Banco Central (BC), ou seja, dívida do governo federal com o BC. Considerando esta parcela, apenas a dívida interna já havia atingido R$ 2,4 trilhões em maio, conforme tabela do Banco Central.
Esta dívida do governo com o BC, apesar de parecer uma operação que não geraria custos ao setor público, significa grande transferência de recursos públicos para os rentistas privados. Isto porque o pagamento desta dívida serve para cobrir os enormes prejuízos que o BC vem tendo com a compra de elevadas reservas em dólares, que têm se desvalorizado frente ao Real. Além do mais, grande parte de tais títulos do Tesouro em poder do BC são entregues aos rentistas privados, como pagamento pela compra dos dólares.
Em bom português: esta grande parcela da dívida interna omitida pelo governo e pela grande imprensa também proporciona o ganho do setor financeiro privado com as maiores taxas de juros do mundo, às custas do povo. Outra notícia do Portal G1 mostra que no primeiro semestre deste ano o governo federal já pagou antecipadamente US$ 2,1 bilhões da dívida externa. Porém, a notícia não mostra que este pagamento foi feito com elevado ágio, ou seja, foi pago um valor maior do que o devido.
Conforme tabela do Tesouro Nacional, os títulos pagos antecipadamente valiam apenas US$ 1,67 bilhão, ou seja, houve um pagamento 26% maior que o devido, o que representa mais um grave indício de ilegalidade da dívida brasileira.
Folha Online mostra o acordo fechado por líderes da União Européia e o Banco Central Europeu com relação à dívida da Grécia, que inclui o alongamento de prazos e redução de taxas de juros. Anunciado como um “calote” pelas agências de risco e por analistas ligados ao mercado financeiro, tal acordo ocorre depois do enorme ganho dos bancos e especuladores com a dívida grega. Tais rentistas tomam empréstimos baratos junto ao Banco Central Europeu para comprar títulos gregos e assim ganhar as elevadas taxas de juros oferecidos pela Grécia. Agora, tais rentistas ainda alegam ter tomado um “calote” por reduzir levemente seus absurdos ganhos.
Além do mais, tais acordos pressupõem pesadas medidas de corte de gastos sociais (como aposentadorias e salários) além de massivas privatizações. Em suma: a Grécia garante elevados lucros ao setor financeiro - às custas dos trabalhadores - e agora perde a sua soberania e ainda é chamada de ”caloteira” pelos bancos, que alegam ter sido prejudicados por este novo acordo.
Toda esta situação mostra cada vez mais a importância da auditoria da dívida, instrumento soberano, capaz demonstrar a ilegitimidade e os verdadeiros beneficiários desta dívida.   

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