quarta-feira, 14 de setembro de 2011

EUA têm 46 milhões vivendo na pobreza

14/9/2011
 
 
A renda do trabalhador americano médio - há muito fonte de inveja em boa parte do mundo - caiu pelo terceiro ano seguido e agora está no nível de 1996, quando ajustada pela inflação.

Já a taxa de pobreza dos Estados Unidos continuou subindo.

A reportagem é de Conor Dougherty, publicada pelo The Wall Street Journal e reproduzida pelo jornal Valor, 14-09-2011.

A mediana da renda familiar dos americanos - estatisticamente, o que ganha num ano quem está no meio do grupo - caiu 2,3%, para US$ 49.445, ajustada à inflação, segundo o relatório anual do Birô do Censo dos EUA sobre o padrão de vida do país. São cerca de US$ 3.803 por mês, incluindo o 13º. A renda tem caído todos os anos desde 2007, já que o alto desemprego e um mercado de trabalho em crise têm dificultado que os trabalhadores americanos ganhem mais.

Esse declínio é parte de uma
tendência mais ampla que eliminou os ganhos salariais da última década. A renda familiar ajustada à inflação agora está 7,1% mais baixa que a do último pico, registrado em 1999, e 2010 foi a primeira vez desde 1997 em que a renda das famílias americanas teve mediana inferior a US$ 50.000.

"A última década foi só uma miragem", diz Justin Wolfers, professor de economia que está passando uma temporada na Universidade Princeton. O motivo é que os ganhos salariais da última década nunca foram tão robustos assim, mas as pessoas continuaram aproveitando a alta dos imóveis e o crédito fácil para gastar mais do que ganhavam.

Entre outros fatores determinantes está a mudança no mercado de trabalho dos EUA, que se concentrou em empregos ou no patamar mais alto de renda ou no mais baixo - o que deixou menos empregos bem remunerados no meio para a maior parte dos americanos -, bem como a concorrência de trabalhadores mais baratos no exterior.

Os homens que trabalham em tempo integral são um dos segmentos mais atingidos por essa tendência. A renda deles agora é menor que no início dos anos 70 quando ajustada à inflação.

A renda familiar tem sido sustentada pela ascensão salarial das mulheres, que ainda ganham significativamente menos que os homens - as trabalhadoras em tempo integral e que exerceram suas funções durante todo o ano ganharam US$ 36.931 em 2010, só um pouco menos que em 2009 e quase US$ 10.000 a mais que no início dos anos 70. Mesmo assim, as trabalhadoras em tempo integral ganham apenas US$ 0,77 para cada dólar ganho por homens na mesma faixa ocupacional.

O índice oficial de pobreza - definido como uma família de quatro pessoas cuja renda é menor que US$ 22.314 - foi de 15,1% em 2010, ante 14,3% em 2009 e 12,5% em 2007, antes de a recessão realmente atingir a economia. O índice oficial de pobreza já foi criticado por economistas e pesquisadores porque não leva em conta muitos dos programas que o governo americano usa para ajudar os mais pobres, como subsídios habitacionais e isenções de impostos.

Num reflexo do impacto duradouro da recessão, o índice de pobreza dos EUA de 2007 a 2010 subiu mais rápido que em qualquer outro triênio desde o início dos anos 80, quando uma crise energética grave e cortes no governo contribuíram para a alta da inflação, dos juros e do desemprego.

Quando avaliados em números totais, os 46 milhões de americanos vivendo na pobreza representam o maior número já registrado desde que o Censo começou a monitorar a pobreza, em 1959. Em porcentagem, o índice atual está empatado com o de 1993 e é o maior desde 1983.

POP EUA 313.232.044 (Julho 2011 est.)

Analisado em cada Estado, o índice de pobreza do Mississippi é o maior, abrangendo 22,7% da população, segundo cálculos estimados pelo Birô do Censo. Logo depois vêm Louisiana, Distrito de Columbia, Geórgia, Novo México e Arizona. Já o Estado com o menor índice de pobreza é New Hampshire, com 6,6%.

O relatório também mostrou que o número de pessoas com plano de saúde aumentou ligeiramente, de 255,3 milhões em 2009 para 256,2 milhões em 2010. Repetindo uma tendência de longo prazo, a porcentagem de pessoas cobertas por planos privados caiu, enquanto a fatia de pessoas cobertas por planos do governo como Medicare, para os idosos, e Medicaid, para os com renda baixa, aumentou. 

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