Autor(es): Márcia De Chiara |
O Estado de S. Paulo - 21/07/2011 |
A Máquina de Vendas, fusão da Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar, comprou 51% da rede pernambucana Eletro Shopping. Com isso, a varejista retoma a vice-liderança em vendas de eletrodomésticos e móveis perdida para o Magazine Luiza e se prepara para ir às compras no Sul do País. "Estamos seguindo o plano traçado de, até 2014, ter mil lojas, 30 mil funcionários e faturamento de R$ 10 bilhões. Isso prevê aquisições no Sul, com certeza", disse o presidente da Máquina de Vendas, Ricardo Nunes. Por questões contratuais, o valor do negócio não foi revelado. De acordo com Nunes, os recursos para a aquisição são provenientes do caixa da empresa e da capitalização de cerca R$ 500 milhões feita em fevereiro pelo HSBC na rede varejista para criar um braço financeiro. Com o negócio, a Máquina de Vendas terá 900 lojas, faturamento de R$ 6,5 bilhões, 24 mil funcionários e estará presente em 301 cidades espalhadas por 23 Estados e o Distrito Federal. Até dezembro, a previsão é faturar R$ 7,2 bilhões. Em um ano, é a segunda vez que a empresa recorre à fusão com concorrentes para se fortalecer no mercado e enfrentar o avanço da Globex, que reúne Casas Bahia, Ponto Frio e Extra Eletro, e do Magazine Luiza, que em julho de 2010 comprou a paraibana Lojas Maia e, no mês passado, a Lojas do Baú, do Grupo Silvio Santos. Nunes contou que o negócio foi fechado em 90 dias e a intenção do acordo é consolidar a presença da empresa no Nordeste, a região do País com maior crescimento de vendas de eletrodomésticos. "Em 70% das cidades do Nordeste onde a Eletro Shopping está, a Insinuante não está", observou. Por isso, ele não acredita que o negócio sofra restrições no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Gestão. Nunes não se diz assustado com o gigantismo da operação da Máquina de Vendas. Ele argumenta que o modelo de negócio criado por ele e por Luiz Carlos Batista, presidente do Conselho de Administração da Máquina de Vendas Brasil, que prevê que a gestão das redes seja feita pelos sócios locais e apenas as compras e a parte financeira centralizadas, permite dar agilidade à empresa. "Esse modelo de negócio agradou. Eles vendem e continuam no negócio, como se nada tivesse acontecido." Com a entrada da Eletro Shopping na Máquina de Vendas, foi criada, sob o comando da holding, mais uma divisão: a Máquina de Vendas Nordeste, que será comandada por Richards Saunders, da Eletro Shopping. A outra divisão é a Máquina de Vendas Norte, que é gerida por Erivelto Gasques, da City Lar. Nunes contou que a estratégia da companhia de manter as marcas das novas empresas continua. As bandeiras Insinuante e Eletro Shopping serão para as lojas do Nordeste, a Ricardo Eletro para as unidades do Sudeste, Goiás e Distrito Federal, e a City Lar na região Norte, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Defesa. Para o consultor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, Eugênio Foganholo, esse novo negócio capitaneado pela Máquina de Vendas é um claro movimento defensivo da companhia para barrar o avanço das Casas Bahia e do Magazine Luiza no Nordeste. "No fundo, eles querem ter um tamanho cada vez maior para poder negociar com maior poder de barganha com os fornecedores", diz o consultor. Empresários da indústria de eletrodomésticos ouvidos pelo Estado não gostaram do negócio e acham que serão afetados na hora de acertar as condições de compra com o varejo. Segundo cálculos feitos por analistas de mercado, a concentração no varejo de eletrodomésticos cresce em ritmo acelerado, especialmente nos últimos anos. Hoje, os dez maiores canais de vendas de eletroeletrônicos detêm três quartos do bolo, ou 76% do mercado. Em 2000, as dez maiores redes varejistas do setor respondiam por 55% das vendas totais. Só a fatia de mercado das três maiores redes de eletroeletrônicos aumentou de 35% em 2000 para 50% neste ano, apontam cálculos de fabricantes. Em 2000, as três maiores varejistas eram Casas Bahia, Ponto Frio e Magazine Luiza. Agora as três gigantes são Globex, Máquina de Vendas e Magazine Luiza. Para os concorrentes, como a Lojas Cem, as recentes fusões não são uma ameaça. José Domingos Alves, supervisor geral da rede, diz que o objetivo da sua empresa é ser a melhor e que o gigantismo dificulta a administração. |
