quarta-feira, 27 de julho de 2011

Recursos do Plano Safra RS poderão ser usados para custeio, investimento e comercialização

Programa destinará R$ 1,1 bilhão para agricultura familiar

Entidades ligadas ao setor agrícola do Rio Grande do Sul classificaram como boas as medidas do Plano Safra Estadual 2011/2012, anunciado nessa segunda, dia 25, pelo governador Tarso Genro. Apesar de destacar a baixa taxa de juros cobrada pelo Banrisul, que varia de 1% a 6,75% ao ano, porém, entendem que o crédito ainda é insuficiente para as demandas dos produtores. O total ofertado é de R$ 1,136 bilhão e poderá ser usado para custeio, investimento e comercialização.

Além desses recursos, os agricultores terão disponíveis mais R$ 14 bilhões do Plano Safra federal. O governo também destinará R$ 36,6 milhões do orçamento do Estado para investimentos na agricultura familiar. Os produtores já podem solicitar empréstimos a partir desta terça, dia 26. A apresentação do programa foi feito no município de Sério (RS).
O vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul, Carlos Joel da Silva, destaca três prioridades incluídas no plano: a ampliação do quadro de técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) com a chamada de 200 concursados, o ingresso do Banrisul como agente financiador e a criação de uma legislação específica para a agroindústria.
O presidente da Fetraf-Sul, Celso Ludwig, e o presidente da Federação da Agricultura (Farsul), Carlos Sperotto, consideraram positivas as medidas.
– O plano é tímido, mas acredito estar dentro das disponibilidades do Estado – afirmou Sperotto.

Entidades da agricultura familiar aprovam criação do Plano Safra do Rio Grande do Sul

Entretanto, representantes do setor querem novos programas e temem problemas no acesso ao crédito

Nestor Tipa Júnior | Sério (RS)
O município de Sério (RS) foi escolhido para receber o anúncio do Plano Safra do Rio Grande do Sul, o primeiro da história. Com cerca de 2,4 mil habitantes, 95% da população vive da renda da agricultura. O morador Alberto Danielli cria aves e gado de leite em sua propriedade de 33 hectares. O agricultor afirma que o crédito ajuda, principalmente, para se proteger em tempos de problemas climáticos.

– É uma segurança para nós. Nós corremos o risco de estiagem e no inverno tem muita chuva. É um recurso que a gente tem para implementar mais ração para o rebanho – diz.

valor anunciado nessa segunda, dia 25, pelo governo do Rio Grande do Sul é de R$ 1,1 bilhão, com recursos oriundos do Banrisul e também do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Esta verba se soma aos R$ 14 bilhões destinados ao Estado pelo Plano Agrícola e Pecuário do governo federal.

Entre as atividades que serão contempladas com programas estão as cadeias do leite, bovina e ovina. Além disso, será incentivada a agropecuária de base ecológica com apoio técnico e à comercialização. Projetos de irrigação para a agricultura familiar também serão contemplados pelo governo do Estado.

Para as entidades ligadas ao setor é um grande avanço. Mas, segundo o coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar dos Três Estados do Sul (Fetraf-Sul), Celso Ludwig, ainda é preciso outros programas estruturantes para incentivar o agricultor.

– É uma iniciativa importante e é o primeiro passo. Temos que lutar por mais condições e por mais apoio, pois estamos tratando de uma atividade fundamental que é a produção de alimentos – argumenta.

Já o vice presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva, avalia que a medida é positiva. No entanto, ele ressalta que a entidade vai acompanhar de perto como será o acesso ao crédito.

– Uma coisa é anunciar e a outra coisa é fazer chegar ao agricultor estes anúncios. Vamos nos colocar ao lado dos agricultores e também do governo para fazer com que essas linhas anunciadas cheguem ao agricultor. Se não chegar vamos cobrar do governador – reforça.

O governador do Estado, Tarso Genro, afirma que os recursos já estão disponíveis e acredita que o plano vai trazer benefícios aos pequenos produtores.

– Como todo plano inicial, no começo sempre tem alguma dificuldade, alguma instabilidade. Os gestores, muitas vezes, podem não estar preparados para desenvolver determinadas atividades técnicas. Mas eu tenho convicção de que o plano vai decolar e os recursos estão disponíveis – ressalta.

Ele informa que o governo deve anunciar em até 45 dias um programa para fazer uma equalização de juros para os agricultores com mais dificuldades no acesso ao crédito. O governador foi cobrado por autoridades locais em relação ao asfalto nas estradas que chegam ao município.
Tarso Genro ressaltou que a região deve ser uma das que vai receber recursos para melhorar os acessos locais, problema que atualmente reflete no escoamento da produção.

