06/09/2011 | 16h37
Após pesquisar vinte produtos do segmento primário entre 1995 e 2008, resultado da pesquisa mostrou que os alimentos ficaram mais baratos e mais acessíveis
- João Henrique Bosco | São Paulo (SP)
Atualizada às 20h59
Pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) constatou que R$ 837 bilhões foi a renda gerada pelo agronegócio entre 1995 e 2008, valor que não ficou no campo, foi transferido para a sociedade.
Foram vários planos econômicos, muitas mudanças de moeda até o anúncio do real em 1994. E foi exatamente a estabilidade da economia o ponto de partida do estudo realizado pelo Cepea. Vinte produtos do segmento primário foram pesquisados entre 1995 e 2008. Entre eles, soja, milho, arroz e uva. A pecuária também fez parte do levantamento, com carnes bovina, suína e de frango. O resultado mostrou que os alimentos ficaram mais baratos e mais acessíveis.
– Nós reunimos informações de preços e quantidade de uma série de produtos e segmentos e, a partir daí, montamos as matrizes e comparamos a relação entre renda apropriada e renda gerada pelo agronegócio. A partir destas diferenças, do que foi gerado e o que não foi apropriado, foi transferido para o resto da sociedade – declarou Adriana Ferreira Silva, pesquisadora do Cepea.
O produtor Edemur Pedroso, dono de um frigorífico que abate cerca de trinta cabeças de gado por dia, concorda com a pesquisa. Os alimentos ficaram mais baratos, mas segundo ele, alguém pagou a conta.
– O produtor pagou a conta, o que aconteceu foi que se produziu mais por um preço menor. Foi razoável para o campo, porque ruim não foi – disse Pedroso.
Mesmo com a transferência de renda, a pesquisa mostrou um aumento de produtividade no período.
– O produtor rural, em geral, teve um aumento muito grande de produtividade. A gente tem, anualmente, volume de produção batendo recorde. Paralelamente, a gente tem redução de preço. Ao passo que eu aumento minha produção, no caso do produtor rural, eu ainda oferto preços reais menores – falou Adriana Ferreira da Silva.
Segundo Edemur Pedroso, são poucos que ganham com a gangorra de preços.
– Tudo bem que o caminho é a produtividade, mas que tivesse um equilíbrio no preço, tem hora que cai lá embaixo, tem hora que vai lá em cima, então são poucos que ganham com esta gangorra – frisou Pedroso.
O analista de mercado, Cesar de Castro Alves, concorda com o resultado da pesquisa e diz que a queda de preço é uma tendência histórica. Segundo ele, o produtor que se antecipa e adota logo a tecnologia consegue produzir mais com um custo menor. Já os que adotam a tecnologia por último trabalham com uma margem de lucro menor.
– Quando eles caem de preço, na verdade, você está transferindo para o consumidor final esta adoção de tecnologia. Isto é, um processo muito elegante, muito bacana e ao mesmo tempo um pouco canibalístico, porque os produtores que não se enquadrarem neste jogo de adoção de tecnologia, fatalmente serão excluídos da atividade, porque os preços tendem a cair e seus custos permanecerem elevados – explicou o analista.
CANAL RURAL
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