quarta-feira, 27 de abril de 2011

IPCA e Selic maiores inflam dívida pública

Autor(es): Luciana Otoni | De Brasília
Valor Econômico - 26/04/2011
 

A alta da inflação e da taxa de juros teve efeito expressivo no tamanho da dívida pública mobiliária no primeiro trimestre de 2011, segundo informações apresentadas ontem pelo Tesouro Nacional. O estoque da dívida em títulos federais cresceu em R$ 69 bilhões, passando de R$ 1,54 trilhão em janeiro para R$ 1,61 trilhão em março. Boa parte desse avanço, R$ 48,1 bilhões, teve a ver com incorporação de juros.
O ritmo de expansão da dívida neste início do ano foi superior à observada em igual período de 2010. De janeiro a março do ano passado, o aumento no estoque foi de R$ 45 bilhões, dos quais R$ 35 bilhões referente a custos associados a juros.
A ampliação do estoque da dívida em títulos em 2011 em níveis superiores ao observado em 2010 está diretamente relacionada à Selic e ao IPCA mais altos, que impactam, conjuntamente, a parcela dos títulos indexados à Selic (LFT) e os papéis indexados a índices de preços (NTN-B), que, além da variação da inflação, pagam juros fixos.
A tendência, explicam os técnicos do Tesouro, é de expansão do montante da dívida porque um terceiro fator, a ampliação do estoque do passivo, também contribui para a expansão dos custos. Em março, o estoque de R$ 1,61 trilhão da dívida ficou 1,61% maior frente a fevereiro devido à emissão líquida de R$ 6,87 bilhões à apropriação de juros de R$ 16,39 bilhões.
Para a evolução da dívida a partir de abril deste ano, o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, diz que a perspectiva é de maior emissão de títulos prefixados. "Temos a estratégia simultânea de aumento da parcela prefixada e de redução da parcela dos títulos corrigidos por taxas flutuantes", afirmou.
Em março, a parte da dívida composta por papéis prefixados ficou em 34,56% do total, percentual inferior à meta mínima para o ano de 36%. Já a parte da dívida corrigida pela taxa Selic ficou em 32,34%, inferior ao teto da meta para o ano de 32%.
Garrido informou também que o Tesouro continua a avaliar as condições do mercado internacional para eventual emissão de bônus soberano. Ele comentou que as operações realizadas no mercado secundário no exterior indicam interesse por parte dos estrangeiros pelos títulos soberanos brasileiros, tanto para bônus denominados em dólar como em real.
Como o Tesouro possui baixa necessidade de recursos para o financiamento da dívida externa, a decisão sobre a emissão no exterior não está sendo pautada pela necessidade de caixa.
Segundo Garrido, 75% do recursos em moeda estrangeira necessários para cobrir os vencimentos da dívida externa em 2011 e em 2012 já foram adquiridos pelo Tesouro no mercado interno. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), esses vencimentos somam R$ 17,72 bilhões, dos quais aproximadamente R$ 13 bilhões já foram adquiridos no mercado doméstico.
O coordenador informou também que a participação dos investidores estrangeiros no mercado local se manteve estável em março. Os chamados não-residentes adquiriram R$ 3 bilhões em papéis federais no último mês, elevando o estoque total para R$ 183,31 bilhões. Como o montante da dívida também aumentou, a participação desses compradores foi mantida em 4%. Para os meses seguintes, o Tesouro não espera compras expressivas de títulos pelos não-residentes, por considerar que a elevação do IOF desestimula essas aquisições.

Dívida aumenta

Autor(es): Gabriel Caprioli
Correio Braziliense - 26/04/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/4/26/divida-aumenta
 
O endividamento do governo cresceu 1,39% em março e chegou a R$ 1,695 trilhão. A dívida interna, que representa 95,07% do montante, também subiu no mês passado, 1,61%, somando R$ 1,611 trilhão. O resultado, segundo o coordenador-geral de operações da dívida pública, Fernando Garrido, foi influenciado pela emissão líquida de R$ 6,8 bilhões em papéis no mercado.

Parte desse volume (R$ 5,2 bilhões) foi direcionada ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O aporte direto faz parte dos R$ 30 bilhões que podiam ser emitidos pelo Tesouro para capitalizar a Petrobras, no ano passado. "É uma operação residual, que já estava permitida anteriormente", comentou.

A participação dos estrangeiros na dívida interna brasileira se manteve estável, consolidando uma tendência já esperada pelo Tesouro. Desde a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre a entrada de capitais externos de 2% para 6%, a fatia de não residentes passou a crescer em ritmo mais moderado. Em março, o volume subiu de R$ 180,6 bilhões para R$ 183,3 bilhões, mas se manteve em 11,4%, uma vez que o montante global da dívida também cresceu.

"Após o IOF, a entrada é significativamente menor, mas mantemos a avaliação de que a participação de estrangeiros vai continuar subindo gradualmente em volume financeiro. Isso pode não se refletir percentualmente", afirmou.

