Autor(es): Alexandre Rodrigues, Clarissa Thomé e Daniela Amorim | |||||
O Estado de S. Paulo - 29/07/2011 | |||||
Embora o consumo de alimentos diet e light, assim como a ingestão de frutas e verduras, seja maior nas classes de maior renda, a pesquisa do IBGE mostrou que o consumo de produtos como pizzas, salgados fritos, doces e refrigerantes também cresce à medida que a renda familiar per capita aumenta. Há um consumo maior de feijão, arroz, peixe e farinha da mandioca entre os mais pobres. Na pesquisa, os entrevistados foram divididos em quatro grupos de acordo com a renda. Entre os 25% mais pobres, o consumo diário de banana foi equivalente a um quinto da fruta. Os 25% mais abastados tiveram um pedaço maior - um terço. O mesmo padrão foi verificado com a maçã, que teve consumo que equivale a meia fruta por mês na faixa mais baixa e de duas maçãs na renda mais alta, e com o tomate - uma colher de sopa cheia de tomate em tiras por semana para os mais pobres, duas e meia para os mais ricos. A ingestão de leite desnatado também foi menor na classe mais baixa. No fim de um mês, o mais pobre terá consumido um copinho de 50 ml, já o mais rico, um copo duplo de 280 ml. A faixa superior também consumiu quase o dobro de doce à base de leite que a faixa mais baixa. "Além do baixo consumo de ferro, muitas mães dão sobremesas à base de leite para os filhos. O laticínio não deve ser consumido junto com as refeições porque o cálcio diminui a absorção do ferro", disse a nutricionista Tania Bottino. Os alimentos in natura são mais consumidos na zona rural, enquanto os processados são mais frequentes na zona urbana. Os moradores de áreas rurais registraram médias maiores para o consumo diário de arroz, feijão, batata-doce, mandioca, farinha de mandioca e carnes salgadas. Na zona urbana, os moradores consumiram mais produtos prontos, como biscoitos recheados, iogurtes, salgados fritos, pizzas, refrigerantes, sucos e cerveja. Brasileiros comem muito e mal, mostra IBGE
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O PERIGO CHEGA À MESA DO BRASILEIRO
A DIETA BRUTA DA VIDA MODERNA |
Correio Braziliense - 29/07/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/7/29/o-perigo-chega-a-mesa-do-brasileiro |
Bombardeada pela publicidade, nova classe média troca o feijão com arroz por produtos industrializados que antes não consumia. Professora da UnB alerta para a necessidade de uma política alimentar no país Nos últimos anos, quase 40 milhões de brasileiros passaram a integrar a classe média. A ascensão, porém, não foi assim tão benéfica no que diz respeito à alimentação. À medida que a renda cresce, revela pesquisa do IBGE, o consumo de alimentos de alto teor calórico e baixo valor nutritivo entre essas pessoas vai subindo. "Elas são bombardeadas pela publicidade, o que gera um anseio de consumo por produtos dos quais eram privadas", avalia Elizabetta Recine, professora do curso de nutrição na UnB. Entre os principais problemas alimentares no país está a ingestão excessiva de açúcar e gordura saturada e o consumo insuficiente de fibras. Esse padrão alimentar de baixo teor nutricional, encontrado principalmente em estabelecimentos de fast food, pode acarretar consequências danosas, como obesidade e doenças crônicas. Sociedade Alegando falta de tempo e facilidades financeiras, brasileiros enchem os pratos de comidas com muita caloria e pouco teor nutritivo, segundo o IBGE. Especialistas alertam que o hábito pode virar um problema de saúde pública Júnia Gama Larissa Leite Os quase 40 milhões de brasileiros que passaram a integrar a classe média, nos últimos anos, não estão se alimentando bem. A renda vem aumentando com o consumo de alimentos com alto teor calórico e baixo valor nutritivo. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a população está abandonando componentes de uma dieta saudável, como arroz, feijão e verduras, e os substituindo por pizzas, salgados, doces e refrigerantes. Segundo especialistas, o aumento da renda é seguido pela globalização, que facilita o acesso a refeições rápidas e pouco nutritivas. Para a nutricionista Joana D"Arc Pereira Mura, autora do livro Tratado de alimentação, nutrição & dietoterapia, a multiplicação das redes de fast food alterou a relação das pessoas com a alimentação. O Brasil estaria caminhando, segundo ela, em direção a um cenário visto em países onde a obesidade é um problema generalizado de saúde pública. O estudo realizado pelo IBGE mostra o consumo excessivo de açúcar (61% da população), sódio (90%) e gorduras saturadas (82%). As fibras, importantes para o bom funcionamento do sistema digestivo, são insuficientemente ingeridas por 68% dos brasileiros. A coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime, alerta para a gravidade do problema entre os adolescentes. Segundo ela, o padrão alimentar de baixo teor nutricional pode trazer consequências como obesidade e doenças