Autor(es): Henrique Gomes Batista |
O Globo - 24/04/2011 |
Estudo mostra que participação da região caiu, enquanto asiáticos cresceram Um estudo da Rede Mercosul de Investigações Econômicas, entidade sediada no Uruguai, mostra que a América Latina está perdendo o bonde da exportação mundial de serviços, que passou de US$1,5 trilhão no ano 2000 para US$3,8 trilhões em 2008. E a situação é pior justamente no segmento chamado Novos Setores Dinâmicos (NSD), que inclui pesquisa e desenvolvimento, saúde, tecnologia, serviços financeiros e audiovisuais. No total, a participação da região caiu dos 3,45% de 2000 para 3,07% em 2009, último dado disponível da Unctad (agência da ONU para comércio e desenvolvimento). Enquanto isso, a participação chinesa passou de 1,99% para 3,76% no período e a indiana saltou de 1,09% para 2,69%. Ou seja, se antes a América Latina exportava mais serviços que China e Índia juntas, em 2009 os dois gigantes asiáticos detinham mais que o dobro da participação da região. Além disso, Brasil, México e Argentina têm déficits nas transações do setor. O Brasil exporta 0,8% do total mundial, mas importa 1,2%; no México, o peso das exportações é de 0,5% e o das importações, 0,7% do total global. Os serviços médicos, por sua vez, levaram 750 mil pessoas aos EUA em 2007, contra 500 mil em 2005. O estudo aponta que enquanto os Estados Unidos faturaram US$2,5 bilhões com estes serviços em 2008, o México obteve receitas de US$300 milhões e o Brasil, só US$36 milhões. - O cenário e os problemas dos principais países da região são muito semelhantes, vemos que as soluções para crescer neste mercado também são muito parecidas - diz o argentino Andrés López, diretor da Rede Mercosul e do Departamento de Economia da Universidade de Buenos Aires (UBA), que coordenou o livro "A exportação de serviços na América Latina: os casos de Argentina, Brasil e México", em pareceria com a economista Daniela Ramos. |
Falta de pessoal qualificado é entrave na região
O Globo - 24/04/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/4/24/falta-de-pessoal-qualificado-e-entrave-na-regiao |
No mundo, exportação de serviços cresce mais que comércio de bens O economista Andrés López afirma que entre os principais problemas da região na exportação de serviços está a falta de pessoal qualificado, fluência dos trabalhadores em inglês, uma reputação global de alguns setores de serviços e uma agenda oficial de promoção das empresas da região: - O setor de serviços é fundamental. A exportação deste segmento cresceu muito mais que a venda de bens nos últimos anos e, durante a crise global, os serviços foram muito menos afetados que a venda de produtos. O argentino lembra que, somente entre 2005 e 2007, a exportação de serviços de pesquisa e desenvolvimento, no mundo, cresceu 32%. O estudo - disponível no site da entidade (www.redmercosur.net) - cita problemas como o ocaso da exportação de produtos audiovisuais do México, que já foi um dos maiores exportadores mundiais, mas que agora perde espaço no setor a cada ano. O trabalho também aponta sete soluções para que a região cresça na exportação de serviços: cuidado com os custos dos serviço; melhorar em quantidade e qualidade a mão de obra; aperfeiçoar os mercado financeiros locais; investir em infraestrutura e tecnologia; criação de incentivos; criação de uma estratégia de promoção dos serviços; e criar bons marcos regulatórios para estes setores. - Temos que aproveitar nossas vantagens competitivas, como a proximidade cultural e de fuso horário com os EUA e a Europa, além da criatividade brasileira - afirma o professor da UFRJ Paulo Bastos Tigre, que participa do livro indicando os serviços bancários e médicos como dois filões que podem ser explorados pelo Brasil. Governo abre linha de crédito a exportadores Mauricio Do Val, diretor do Departamento de Políticas de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento (Mdic), afirma que a situação está mudando desde 2005, quando foi criada a secretaria para exportação de serviços no ministério. Segundo ele, desde dezembro, uma portaria do ministério abriu a possibilidade de empresas de 70 segmentos de serviços conseguirem financiamento do Proex, sistema especial aos exportadores. - Somos o 17º maior importador de serviços do mundo e apenas o 31º maior exportador. Temos que criar incentivos, não podemos ficar apenas no setor de obras - disse. Do Val explicou que o governo está em vias de adotar duas novidades: a nova nomenclatura nacional de serviços, prevista para os próximos meses, e, em janeiro de 2012, a instalação do sistema integrado de comercio exterior de serviços (Siscoserv), semelhante ao Siscomex, ou seja, uma contabilidade das exportações brasileiras de serviço, algo único no mundo, segundo ele. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário