Autor(es): Alan Bjerga | Bloomberg |
Valor Econômico - 20/07/2011 |
As pressões sobre a oferta provocadas pelo aumento na demanda da China por soja e milho para produção de etanol estimulam a forte alta nos preços mundiais dos alimentos, segundo estudo de economistas da Purdue University. O maior consumo de biocombustíveis e a demanda da China por sementes oleaginosas exigiram 46,5 milhões de acres de terra agrícola nos Estados Unidos em 2010, quase o triplo do necessário em 2005, de acordo com o estudo divulgado ontem, em Washington. As pressões sobre os preços foram ainda mais intensificadas pela fraqueza do dólar, que torna as exportações dos EUA mais atrativas, e por problemas com o clima, segundo o estudo. Além disso, a demanda passou a reagir menos a problemas na oferta, o que também pressiona os preços. "O atual período de estoques apertados e os preços relativamente altos deverão continuar nos próximos um ou dois anos", disseram os autores no estudo. "No fim das contas, a questão não é apenas se as ofertas mundiais podem acompanhar os recentes aumentos de demanda, mas se poderão manter o ritmo do crescimento da demanda ao longo do tempo". Os preços globais dos alimentos subiram 39% nos últimos 12 meses, chegando a patamar recorde em fevereiro, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). O aumento nos custos influenciou em parte os distúrbios no norte da África e Oriente Médio, que resultaram na derrubada dos governos da Tunísia e Egito. As despesas dos EUA com alimentos subiram 3,7% no ano até junho, de acordo com dados do governo americano. Nesse período, foram verificados os maiores preços, desde pelo menos 2008, nos contratos futuros de arroz, trigo, milho, soja e leite. O relatório foi divulgado ontem no fórum mensal realizado em Washington pela Farm Foundation, um órgão de pesquisas sem fins lucrativos dedicado a questões agrícolas, que encomendou o estudo. Os autores do relatório da Purdue University, Wallace Tyner, Philip Abbott e Christopher Hurt, não especificaram o quanto cada fator foi responsável pela elevação dos preços. A alta dos alimentos verificada nos últimos 12 meses é similar à observada em 2008, com várias das mesmas influências, embora sua importância relativa tenha mudado, disseram os autores do estudo. Problemas climáticos que afetaram a produção, como a seca de 2010 na Rússia e as enchentes deste ano no Meio-Oeste dos EUA, combinados com uma demanda que não se adapta aos estoques mais baixos, estão fazendo os preços ficarem mais sensíveis a mudanças na oferta, segundo os pesquisadores. Como os países desenvolvidos têm menor capacidade para expandir a área de plantio, a escassez em outros países é mais difícil de ser solucionada, destaca o relatório. No fórum de ontem em Washington, Tyner um dos autores, apontou o uso de etanol e o consumo de soja pela China como dois choques "muito grandes e persistentes na demanda". Essa demanda poderia estabilizar-se nos próximos anos, depois de as exigências governamentais de uso do etanol chegarem a seu ponto máximo e com a recomposição dos estoques de soja da China, de acordo com o relatório. Atualmente, o etanol continua afetando os estoques de milho. O combustível pode consumir até 40% da última colheita americana de milho, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). |
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Etanol e China estimulam alta de alimentos
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