Dívida pública interna cresce

Juro e inflação elevam dívida em R$ 24 bilhões
Autor(es): Renata Veríssimo e Eduardo Rodrigues
O Estado de S. Paulo - 26/04/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/4/26/divida-publica-interna-cresce
Valor dos títulos nas mãos dos investidores chegou a R$ 1,69 trilhão em março; participação de investidores estrangeiros se manteve estável: 11,4%

A dívida pública do governo federal em títulos nas mãos dos investidores totalizou R$ 1,69 trilhão em março, alta de 1,39% em relação a fevereiro. A expansão de R$ 24 bilhões em um mês se deveu em grande parte aos juros da dívida, que somaram R$ 16,39 bilhões, segundo os dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional.
O custo da dívida tem crescido neste ano por causa dos aumentos da taxa Selic e da inflação. O custo médio acumulado em 12 meses subiu para 11,76% ao ano. Só não foi maior porque a valorização do real ante o dólar reduziu a despesa com o financiamento da dívida externa.
As emissões de títulos superaram em R$ 6,87 bilhões os resgates. Conforme anunciado pelo governo, R$ 5,25 bilhões das novas emissões em março foram para capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Uma medida provisória, editada em 2010, autorizou empréstimo do Tesouro ao banco de até R$ 30 bilhões, mas o BNDES só havia recebido R$ 24,75 bilhões no ano passado.
O perfil da dívida melhorou em março. A fatia de títulos remunerados pela Selic caiu no mês passado para 32,34% do estoque da dívida, mas ainda está acima da meta para este ano. A participação desses papéis deve ser entre 28% e 32% do total para permanecer no Plano Anual de Financiamento (PAF). Esses títulos são justamente aqueles considerados menos favoráveis para a gestão das finanças públicas, que o Tesouro tenta há anos diminuir no estoque da dívida.
"Com o cronograma previsto de emissões ao longo do ano, voltaremos às bandas estipuladas no PAF", disse o coordenador-geral de operações da Dívida Pública do Tesouro, Fernando Garrido. Os títulos prefixados, considerados os melhores para a gestão da dívida porque têm a remuneração fixada no momento da venda, também estão fora dos parâmetros fixados pelo Tesouro. Eles equivaleram a 34,56% do estoque em março, mas a meta é elevar essa participação entre 36% e 40% até o fim de 2011.
O Tesouro também trabalha para diversificar a base de investidores em títulos públicos para distribuir melhor a participação dos grupos. A estratégia para evitar a concentração de papéis em um determinado grupo diminui o risco de movimentos bruscos na mesma direção em momentos de incerteza no mercado.
O coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Otávio Ladeira, citou o caso dos bancos, cuja participação tem caído nos últimos anos, em sintonia com a queda no longo prazo da taxa básica de juros, enquanto os grupos formados por seguros e fundos de previdência têm aumentado a participação em títulos de longo prazo indexados à inflação.
As instituições financeiras detêm 30,5% do estoque da dívida interna, seguidas por fundos de investimento, com 24,1%, e fundos de previdência, que detêm 15,9%. A participação dos investidores estrangeiros se manteve estável em março em 11,4%, depois de uma queda em fevereiro.
Selic e IPCA
R$ 1,69 tri
é o total da dívida pública do governo federal em março
R$ 24 bi
foi o aumento ante fevereiro
R$ 16,39 bi
é a parcela de juros da dívida

Encarecimento da dívida pública federal preocupa

Autor(es): agência o globo: Martha Beck
O Globo - 26/04/2011
Com inflação maior, custo médio desse financiamento subiu de 9,6% para 11,76%

BRASÍLIA. A disparada da inflação criou mais uma dor de cabeça para a equipe econômica: o encarecimento da dívida pública federal. Segundo relatório divulgado ontem pelo Tesouro Nacional, o custo médio da dívida em 12 meses vem subindo gradativamente e saltou de 9,6% ao ano, em março de 2010, para 11,76%, no mês passado. Os índices de preços corrigem hoje cerca de 30% do estoque e, quando sobem, afetam o endividamento não apenas nessa parcela, mas também na atrelada à Selic - hoje, 32,3% do total. Em março, o custo médio da dívida subiu 0,06 ponto percentual devido às altas do IPCA e da Selic.

A dívida subiu 1,39% em março e fechou o mês em R$1,695 trilhão. O aumento ocorreu devido a uma emissão líquida de títulos públicos no valor de R$6,87 bilhões e à incorporação de R$16,39 bilhões em juros que corrigem o estoque. Do valor total, R$1,611 trilhão corresponde à dívida mobiliária interna e R$83,53 bilhões, à externa.

Segundo o relatório do Tesouro, os títulos prefixados aumentaram a participação na dívida, passando de 33,63% do total em fevereiro para 34,56% em março. Já os títulos corrigidos pela Selic reduziram sua parcela no endividamento de 33,33% para 32,34% no mesmo período. Os papéis indexados a índices de preços, por sua vez, passaram a responder por 28,33% do total (contra 28,05% em fevereiro).
A parcela da dívida corrigida pela Selic está hoje acima da meta fixada pela equipe econômica para a composição do estoque - entre 28% e 32% em 2011.

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