quinta-feira, 21 de abril de 2011

Emprego sobe menos e indica desaceleração

Autor(es): Luciana Otoni | De Brasília
Valor Econômico - 20/04/2011
O mercado de trabalho começou a dar sinais de que a economia está num menor ritmo de expansão. Em março foram criados 92,6 mil postos de trabalho com carteira assinada, representando uma queda de 71% frente aos 315 mil novos empregos criados em fevereiro. Esse foi o resultado líquido do mês passado, quando houve um contingente recorde de demissões, de 1,673 milhão de trabalhadores, e as admissões somaram 1,765 milhão.
No trimestre, o total de admissões de 584 mil foi bem inferior às 708 mil vagas abertas em igual período de 2010, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem.
A redução de 71% na oferta de empregos no mês passado é explicada, em parte, pelo elevado nível das contratações de fevereiro. Com o deslocamento do Carnaval para março, houve antecipação das admissões no mês anterior. Um segundo fator foi a ocorrência de menos dias úteis no terceiro mês do ano frente ao segundo mês.
O Caged mostrou, também, que a queda na oferta de emprego decorreu de demissões concentradas no setor sucroalcooleiro, na agropecuária, no comércio e na construção civil. Também contribuição para essa performance a menor oferta de oportunidades nos órgãos públicos, na indústria da transformação e no setor de serviços. Somente o segmento hoteleiro e de restaurantes fechou 8,5 mil vagas em março, movimento também sazonal.
No mês passado, o setor de serviços liderou as contratações líquidas (60,3 mil vagas). Em seguida aparece a indústria de transformação (14,4 mil empregos), enquanto a agricultura gerou 11,4 mil postos.
Outro indicador que sinaliza arrefecimento no ritmo de expansão do mercado formal de trabalho é a expectativa para abril. Na avaliação do Ministério do Trabalho, as contratações deste mês serão maiores que as de março, mas não deverão atingir o saldo de 349 mil vagas abertas em abril de 2010.
Ainda assim, o ministro Carlos Lupi mantém a projeção de admissões líquidas de 3 milhões para este ano. Para ele, os próximos meses serão caracterizados pela maior oferta de oportunidades em todos os segmentos, com destaque para a construção civil. Lupi disse que as construtoras vão retomar obras após o período das chuvas e iniciarão empreendimentos vinculados à Copa e às Olimpíadas, demandando mão de obra.
Ele considera, também, que o consumo se manterá em alta, apesar das medidas do governo para frear a demanda. Ao apontar fatores que deverão fomentar a demanda, Lupi citou o aumento da renda das famílias.
Ontem, juntamente com o Caged de março, o Ministério do Trabalho divulgou o resultado do primeiro trimestre da variação dos salários médios de admissão. O relatório aponta alta real deflacionada pelo INPC de 2,92% nos salários médios pagos entre janeiro e fevereiro deste ano ante igual período de 2010. Nessa base de comparação, os valores médios pagos passaram de R$ 868,95 para R$ 894,32.
Os maiores acréscimos ocorreram em Pernambuco, Amapá, Paraná, Santa Catarina, Pará, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Considerando o grau de instrução, a maior valorização no período, de 4,91%, ocorreu nos salários pagos aos trabalhadores com curso superior completo. A menor variação, de 0,74%, foi verificada nos valores pagos a trabalhadores analfabetos.

Desemprego se mantém quase estável, mas renda volta a aumentar em março

Autor(es): João Villaverde e Rafael Rosas | De São Paulo e do Rio
Valor Econômico - 20/04/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/4/20/desemprego-se-mantem-quase-estavel-mas-renda-volta-a-aumentar-em-marco
A taxa de desemprego de 6,5% registrada em março foi a menor para o mês desde 2002, início da série elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O nível de desocupação ficou próximo do de fevereiro (6,4%) e abaixo dos 7,6% de março do ano passado.
Das seis regiões metropolitanas analisadas pelo IBGE, apenas Salvador teve nível de desocupação de dois dígitos no terceiro mês do ano, de 10,5%. No Recife, o indicador correspondeu a 7,6%. Em São Paulo, a taxa foi de 6,9%. Em Porto Alegre, ficou em 5%. Em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, a taxa de desemprego equivaleu a 5,3% e 4,9%, nesta ordem.
A pesquisa do IBGE mostrou ainda que o rendimento médio real habitual dos ocupados, de R$ 1.557, representou o maior valor para o mês de março desde 2002. O montante foi 0,5% maior na comparação com fevereiro e 3,8% mais elevado perante março de 2010.
Segundo Bernardo Wjuniksi, analista-sênior para América Latina da Medley Global Advisors, "o IBGE mostrou um desenho do Brasil dos últimos anos de crescimento acelerado", isto é, menos pessoas desempregadas e salários em alta. "O crescimento do ano passado foi recorde, mas o consumo das famílias, que esteve por trás dele, foi ainda mais expressivo", disse Wjuniski.
A situação de desemprego brasileira destoa da de países ricos como Espanha e Estados Unidos, onde a taxa de desocupação, nos primeiros meses de 2011, ronda 20% e 9,6%, respectivamente. Quando iniciou a série histórica, em 2002, as taxas registradas pelo IBGE eram o dobro das registradas agora. Em São Paulo, por exemplo, o desemprego era de 13,8% em março de 2002, e no mês passado chegou a 6,9%.
Os dados do mês passado também mostraram a continuidade da formalização nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. O emprego com carteira no setor privado atingiu 48,2% do total de 22,2 milhões de pessoas ocupadas, recorde para qualquer mês da série histórica. Em março, os empregados com carteira assinada no setor privado somaram 10,739 milhões, uma alta de 0,7% em relação a fevereiro - considerada estabilidade pelo IBGE - e um crescimento expressivo de 7,4% frente a março do ano passado.
"O mercado não só formaliza, como está pagando mais. O que se viu no rendimento em março foi um primeiro aumento no poder de compra da população", afirmou Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ontem durante divulgação do IBGE no Rio. Na média do primeiro trimestre, a taxa média de desemprego brasileira foi de 6,3%, um ponto percentual inferior ao recorde anterior, registrado entre janeiro e março do ano passado. "Entendo que a gente fechou o primeiro trimestre com a taxa média de desocupação inferior ao que fechou no ano passado. Em 2010, a média foi de 6,7%, englobando o mês de dezembro, que puxa a taxa para baixo", disse Azeredo.
Nas contas da LCA Consultoria, a queda na taxa de desemprego em março poderia ser ainda maior não fosse a elevação de 0,3% entre fevereiro e março, com ajuste sazonal da LCA, na população economicamente ativa. Isto é, mais pessoas passaram a demandar emprego no mês passado, o que evitou uma incorporação ainda maior do estoque de trabalhadores no mercado em expansão.
Com alta de 0,5% sobre fevereiro, feito o ajuste sazonal, o rendimento médio real de R$ 1.557 efetivamente recebido pelo trabalhador com carteira assinada nas três regiões ajudou a impulsionar a massa de rendimento médio real em 0,8% entre fevereiro e março. Na comparação com março de 2010, houve expansão de 6,7%.

