Brasil tipo inovação |
Autor(es): Bruno Rosa |
O Globo - 23/04/2011 |
O crescimento da economia e da classe média brasileira está levando cada vez mais multinacionais a investir em polos para desenvolver produtos e serviços, sobretudo no Rio e em São Paulo. Estudos mostram que o setor receberá R$ 17 bilhões em recursos - 21% mais que em 2010-, de telecomunicações e cosméticos, entre outros. País vira polo de pesquisa para criação de produtos e serviços de multinacionais. Setor deve levar R$17 bi no ano Oritmo consistente do crescimento da economia brasileira está cada vez mais atraindo empresas estrangeiras, que, de olho na expansão da classe média, têm planos que vão além de novas fábricas: incluem a criação de polos para desenvolver produtos e serviços. A nova estratégia, comemorada por especialistas, envolve segmentos como os de telecomunicações, cosméticos, computadores e petróleo. Segundo dados de empresas e da Secretaria Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), foram destinados para a criação de centros e laboratórios R$14 bilhões em 2010, número que deverá subir para R$17 bilhões este ano - alta de 21%. Do valor, boa parte é de multinacionais, dizem especialistas. No radar dos conglomerados internacionais estão, principalmente, São Paulo e Rio de Janeiro. Hoje, dizem analistas, o setor de óleo e gás é o que consome a maior parte dos recursos. Mas o cenário começa a mudar. A francesa L"Oréal, que está dobrando o seu centro de pesquisa, no Rio, pretende ainda criar um novo espaço. Além de IBM, GE, Volvo Aero, Intel, Clariant e Beurau Veritas, a americana Dell pretende acertar até junho a construção de uma unidade de desenvolvimento em São Paulo (SP), que será a primeira da América Latina. A espanhola Telefónica também investe milhões de euros em SP. Luciano Almeida, presidente da Investe São Paulo, agência de captação de investimentos, diz que o movimento de companhias estrangeiras é importante para estimular as nacionais, sobretudo, as pequenas e médias empresas. - É preciso que a inovação entre na cultura das empresas brasileiras. Os estrangeiros já têm essa política e estão contratando pesquisadores do Brasil para entender a lógica nacional - diz Almeida, lembrando que está em conversa com dez empresas, como a Foxconn desde abril do ano passado. No Rio, o Parque Tecnológico da Ilha do Fundão, que já tem 80% do espaço ocupado, contabiliza investimentos de R$760 milhões, a maior parte de estrangeiros dos setores de petróleo e tecnologia. Agora, vai receber mais R$150 milhões. Quatro companhias - Vallourec & Mannesmann, EMC, BG e Siemens - disputam os últimos três espaços existentes. - Hoje, a maior parte é voltada para o setor de óleo e gás porque é a vocação do Rio. Mas estamos em um esforço de diversificação. O Rio vai precisar de mais desenvolvimento e inovação. Temos de aproveitar o atual momento e agregar inteligência - diz Renata Cavalcante, subsecretária de Desenvolvimento Econômico do Rio. Pierre-Emmanuel Angeloglou, diretor-superintendente da divisão de Produtos de Grande Público da L"Oréal, diz que, para se adequar ao crescimento do Brasil, é preciso adequar o tamanho do centro de inovações. - As criações feitas no Brasil são levadas para o mundo. Hoje, vários produtos desenvolvidos no Brasil são exportados para o exterior - afirma Angeloglou. Segundo o executivo, a gigante francesa de cosméticos está expandindo o seu centro de pesquisas, que hoje fica em sua fábrica no Jardim América, no Rio. A curto prazo, a meta inicial é dobrar o atual tamanho. A médio e longo prazos, o objetivo é criar um espaço específico. Fontes do setor falam que a companhia avalia a Ilha do Fundão, onde seria possível criar sinergias com a Escola de Medicina e o Centro de Dermatologia da UFRJ. - No centro, os cientistas desenvolvem as fórmulas. O espaço conta ainda com uma espécie de minifábrica, onde são produzidos os novos produtos, que irão passar por testes antes de chegarem ao mercado. Só depois é oficializada a fórmula. O Brasil ganha cada vez mais força - detalha o francês Angeloglou. A espanhola Telefônica, dona da Vivo, também investe. Benedito Fayana, diretor de Planejamento de Rede e Inovação, lembra que o novo centro, em São Paulo, contará ainda com uma área, que será voltada para a excelência em vídeos. As inovações que forem desenvolvidas serão aplicadas em todo o mundo. Contratação de cientistas cresce - É o primeiro centro fora da Espanha. O centro traz ainda benefícios para as empresas locais. Uma delas vai desenvolver trabalhos para a Telefônica em todo o mundo. Inovação serve como pilar para o atual crescimento. A americana Whirlpool, dona da Brastemp e da Consul, que já conta com 18 laboratórios e três centros mundiais de competência no Brasil, quer ampliar o investimento. - A contratação de cientistas cresce 25% ao ano desde 2007. O investimento em inovação no Brasil é o que mais avança no mundo, e a tendência é se tornar um dos maiores. Em cinco anos, dobramos os investimentos - ressalta Rogério Martins, vice-presidente de Desenvolvimento da Whirlpool na América Latina. O asiáticos também vêm ganhando destaque. Semana passada, a Huawei anunciou US$350 milhões para um novo centro em Campinas. O mesmo fez a ZTE, que vai destinar US$200 milhões em um inédito polo. E, na semana passada, o governo brasileiro anunciou que a taiwanesa Foxconn, maior exportadora da China, fabricante dos produtos Apple, pretende abrir um centro de tecnologia no país, além de uma nova unidade, num investimento total de US$12 bilhões. |
domingo, 24 de abril de 2011
Múltis investirão R$ 17 bilhões em pesquisa no país
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