Autor(es): Daniela D"Ambrosio | De São Paulo |
Valor Econômico - 28/04/2011 |
Num momento em que a construção popular perde o brilho e vai para a berlinda, com várias empresas revendo sua atuação no segmento, a Cury, tradicional construtora do setor - que tem 50% do capital nas mãos da Cyrela - está conseguindo melhorar seus resultados. Seu lucro líquido saiu de R$ 6,2 milhões para R$ 52,1 milhões em 2010. "Temos a cultura da baixa renda, sempre fizemos isso e sempre faremos", diz Fábio Cury, segunda geração no comando da empresa, que foi fundada por seu pai há 49 anos. A companhia teve receita operacional líquida de R$ 239,6 milhões, alta de 155,6% sobre 2009. As vendas, segundo Cury, totalizaram R$ 400 milhões, dos quais 90% dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. A companhia já contratou mais de 9.300 unidades dentro do programa, sendo 2.560 na faixa de 0 a 3 salários-mínimos - no qual os contratos são fechados diretamente com as prefeituras. Por ter tradição no segmento, a empresa ganhou experiência em outros programas habitacionais, como CDHU, Cohab e Plano PAR (Plano de Arrendamento Residencial) da Caixa Econômica Federal. Com margem Ebitda de 23,2% e margem líquida de 21,7%, a companhia fica alinhada com outras duas empresas abertas de baixa renda que se destacam pelas margens elevadas - MRV, que embora tenha tido queda expressiva no quarto trimestre por conta de estouros de orçamento, fechou o ano com margem líquida de 21% e a Direcional , que teve margem de 23% em 2010. A média do setor ficou em 14%. Na opinião de Cury, está cada vez mais claro que o mercado de imóveis populares é para quem tem experiência. Tanto que a empresa está comprando projetos e terrenos de companhias que não conseguiram avançar na baixa renda: adquiriu 70% de um projeto da João Fortes de 1,5 mil unidades no Rio e entrou com 50% em uma sociedade com a Tecnisa em um empreendimento de 600 unidades em Mogi das Cruzes. A empresa também está negociando a compra de vários terrenos. Nesse caso, sem parceria. Empresa está comprando projetos e terrenos de companhias que não conseguiram avançar na baixa renda No último trimestre de 2010, várias companhias diminuíram sua exposição à baixa renda, como PDG Realty, CCDI e a própria Cyrela. O caso mais emblemático é da Trisul, que chegou a ter prejuízo depois de enveredar para esse mercado - que tradicionalmente não era o seu negócio - e anunciou que está mudando o rumo da companhia. A Cury constrói 100% do que incorpora e não terceiriza. Segundo o empresário, o planejamento, orçamento e execução estão alinhados com os custos. "A baixa renda não tem a margem da alta, o controle de custos precisa ser muito rígido", afirma. Segundo Fábio, não houve estouro de orçamento, problema que afetou seriamente a Cyrela no terceiro e quarto trimestres do ano passado, especialmente com os parceiros. Em seu balanço, a Cyrela afirmou que 70% dos estouros de custos - que somaram R$ 533,6 milhões -foram originários de obras com parceiros. A venda de 50% do capital da companhia para a Cyrela aconteceu em julho de 2007. A gestão, segundo Cury, é 100% da sua empresa. "Como sócios estratégicos, eles sempre nos aconselham, mas nos dão liberdade para dirigir a empresa", afirma. A companhia, que construiu sua tradição na zona leste de São Paulo, está ampliando sua atuação e hoje está presente em 15 cidades, algumas delas no estado do Rio. No ano passado, segundo o Valor apurou, a Cyrela chegou a estudar a possibilidade de unir as diferentes áreas que atuam na baixa renda, a Living, Cury e Plano & Plano - inclusive com aporte de um sócio. Fábio Cury comandaria a nova plataforma, mas o projeto não andou. O executivo nega e diz que trocas de informações entre as empresas sempre existiram, mas não há nada de concreto nesse sentido. |
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Cury amplia lucro e mantém aposta em imóvel popular
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