terça-feira, 26 de abril de 2011

Nova norma de emissão gera negócio para Vale

Autor(es): Vanessa Dezem | De São Paulo
Valor Econômico - 25/04/2011
 
A Vale Fertilizantes está investindo na produção do composto químico originado da ureia que será obrigatório nos caminhões e ônibus fabricados no Brasil a partir de 2012. Além de aproveitar o filão de demanda provocado pela lei, a empresa quer ganhar com o maior valor agregado do produto.
O tecnicamente chamado Arla 32, agente redutor de líquido automotivo, será obrigatório por lei em todos veículos pesados movidos a diesel, para que eles atendam a limites de emissões de poluentes. O produto passará, a partir de outubro, a ser fabricado na unidade de Araucária (PR).
Composto por ureia de alta pureza (32%) e água, o Arla deve ser abrigado em um taque menor, instalado adicionalmente ao tanque de diesel dentro dos veículos e, no escape, será um aliado na redução do óxido de nitrogênio, um dos principais poluentes resultantes da combustão do diesel.
"Estamos atendendo a um apelo do governo, que pediu, inclusive que antecipássemos a produção para garantir o abastecimento. E a demanda pelo produto será crescente", afirmou ao Valor o diretor comercial da Vale Fertilizantes, Luiz Antônio Veiga Mesquita. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em 2010 serão fabricados 238 mil veículos pesados e, nos próximos cinco anos, esse mercado apresentará um crescimento de 5% ao ano.
A Vale Fertilizantes prevê investimentos de R$ 11 milhões neste ano para a instalação do sistema de produção, estancagem e carregamento do Arla na fábrica. Hoje a unidade já produz a ureia técnica - utilizada para a confecção de uma resina componente da cola para a indústria madeireira -, além de fertilizantes e produtos de nutrição animal. Nos primeiros anos projeta-se um nível pequeno de consumo do produto: o mercado prevê uma demanda na faixa de 50 a 120 milhões de litros em 2012, pois alguns consumidores estão adiantando a compra de veículos para este ano, prevendo que, com a nova exigência, sua produção e uso serão mais caros.
As estimativas da Vale Fertilizantes apontam para o consumo de 65 milhões de litros de Arla no ano que vem e, só com a otimização da fábrica para a fabricação do Arla, a empresa terá uma capacidade produtiva de 900 milhões de litros. Essa diferença entre o consumo projetado e a produção tende a diminuir com o tempo, diante da demanda crescente.
Já na questão do escoamento do produto, no primeiro ano a companhia planeja uma capacidade de entrega de metade da capacidade produtiva. "Vamos acompanhar o mercado. Se a demanda crescer mais, investiremos para conseguirmos escoar mais. Mas acreditamos que o mercado só vai absorver toda nossa produção e entrega em 2020", explicou Mesquita. Segundo ele, a empresa optou por uma capacidade muito maior que a demanda pois era o "tamanho mínimo econômico", ou seja, os desembolsos seriam semelhantes para uma otimização menor.
A ideia da Vale é produzir o composto e vendê-lo a granel para as grandes distribuidoras de combustível, que por sua vez, vão atender ao consumo direto dos caminhões e ônibus.
Enquanto o tanque de diesel pode ter de 150 a 600 litros, a depender do modelo, o Arla vai ocupar um tanque de 25 a 95 litros dentro do veículo. Segundo a empresa, para quatro tanques de diesel, será utilizado em média um tanque de Arla. O preço por litro do novo composto ficaria (se fosse produzido hoje) entre R$ 0,3 e R$ 0,4, segundo estimativas da companhia, o que representa cerca de 20% a mais do que os produtos de ureia para fertilizantes e para pecuária. Isso explica a estratégia da Vale: aos poucos, alguns produtos da área de fertilizantes serão substituídos pelo Arla.
"A tendência é buscar produtos de maior valor agregado, e ir substituindo os menos entráveis", enfatizou Mesquita. Também foi considerada nesta decisão os custos de produção. Hoje, a Vale Fertilizantes é uma das únicas fabricantes de ureia que utilizam óleo pesado - de alto custo - em seu processo produtivo, enquanto a maioria do mercado usa o gás natural como matéria-prima. "Mas há indisponibilidade dessa matéria-prima (gás natural) no país", explicou o executivo.
A empresa quer aproveitar ainda a localização de sua unidade. Hoje, o único grande competidor na produção de Arla é a Petrobras. A estatal também pretende começar a produção do composto em outubro e vai investir R$ 93 milhões no projeto na fábrica de Camaçari (BA). A capacidade de produção do Arla 32 da Petrobras será de 200 milhões de litros por ano.
"Mas, num raio de 1000 km, a partir de Araucária, somos os únicos produtores e é onde está 60% do mercado consumidor do setor automobilístico", pondera o especialista comercial da Vale Fertilizantes, Danilo Lizardo Pessoa. Ele acredita que, diante do alto custo do transporte do Arla (já que grande parte do composto é água), cada produtor será dominante em seu território de atuação. A Petrobras, no entanto, afirma que pretende atender, além dos mercados do Norte e Nordeste, parte do Centro-Oeste e Sudeste
Depois de receita líquida de R$ 2,677 bilhões em 2010 (8,8% acima do ano anterior), a Vale Fertilizantes anunciou investimentos de R$ 1,25 bilhão para este ano. A maior parte dos resultados da empresa (76%) vêm da área de fertilizantes, enquanto 16,5% são representadas por vendas químicas e 7,5% pela área de nutrição animal.

Produção de ureia no país cresce 14%

Valor Econômico - 25/04/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/4/25/producao-de-ureia-no-pais-cresce-14
 
A produção total de ureia no Brasil cresceu cerca de 14% em 2010, para 1,269 milhão de toneladas. Segundo dados divulgados pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), foram produzidas 454 mil toneladas para o uso na área de pecuária (alimentação do gado) e técnica (para fabricação de resinas), enquanto 815 mil toneladas foram destinadas ao setor de fertilizantes.
A maior parte da ureia produzida no país vem da Vale Fertilizantes - com uma fábrica no Paraná - que divide o mercado com a Petrobras - com duas fábricas na Bahia e em Sergipe. O setor é um grande importador: segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), em 2010 foram importadas cerca de 2,5 milhões de toneladas de ureia.
"As perspectivas para o segmento de ureia são positivas, em todas as suas aplicações. E agora, ela ganha uma nova demanda, com o Arla", afirmou o diretor comercial da Vale Fertilizantes, Luiz Antônio Veiga Mesquita. Segundo o executivo, a demanda por ureia no país tem crescido de 10% a 12% ao ano. "A ureia é o fertilizante mais utilizado no mundo e tem espaço para crescer", completou o diretor executivo da Anda, David Roquetti.

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