Autor(es): Por Assis Moreira | De Genebra |
Valor Econômico - 31/08/2011 |
O Banco Internacional de Compensações (BIS), o banco dos bancos centrais, publicou estudo sugerindo um limite a partir de qual o endividamento passa a ser prejudicial para o crescimento econômico, e conclui que a situação dos países desenvolvidos é pior do que se imagina. Sua conclusão é de que o limite ficaria entre 80% e 100% do PIB para endividamento de governos. Acima disso, cada 10 pontos percentuais de alta na dívida reduz a tendência de expansão econômica em mais de 0,1 ponto percentual. Para empresas não financeiras, o limite é ligeiramente mais baixo, em torno de 90%. A partir daí pode se tornar um entrave para a expansão econômica. Por sua vez, o nível suportável para o endividamento das famílias seria próximo de 85% do PIB, mas as estimativas sobre o impacto são extremamente imprecisas. Apresentada na semana passada no encontro de bancos centrais em Jackson Hole (EUA), a pesquisa foi baseada nos níveis de dívida de governos, empresas não financeiras e famílias em 18 economias desenvolvidas entre 1980 e 2010. Na prática, o endividamento nas maiores economias desenvolvidas pulou de nível relativamente modesto de 165% do PIB ha três décadas, para 310% no ano passado. Dessa variação, o endividamento do governo representa 45 pontos percentuais, as empresas 50 pontos e as famílias os 50 pontos restantes. Assim, o total da dívida de governo, empresas não financeiras e famílias supera os 450% do PIB no Japão, 350% em Portugal e Espanha, e 300% em dois terços dos países. Na Bélgica, Finlândia, Noruega, Espanha e Suécia, o endividamento das empresas representa mais de 40% do total. Na Austrália, Dinamarca e Holanda, as famílias têm a maior fatia do endividamento. Já no Japão, Itália e Grécia, domina o endividamento público. Levando em conta os benefícios que os governos prometeram a suas populações, o envelhecimento populacional vai aumentar a dívida pública a níveis ainda mais elevados nas próximas décadas. Ao mesmo tempo, o envelhecimento da população pode reduzir o futuro crescimento econômico e elevar também as taxas de juros, minando ainda mais a sustentabilidade da dívida, segundo o estudo do BIS. Assim, à medida que a dívida pública aumenta e a população envelhece, o crescimento econômico declina. Os economistas do BIS sugerem que os governos, como nunca sabem quando um choque extraordinário pode atingi-los, deveriam sempre manter os limites de endividamento bem abaixo dos sugeridos no estudo. Assim como no caso dos governos, fica claro que quando empresas não financeiras também se endividam muito, a economia real pode sofrer. Para o BIS, no fim das contas, a única maneira de fugir disso é mesmo elevar a poupança. |
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Dívida pública 'segura' é de até 100% do PIB, diz BIS
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