Despenca criação de empregos formais

Autor(es): Eduardo Rodrigues
O Estado de S. Paulo - 20/04/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/4/20/despenca-criacao-de-empregos-formais
 

Caged aponta a criação de 65,2% menos vagas em março ante o mesmo mês de 2012; para ministro, queda se deve a efeitos sazonais


O ritmo de criação de empregos com carteira assinada no País despencou em março, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho.
No mês, foram criadas 92.675 vagas formais, desempenho 65,2% inferior ao de março do ano passado, quando foram gerados 266.415 postos de trabalho, sem levar em consideração as declarações entregues fora do prazo pelas empresas. O mês teve recorde de demissões, com 1,673 milhão, enquanto as admissões chegaram a 1,765 milhão, terceiro melhor desempenho da série.
Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a menor geração de vagas formais em março se deveu em parte à antecipação de contratações em fevereiro e ao carnaval, que reduziu a quantidade de dias úteis no mês. Além disso, o fim da safra da cana-de-açúcar no Nordeste teria acelerado os desligamentos.
Segundo ele, a perda de ritmo na geração de postos de trabalho com carteira assinada não reflete uma desaceleração da economia e, por isso, o resultado do Caged em abril deverá ser bastante forte. "Acho que abril vai ser bastante positivo, superior ao resultado de março", disse o ministro. "Em primeiro lugar, porque não teremos outro carnaval, com a economia dez dias quase paralisada. Além disso, o comércio deve voltar a crescer e o fim das chuvas em algumas regiões também deve impulsionar a construção civil", completou.
O efeito sazonal nos números do Caged de março foi destacado pela economista-chefe da Rosenberg Consultores, Thaís Zara (ver entrevista abaixo).
Trimestre. Segundo Lupi, a meta de criação de 3 milhões de empregos formais em 2011 está mantida, apesar de o resultado do primeiro trimestre ter sido menor que o do mesmo período de 2010. "Os ciclos (econômicos) nos próximos trimestres devem compensar esse resultado."
Com as declarações entregues fora do prazo, o resultado do primeiro bimestre passou a 491.211. Dessa forma, no acumulado do primeiro trimestre de 2011 foram geradas 583.886 vagas formais, resultado também inferior às 657.259 vagas criadas no mesmo período de 2010.
O setor de serviços liderou a criação de vagas formais no mês, com 60.309 postos, seguido pela indústria de transformação, com 14.448. A agricultura foi responsável por 11.400 postos de trabalho, enquanto a administração pública gerou outras 4.268 vagas. Já o comércio registrou queda, fechando 3.817 postos.
A Região Sudeste foi a que mais gerou postos de trabalho com carteira assinada em março, com 75.208 vagas. Em segundo lugar, veio a Região Sul, com 35.734 empregos. A Região Centro-Oeste foi responsável pela criação de 10.551 vagas, enquanto o Norte gerou 2.831. Já o Nordeste fechou 31.649 vagas.
Copom. Na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, Lupi aproveitou a divulgação do Caged para criticar o ciclo de aumento dos juros básicos da economia para combater a inflação. "Taxas de juros mais altas favorecem o capital especulativo e prejudicam o capital produtivo, inibindo investimentos. Então sempre a alta de juros inibe a criação de empregos no País."
Perguntado se o Copom deveria aumentar novamente a Selic hoje, Lupi disse que torce para que isso não ocorra, apesar de achar que os juros serão de fato revisados para cima. "A inflação não é esse diabo que muita gente fala. Temos de combatê-la, mas não podemos matar a nossa galinha dos ovos de ouro que é o crescimento da economia."
PARA ENTENDER

As disparidades verificadas nos dois levantamentos divulgados ontem sobre o mercado de trabalho - Caged e PME do IBGE - devem-se às diferenças de metodologia.
No Caged, as empresas de todo o Brasil informam ao governo as admissões, demissões ou transferências de empregados que tenham carteira de trabalho assinada.
Já na pesquisa do IBGE, o levantamento é feito por pesquisadores, que vão a campo coletar as informações sobre o emprego formal e informal em seis regiões metropolitanas. "As duas pesquisas mostraram geração de emprego, o Caged menos que a PME,porque são dois universos completamente distintos", disse José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio.

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