sábado, 30 de abril de 2011

Bancos chineses mantêm lucros altos apesar do aperto monetário

Autor(es): Jamil Anderlini | Financial Times, de Pequim
Valor Econômico - 29/04/2011
 

Os maiores bancos estatais chineses continuaram a apresentar fortes lucros no primeiro trimestre do ano, apesar do aperto monetário e das regras que agora exigem das instituições financeiras que mantenham mais de 20% de seus depósitos em reservas no banco central.
O Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), maior banco do mundo em valor de mercado, registrou no primeiro trimestre lucro líquido de 53,8 bilhões de yuans (US$ 8,3 bilhões), um crescimento de 29% em relação ao mesmo período doze meses antes, ao passo que o Banco da China, de menor porte, porém mais internacional, obteve lucro de 33,4 bilhões de yuans, crescimento de 27,7% contra o ano anterior.
Os lucros foram maiores do que esperavam os analistas, mas mostraram sinais de desaceleração em relação ao rápido aumento no ano passado. No quarto trimestre do ano passado, o lucro líquido do ICBC cresceu 32% em relação ao ano anterior, enquanto o lucro do BOC subiu 34% no mesmo período.
O Banco Agrícola da China, que reportou seus resultados na quarta-feira, disse que seu lucro líquido no primeiro trimestre cresceu 36% em relação ao ano anterior, um desempenho que superou o desempenho do mercado, porém bem mais lento do que seu crescimento de 83% no quarto trimestre.
O banco central chinês elevou as taxas de juro por quatro vezes desde outubro, mas os banqueiros dizem que isso produziu um impacto relativamente pequeno sobre os bancos, que obtêm quase a totalidade de suas rendas de margens de juros fixadas pelo governo.
O presidente do ICBC, Jiang Jianqing, disse, em recente entrevista ao "Financial Times", esperar que o impacto das taxas de juro sobre seu banco resulte predominantemente "neutra", pois qualquer queda na demanda por empréstimos deverá ter sido compensada pelo aumento das receitas com as margens mais elevadas de juros. Ampliações na taxa de reservas compulsórias, ou seja, a parte do total de depósitos que os bancos são obrigados a manter em reserva no Banco Central, têm sido mais frequentes do que as altas nos juros e tiveram maior efeito sobre a lucratividade, disseram analistas.
O vice-presidente do ICBC, Yang Kaisheng, disse a repórteres em março que cada aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de reservas obrigatórias dos bancos poderá reduzir a receita de juros do banco em cerca de 700 milhões de yuans. Após novo aumento do compulsório na semana passada, os bancos chineses devem manter 20,5% dos depósitos de clientes no banco central.
Devido aos esforços do governo para esfriar a inflação e o superaquecimento da economia, "acredito numa clara queda dos lucros bancários em comparação com o crescimento de 30% registrados no ano passado", disse Guo Tianyong, diretor do centro chinês de pesquisas do setor bancário na Universidade Central de Finanças e Economia, em Pequim.

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