Máquina de Vendas faz nova fusão e deixa Sul para 2012
Autor(es): Adriana Mattos | De São Paulo |
Valor Econômico - 21/07/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/7/21/maquina-de-vendas-faz-nova-fusao-e-deixa-sul-para-2012 |
A fusão da pernambucana Eletro Shopping com a Máquina de Vendas, anunciada ontem, obrigará o grupo varejista a montar um plano de integração da nova operação. E isso deve levar o grupo a postergar para 2012 os planos de aquisição de redes varejistas em outras praças, especialmente no Sul do país, região em que a rival, Magazine Luiza, acaba de entrar com a compra dos pontos do Baú da Felicidade.O comando da Máquina de Vendas, criada em 2010 com a união das redes Insinuante e Ricardo Eletro, mantém de pé o projeto de buscar ativos nessa região e no Estado de São Paulo. Mas consultores estimam que a unificação das estruturas da Eletro Shopping com a Máquina de Vendas, especialmente em termos logísticos e de distribuição e dos sistemas de tecnologia da informação, deve levar de oito a nove meses. "Não temos pressa. Queremos muito entrar no sul, e há redes bem interessantes por lá. A não ser que algo muito bom apareça, temos que pensar em consolidar o que já temos", disse ontem Luiz Carlos Batista, presidente do conselho de administração da Máquina de Vendas. No acordo assinado na madrugada de terça-feira, num flat no Itaim, entre Richard Saunders, 39 anos, fundador da Eletro Shopping, e o comando da Máquina de Vendas, foi criada uma nova empresa, a Máquina de Vendas Nordeste. Ela será presidida por Saunders e o controle se dividirá, com 51% da Máquina de Vendas Brasil e 49% de uma holding a ser criada por Richard (provavelmente terá o nome de Grupo Saunders). As empresas não comentam, mas pessoas próximas à negociação afirmam que o acordo com a Eletro Shopping envolveu de R$ 150 milhões a R$ 160 milhões. O Valor apurou que os recursos devem sair do caixa da Máquina de Vendas, que recebeu neste ano um aporte de R$ 500 milhões do banco HSBC, escolhido para ser o parceiro da rede na área financeira. As sinergias com a operação ainda não foram calculadas, mas a Máquina de Vendas estima que em 70% das cidades onde a Eletro Shopping está não há pontos da Insinuante. O negócio deve passar pela avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). "Calculamos que a participação de mercado da Eletro Shopping e da Máquina de Vendas, nas cidades onde ambas atuam, chega a 25% no máximo", disse Saunders. "A análise do Cade deve ser distrital, com uma avaliação por cidade. Mas o negócio não deve ser barrado. No máximo podem ter que vender algumas lojas", afirma Claudio Felisoni, coordenador do Provar/USP. Com o negócio, a Máquina de Vendas recupera o posto de segunda maior rede de eletromóveis do país - perdido em junho para o Magazine Luiza. A sociedade fechada com a rede pernambucana leva o grupo a somar 900 lojas em 23 Estados, receita de R$ 6,5 bilhões (para o ano, estimam R$ 7,2 bilhões) e 24 mil empregados. O Magazine Luiza soma hoje 725 unidades, receita de R$ 6,1 bilhões após a compra do Baú (analistas estimam R$ 7 bilhões em 2011) e 23 mil funcionários. Enquanto a concorrente Magazine Luiza cresce por meio da compra do controle das redes, a Máquina de Vendas adquire 51% de uma nova empresa e mantém os antigos donos na operação. Para isso, vão sendo criados vários braços regionais do grupo (já existe a Máquina de Vendas Centro-Norte, comandada pela City Lar), que operam de forma integrada, mas com autonomia para decisões operacionais do dia a dia. "Foram três meses de negociação mais intensa e um ano de longo namoro", conta Saunders, que criou a Eletro Shopping aos 22 anos. O empresário conta que foi assediado por fundos de investimentos e não chegou a conversar com outras redes interessadas. "Acabamos nos acertando porque nesse modelo da Máquina de Vendas eu não saio do negócio. Continuamos à frente de tudo", afirma Saunders, que começou a trabalhar vendendo camarão no Recife. "Nós precisávamos de escala para brigar com gente como Casas Bahia e o Magazine Luiza. E sou muito novo ainda, quero fazer muita coisa". |
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