Rio Grande do Sul lança Plano Safra Estadual e destina R$ 1,1 bilhão para agricultura familiar

Programa deve priorizar culturas como o milho, o leite e a pecuária, além de capacitar os pequenos produtores

Atualizada às 20h58min
Com a oferta de R$ 1,136 bilhão, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, anunciou nesta segunda, dia 25, o primeiro Plano Safra Estadual 2011/2012. O programa, que foi lançado no município de Sério (RS), tem como objetivo a complementação dos valores disponibilizados pelo Plano Safra Federal 2011/2012 – que destinou R$ 11 bilhões para o setor e R$ 3 bilhões para agricultura familiar no Estado – e, com isso, priorizar culturas como o milho, o leite e a pecuária, além de capacitar os pequenos produtores.
Os recursos serão divididos em R$ 650 milhões para custeio, R$ 50 milhões para investimentos e R$ 400 milhões destinados à comercialização em linhas de crédito oferecidas pelo Banrisul. Além disso, a agricultura familiar terá R$ 36,6 milhões de recursos do orçamento do Estado voltados para a capacitação de famílias e investimento em infraestrutura nos assentamentos.
– Vamos analisar a economia do Estado e verificar quais setores que podemos ter uma intervenção positiva para fortalecer a área agrária, principalmente a voltada para as cooperativas, a agricultura familiar, e o setor do leite, que pretendemos dar atenção especial. Queremos que para o ano que vem, se possível, dobre o valor investido – ressaltou o governador, adiantando que já projeta o dobro do valor para o próximo plano safra do Estado.
Segundo Tarso, o plano estadual deve potencializar o atendimento nessas áreas e prevê um enlace permanente com o programa federal a partir desse ano. O governador também destacou que essa medida está ligada com o lançamento da rede estadual de microcrédito, que prevê financiamento barato, a juros subsidiados.
– Em quatro anos, vamos acoplar recursos em torno de R$ 2 bilhões. Já temos cerca de R$ 50 milhões disponibilizados para empréstimos de pequeno valor, que vai de R$ 1 mil a R$ 20 mil para micro e pequenas empresas que tenham plano de aplicação em seus negócios – salienta o governador.
O secretário da Agricultura do Estado, Luiz Fernando Mainardi, afirma que o plano atende aos setores que necessitam de recursos e destaca que também irá focar na orientação e capacitação dos pequenos produtores.
– É um programa que inclui renda, produtividade e produção – salienta Mainardi.
Para o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva, o montante de recursos é importante para a complementação do plano federal e implantação de políticas para a agricultura familiar.
– Esperamos que o plano permaneça e que no próximo ano haja um incremento nesse valor disponibilizado – ressalta Silva.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, disse que ainda não conhece o teor do programa e que prefere avaliá-lo somente depois do anúncio.
Crédito
Complemento ao plano safra federal, prevê mais oferta de crédito:
- Total: R$ 1,1 bilhão para agricultura empresarial e familiar. O percentual a ser destinado cada segmento ainda não foi definido.
- Taxas de juro: de 1% a 6,75% ao ano
- Teto: a ser divulgado hoje
- Prazos: até 15 anos
Investimento empresarial
- Taxa: 6,75%
- Prazo: 5 anos e até 18 meses de carência
Agricultura de base ecológica- Taxa: 5,5%
- Prazo: até 15 anos
Agricultura familiar- Custeio (despesas normais da produção agrícola e pecuária)
- 1,5% ao ano para valores de até R$ 10 mil
- 3% ao ano para valores acima de R$ 10 mil e até R$ 20 mil
- 4,5% ao ano para valores acima de R$ 20 mil e até R$ 50 mil
- Prazo para pagamento de até 1 ano (custeio agrícola e pecuário)
- Investimento (financiamento de equipamentos, implementos, ampliação ou modernização da infraestrutura de produção)
- 1% ao ano para valores até R$ 10 mil
- 2% ao ano para valores acima de R$ 10 mil e até R$ 130 mil
- Prazo: de 10 anos, incluídos até três de carência, que poderá ser prorrogado até cinco anos, quando comprovada a necessidade
Plano exclusivo à agricultura familiar- Recursos de R$ 36,6 milhões do orçamento do Estado:
- Programa Leite Gaúcho - Capacitação de 7,5 mil famílias, que incluem alimentação dos animais, melhoramento genético e kits para realização de ordenhas.
- Qualificação de Assentamentos - Instalação de energia elétrica, criação de reservatório de água, construção de estradas e de moradias para 3,5 mil famílias.
- RS Pesca e Aquicultura / Irrigando a Agricultura Familiar - Consiste na criação de pequenos e médios açudes nas pequenas propriedades.
- Agricultura de Base Ecológica - Capacitação de mil famílias no que se refere à recuperação do solo, busca de sementes, produtos e manejo agroecológico.
- Valorização da Carne do RS - Ações voltadas à sanidade do rebanho, à melhoria da genética, rastreabilidade do gado e maior comercialização.


Nenhum comentário:

Postar um comentário