quinta-feira, 28 de abril de 2011

Participação da 'elite do campo' na exportação diminui no 1º tri

Autor(es): Fernando Lopes | De São Paulo
Valor Econômico - 27/04/2011
 
 
Ainda que seus embarques tenham rendido quase 27% mais no primeiro trimestre de 2011 do que em igual intervalo do ano passado, a elite exportadora do agronegócio perdeu peso na balança nacional no início deste ano, em virtude do forte avanço de empresas de outros setores e das ofertas mais limitadas de produtos como soja e açúcar.
De acordo com estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compiladas pelo Valor, de janeiro a março 13 empresas diretamente ligadas ao agronegócio entraram na lista das 40 maiores exportadoras do país e obtiveram, em conjunto, US$ 5,7 bilhões com seus embarques. No mesmo período de 2010, 14 companhias vinculadas ao campo estiveram entre as "40 mais" e venderam ao exterior o equivalente a US$ 4,5 bilhões.
Mas, como os embarques das 40 principais exportadoras cresceram 42,8% na comparação entre os primeiros trimestres, para US$ 26,3 bilhões, a participação do grupo vinculado ao campo entre as líderes caiu de 24,3% para 21,3%. Uma vez que as exportações nacionais em geral engordaram 30,6%, para US$ 51,2 bilhões, a fatia da elite do agronegócio no total passou de 11,5% para 11,1%.
Entre todas as companhias exportadoras do país, o grande destaque do primeiro trimestre deste ano foi a Vale. A mineradora encabeçou o ranking com embarques equivalentes a US$ 6,6 bilhões, 135,4% mais que entre janeiro e março do ano passado, e superou a Petrobras, que vendeu 0,45% menos ao exterior (US$ 4,4 bilhões) e caiu para a segunda posição, bem à frente da terceira no rol, a Samarco Mineração (US$ 942 milhões).
A Bunge permaneceu na liderança entre as empresas exportadoras do agronegócio nos meses de janeiro e março. A multinacional com sede nos EUA ficou em quarto lugar na lista geral, com embarques equivalentes a US$ 739,2 milhões, 30,6% acima de igual intervalo de 2010, quando ficou no quinto posto no ranking nacional.
Completam a elite do campo exportador do país as também múltis de origem americana Cargill - a 6ª da lista das 40 - e ADM (13ª), as brasileiras JBS (7ª), Sadia (9ª), Brasil Foods (11ª), Seara (19ª), Copersucar (21ª), Cutrale (32ª), Marfrig (35ª), Amaggi (36ª) e Cosan Açúcar e Álcool (40ª), além da multinacional francesa Louis Dreyfus Commodities (24ª).
Levando-se em consideração que a Brasil Foods é resultado da incorporação da Sadia pela Perdigão, que ainda depende do aval final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e que a Seara foi comprada pela Marfrig, a elite do campo é um pouco menor do que indica a relação da Secex. Mas toda ela, exceto pela Amaggi, apresentou aumento da receita com os embarques no primeiro trimestre.
Com embarques mais concentrados na soja do que as tradings Bunge, Cargill, ADM e Dreyfus, a Amaggi, com sede em Mato Grosso, foi prejudicada no início do ano pelo atraso da colheita do grão no Estado. Mas tende a recuperar o terreno perdido, até porque as projeções apontam para um incremento das exportações brasileiras de soja neste ano.
Segundo levantamento do Ministério da Agricultura, no primeiro trimestre as exportações brasileiras do complexo soja (grão, farelo e óleo) lideraram as vendas do setor ao exterior e totalizaram US$ 3,2 bilhões, um aumento de 25,5% em relação a igual intervalo de 2010. O resultado decorreu o aumento dos preços, já que os volumes patinaram.
Em geral foi assim. Ainda conforme os critérios do ministério, o agronegócio como um todo exportou o equivalente a US$ 17,9 bilhões, 23,2% mais que entre janeiro e março do ano passado - os preços dos bens exportados aumentaram 18,4%, enquanto os volumes cresceram apenas 4,1%.
De acordo com o levantamento do ministério, entre os principais produtos exportados pelo setor no primeiro trimestre as carnes (bovina, de frango e suína) aparecem em primeiro lugar, acima da soja, com vendas de US$ 3,5 bilhões, 18,8% mais que no mesmo período de 2010. Daí as boas colocações de JBS, Sadia, Brasil Foods, Seara e Marfrig no ranking dos maiores exportadores.
E o incremento dos embarques do complexo sucroalcooleiro - de 10,4% na comparação, para US$ 2,5 bilhões, apesar da oferta mais restrita de açúcar, também por causa de variações climáticas na safra de cana - justificou as posições de Copercuscar e Cosan na lista, além de ter ajudado a fortalecer Bunge, Cargill, ADM e Dreyfus, cujos embarques, sobretudo de açúcar, vêm crescendo.
Pelos critérios do Ministério da Agricultura, os chamados produtos florestais renderam US$ 2,4 bilhões em exportações ao país no primeiro trimestre de 2011, 7,9% mais que entre janeiro e março do ano passado. Fibria e Suzano, exportadoras sobretudo de celulose, ficaram entre as 40 maiores no intervalo analisado.









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