quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dívida pública 'segura' é de até 100% do PIB, diz BIS


Autor(es): Por Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 31/08/2011
 

O Banco Internacional de Compensações (BIS), o banco dos bancos centrais, publicou estudo sugerindo um limite a partir de qual o endividamento passa a ser prejudicial para o crescimento econômico, e conclui que a situação dos países desenvolvidos é pior do que se imagina.
Sua conclusão é de que o limite ficaria entre 80% e 100% do PIB para endividamento de governos. Acima disso, cada 10 pontos percentuais de alta na dívida reduz a tendência de expansão econômica em mais de 0,1 ponto percentual.
Para empresas não financeiras, o limite é ligeiramente mais baixo, em torno de 90%. A partir daí pode se tornar um entrave para a expansão econômica. Por sua vez, o nível suportável para o endividamento das famílias seria próximo de 85% do PIB, mas as estimativas sobre o impacto são extremamente imprecisas.
Apresentada na semana passada no encontro de bancos centrais em Jackson Hole (EUA), a pesquisa foi baseada nos níveis de dívida de governos, empresas não financeiras e famílias em 18 economias desenvolvidas entre 1980 e 2010.
Na prática, o endividamento nas maiores economias desenvolvidas pulou de nível relativamente modesto de 165% do PIB ha três décadas, para 310% no ano passado. Dessa variação, o endividamento do governo representa 45 pontos percentuais, as empresas 50 pontos e as famílias os 50 pontos restantes. Assim, o total da dívida de governo, empresas não financeiras e famílias supera os 450% do PIB no Japão, 350% em Portugal e Espanha, e 300% em dois terços dos países.
Na Bélgica, Finlândia, Noruega, Espanha e Suécia, o endividamento das empresas representa mais de 40% do total. Na Austrália, Dinamarca e Holanda, as famílias têm a maior fatia do endividamento. Já no Japão, Itália e Grécia, domina o endividamento público.
Levando em conta os benefícios que os governos prometeram a suas populações, o envelhecimento populacional vai aumentar a dívida pública a níveis ainda mais elevados nas próximas décadas.
Ao mesmo tempo, o envelhecimento da população pode reduzir o futuro crescimento econômico e elevar também as taxas de juros, minando ainda mais a sustentabilidade da dívida, segundo o estudo do BIS. Assim, à medida que a dívida pública aumenta e a população envelhece, o crescimento econômico declina. Os economistas do BIS sugerem que os governos, como nunca sabem quando um choque extraordinário pode atingi-los, deveriam sempre manter os limites de endividamento bem abaixo dos sugeridos no estudo.
Assim como no caso dos governos, fica claro que quando empresas não financeiras também se endividam muito, a economia real pode sofrer. Para o BIS, no fim das contas, a única maneira de fugir disso é mesmo elevar a poupança.

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