14/9/2011 | |
Entre os fatores acompanhados pelo Banco Central para avaliar a gravidade da crise europeia está o aumento das remessas de lucros e dividendos de filiais de bancos e empresas multinacionais europeias a seus países de origem. Pressionadas pelas matrizes e pelos governos cuja situação é considerada delicada, como os da Espanha, Portugal e Itália, filiais brasileiras tendem a socorrer seu "caixa central" por meio das remessas. O volume de recursos remetidos às matrizes acumulado nos últimos 12 meses até julho (último dado disponível no BC) chegou a US$ 34,195 bilhões, bem próximo do patamar recorde atingido em setembro de 2008 (US$ 34,952 bilhões), auge da crise financeira internacional. A reportagem é de Mauro Zanatta e Fernando Travaglini e publicada pelo jornalValor, 14-09-2011. A expectativa é que as remessas se intensifiquem no segundo semestre. O setor de telecomunicações, que ao longo de todo o ano passado enviou às matrizes US$ 1,064 bilhão, já remeteu neste ano, em sete meses, US$ 1,526 bilhão. Os bancos distribuíram US$ 1,912 bilhão a seus acionistas no exterior, uma alta de 33% comparada ao mesmo período de 2010. O fluxo de recursos para o Brasil pode continuar positivo, mas o movimento de empresas no mercado para cumprir essas remessas tem contribuído para a desvalorização do real. O dólar completou ontem o nono pregão consecutivo de alta, fechando a R$ 1,714, com valorização acumulada de 7,87% nesse período. Mas o BC, convicto da gravidade da crise na Europa, optou por antecipar um afrouxamento da política monetária, com receio de perder, como em 2008, a oportunidade de reduzir as taxas de juros. O governo, por esse entendimento, quer aproveitar o momento de crise aguda para forçar a queda dos juros, baseada em esforço fiscal significativo. Na avaliação do Planalto, o setor mais "sensível" seria o de telecomunicações, onde o capital italiano, espanhol e português tem forte presença. Podem estar ameaçados os investimentos necessários para desenvolver o Programa Nacional de Banda Larga, estimados em R$ 70 bilhões entre 2012 e 2016. O governo também considera uma significativa redução nas exportações brasileiras, com pressão extra sobre a indústria e prejuízos relevantes ao agronegócio em função da redução na demanda externa. Avalia-se, ainda, que a crise nos EUA é "política" e só deve ser encerrada com as eleições presidenciais, em novembro de 2012. |
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Remessa de lucros volta a crescer com crise europeia
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