crônicas. A estudante Luciana Brasil, 18 anos, encaixa-se no perfil que preocupa os agentes do ministério. Ela conta que seus pais têm uma alimentação saudável e que brigam com ela por conta de suas preferências alimentares. "Fast food é mais barato, mais prático, vale mais o prazer da comida gostosa que a saúde", diz a jovem, que costuma ir a lanchonetes com as amigas Renata Teixeira, Talitha Adnet e Fernanda Vargas. O aumento do consumo de alimentos pouco nutritivos é seguido pelo crescimento do consumo de alimentos saudáveis, o que pode parecer uma contradição. A professora do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB) Elizabetta Recine explica o motivo. É preciso, segundo ela, atentar para o momento atual, em que o movimento de ascensão social é recente. As camadas de renda menor, que têm protagonizado a formação da nova classe média, tendem a consumir mais produtos industrializados, aos quais não tinham acesso. Elizabetta relata que a velocidade de incorporação desses alimentos na dieta dos brasileiros deve-se em parte ao apelo publicitário. "Essas pessoas são bombardeadas pela publicidade, o que gera um anseio de consumo por produtos de um mercado do qual antes eram privadas", diz. Nas camadas de renda mais elevadas, onde a ascensão social não resulta de um processo tão recente, a informação sobre a qualidade nutritiva dos alimentos tende a ser maior, o que explica o alto consumo de frutas, verduras e legumes. "Pessoas com mais informação incluem itens saudáveis na dieta", afirma a professora. |
Na rua, a tentação da gordura
Correio Braziliense - 29/07/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/7/29/na-rua-a-tentacao-da-gordura |
A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) também apontou que quatro em cada 10 brasileiros comem na rua. O fato de não preparar a comida — o que, para alguns, dificulta as escolhas alimentares mais saudáveis — não atrapalha a dieta do biólogo Bruno Filizola, 33 anos. Encontrado frequentemente em restaurantes naturais de Brasília, ele, em seus pratos, dá preferência a alimentos nutritivos, como saladas, legumes e cereais. O biólogo afirma que adquiriu essa consciência no ambiente universitário, onde as preocupações com a saúde e com o desenvolvimento sustentável são mais recorrentes. Para ele, a piora nos hábitos alimentares do brasileiro deriva da falta de informação. "As classes mais baixas associam comer produtos industrializados a um certo status (...). No Brasil, o aumento da renda não está sendo acompanhado por um desenvolvimento sustentável. Parece que o Brasil quer imitar os Estados Unidos nos pontos em que os americanos falharam", diz. Segundo a POF, mais de 90% da população ingere frutas, legumes e verduras abaixo dos níveis recomendados pelo Ministério da Saúde. Os brasileiros têm combinado a típica dieta — à base de arroz e feijão — com alimentos pouco nutritivos e muito calóricos. Para Elizabetta Recine, professora do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB), é necessário proteger a alimentação tradicional e tornar os alimentos saudáveis mais acessíveis. "Precisa ser fácil e barato consumir frutas e hortaliças", aponta, indicando que estabelecimentos que comercializam esse tipo de produto deveriam ser multiplicados pelo país. A especialista acredita que, a partir da pesquisa, será possível desenhar políticas públicas mais assertivas, ajudando o brasileiro a ter acesso a uma dieta mais nutritiva. Elizabetta ressalta que o país não tinha uma sondagem com o grau de detalhamento da POF desde a década de 1970. A pesquisa foi realizada com base em análises de medidas no consumo alimentar individual de pessoas a partir de 10 anos de idade. A amostragem foi de 13,5 mil domicílios. Segundo o gerente da pesquisa, Edilson Nascimento Silva, os dados mostram a necessidade de serem pensadas políticas de prevenção. "Principalmente as crianças e os adolescentes precisam ter uma dieta diversificada. Os índices de inadequação indicam um alerta sobre sobrepeso, obesidade e desenvolvimento de doenças crônicas", diz. |
Pesquisa avaliou 34 mil moradores em 13,5 mil residências
O Estado de S. Paulo - 29/07/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/7/29/pesquisa-avaliou-34-mil-moradores-em-13-5-mil-residencias |
A pesquisa foi realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde com base em uma amostra de 24,2% dos domicílios avaliados pela Pesquisa de Orçamentos Familiar (POF), realizada entre maio de 2008 e maio de 2009. Os pesquisadores entregaram questionários para a anotação do consumo alimentar para 34 mil moradores em 13,5 mil residências. Com base nas informações colhidas, técnicos estimaram a quantidade ingerida. Para determinar o volume de nutrientes e energia consumidos, o IBGE criou tabelas de composição dos alimentos e parâmetros orientados por padrões do Ministério da Saúde. |
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