sábado, 30 de abril de 2011

Bancos ampliam crédito no Brasil

Autor(es): Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 29/04/2011

Os bancos internacionais aumentaram em 31% sua exposição no Brasil em 2010, totalizando US$ 507,1 bilhões, dos quais mais da metade são créditos em moeda local concedidos por suas subsidiárias. O Brasil foi o emergente que recebeu mais crédito externo depois da China. Por sua vez, a exposição dos bancos brasileiros no exterior cresceu 45,8% até dezembro, somando US$ 78,9 bilhões, sendo metade nos mercados desenvolvidos e 22% em centros offshore. Os dados são do Banco Internacional de Compensações (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, que publicou ontem seu relatório trimestral sobre a atividade bancária global.
O BIS constata que os bancos reduziram em US$ 423 bilhões seus empréstimos internacionais no ultimo trimestre de 2010, numa queda de 1,4%, depois de alta de 2,3% no trimestre anterior (US$ 625 bilhões). A baixa atingiu essencialmente a zona do euro, com as instituições financeiras recuando diante da crise da dívida soberana.
Em contrapartida, os financiamentos foram mais robustos para países em desenvolvimento, com US$ 91 bilhões a mais, e para centros offshore com US$ 81 bilhões. Os créditos para os emergentes cresceram 3%, mas em menor ritmo do que no trimestre anterior. A queda geral nos financiamentos foi sobretudo na moeda do euro e bem menos em dólar dos EUA.
O crédito bancário internacional para o Brasil continuou aumentando entre outubro e dezembro, mas num ritmo menor. Os bancos forneceram US$ 7,586 bilhões no período ao país, comparado a US$ 25,4 bilhões do trimestre anterior. Mas, no ano, o país recebeu US$ 75,9 bilhões, comparado a apenas US$ 7,517 bilhões de 2009. A China obteve US$ 153,1 bilhões e a Índia US$ 49,8 bilhões.
O Brasil foi o destino de dois terços dos empréstimos bancários internacionais para a América Latina e Caribe. Da exposição total de US$ 507,1 bilhões dos bancos estrangeiros no Brasil, a maior fatia é dos bancos espanhóis, com US$ 180,8 bilhões Os bancos dos EUA têm US$ 86 bilhoes e os da Grã-Bretanha US$ 79,5 bilhoes, todos em alta.
Do total, US$ 207,9 bilhões são créditos externos e US$ 299,1 bilhões são créditos em moeda local. No caso dos financiamentos externos, houve alta de 46,1% no volume com prazo de pagamento de até um ano, totalizando US$ 102 bilhões Os empréstimos de até dois anos ficaram estáveis em US$ 15,1 bilhões e os acima de dois anos de prazo subiram 25,5%, para US$ 56 bilhões. Os créditos para bancos aumentaram 30,8% no ano passado, para o setor público cresceram 60,2% e para o setor não bancário, 20,5%. O BIS mostra também que residentes brasileiros têm cerca de US$ 54 bilhões depositados nos bancos estrangeiros que fornecem dados para a instituição sediada na Basileia.
Com relação à exposição de bancos brasileiros no exterior, houve alta de 34% nos mercados desenvolvidos, alcançando agora US$ 45,4 bilhões. Nos centros "offshore", a alta em um ano foi de 77,2%, somando US$ 17,9 bilhoes. Na América Latina, a atividade dos bancos brasileiros cresceu 68,6%, totalizando US$ 14,5 bilhões em dezembro.


Brasil leva US$ 75 bi em investimentos

Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 29/04/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/4/29/brasil-leva-us-75-bi-em-investimentos
 
Os bancos internacionais despejaram mais de US$ 75 bilhões na economia brasileira em 2010 e o País se transformou no segundo maior destino de empréstimos, crédito e fluxo financeiro entre os emergentes, atrás apenas da China.
Os dados são do Banco de Compensações Internacionais (BIS) que alerta que, apesar da alta nos fluxos financeiros aos países emergentes, o mundo voltou a registrar uma contração nos empréstimos nos últimos três meses de 2010 por conta da instabilidade na Europa.
Em 2008, a crise financeira fez os bancos de todo o mundo fecharem as torneiras e pararem de emprestar. O resultado foi o agravamento da crise e a necessidade de os governos injetarem bilhões em suas economias.
Em 2010, os dados mostram que os empréstimos se recuperaram em quase US$ 1 trilhão, atingindo um total de US$ 30,1 trilhões.
Mas a recuperação ainda não compensa as perdas dos últimos anos. Só em 2009, bancos reduziram os empréstimos em US$ 2,3 trilhões. No ano passado, os fluxos voltaram a ser registrados. Mas, no quarto trimestre, mais um retrocesso. O volume de empréstimos no mundo foi reduzido em US$ 423 bilhões.
Os responsáveis pela queda foram os países desenvolvidos que viram a exposição de bancos a suas economias ser reduzida em US$ 575 bilhões. Só na zona do euro, foram US$ 422 bilhões a menos em empréstimos diante de um mercado que teme a fraca recuperação da economia da UE e de novos problemas nos bancos da região.
Na Irlanda, os bancos retiraram créditos no valor de US$ 198 bilhões em 2010. Nos últimos três meses do ano, a fuga foi de US$ 100 bilhões diante do temor de uma quebra. Portugal perdeu US$ 37 bilhões, US$ 44 bilhões na Grécia. A Itália também viu uma debandada de bancos, reduzindo suas exposições em US$ 123 bilhões.
Emergentes. Os países emergentes fizeram um contraste com os países ricos e o grupo ainda sofreu uma alta nos empréstimos no final de 2010 de US$ 91 bilhões. A expansão foi de 3%. A alta foi de 5% na América Latina.
O Brasil teria sido um dos principais responsáveis por essa alta. Com a entrada de US$ 75,9 bilhões em 2010, a economia brasileira se transformou na segunda entre os emergentes com a maior exposição de bancos internacionais.
Só a China recebeu mais em 2010: US$ 153 bilhões. A Índia registrou uma alta de US$ 49 bilhões.
No ano, a exposição dos bancos estrangeiros no Brasil foi incrementada a um nível superior à exposição dessas instituições em todos os países da África e Oriente Médio juntos.
Com a explosão dos créditos ao Brasil pelos bancos, o total da exposição de bancos na economia nacional chega a US$ 241 bilhões, mais da metade de toda a América Latina. Há apenas dois anos, o volume era de US$ 157 bilhões. Em 2009, diante da crise mundial, a expansão de créditos internacionais ao Brasil foi de apenas US$ 7,5 bilhões.
No México, esse valor é de US$ 114 bilhões, contra apenas US$ 15 bilhões na Argentina.
O Brasil ainda superou a Coreia do Sul e hoje só está abaixo da China entre os emergentes. Bancos internacionais somam mais de US$ 330 bilhões na economia chinesa.
Aposta espanhola. Em 2010, depois de registrar uma alta de mais de US$ 20 bilhões por trimestre, o Brasil também sofreu uma queda importante nos últimos meses do ano. Mesmo assim, registrou uma expansão nos créditos de US$ 7,5 bilhões. No total, mais de 60% dos empréstimos são dados ao setor bancário brasileiro e o restante para os demais setores da economia.
Os bancos espanhóis são de longe os que mais apostam no Brasil, seguido pelos americanos. Apesar da expansão, o Brasil ainda tem uma exposição modesta comparado com os mais de US$ 5 trilhões que os bancos têm nos Estados Unidos e US$ 12 trilhões na Europa.

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