Valor Econômico - 31/03/2011 |
O setembro negro de 2008 que marcou o início de uma das maiores crises financeiras e econômicas da história mundial não afetou o Brasil de forma tão drástica, mas deixou suas marcas no setor elétrico. Foi naquele setembro, em meio a uma forte crise de liquidez, que o governo federal realizou um dos maiores leilões de energia nova dentro do novo modelo do setor elétrico, criado em 2004 pela então ministra Dilma Rousseff. Foram dois leilões. O primeiro realizado no início de setembro, antes do fatídico dia 15, em que foi anunciada a quebra do Lehman Brothers. O Bertin junto com seu sócio na época, a Equipav, foi o grande vencedor com a venda de energia de seis usinas com capacidade de 1.000 MW. Estas usinas deveriam ter entrado em operação em janeiro deste ano. E hoje estão inadimplentes. No fim de setembro de 2008, o segundo leilão foi realizado. Novamente as térmicas MC2, do Bertin, sagraram-se vencedoras. Eram mais 2.000 MW, deixando concentrado na mão de um único empreendedor projetos que juntos são maior que uma Jirau. Naquele leilão, a MPX tinha um grande projeto inscrito, mas a crise com o dólar fez com que a empresa se retirasse da disputa. Mesmo sabendo do perigo da concentração da venda de energia em participantes novos no setor elétrico, os representantes do governo decidiram manter o leilão. Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética, e Marcio Zimmermann, secretário do Ministério de Minas e Energia, chegaram a se gabar na coletiva que se seguiu ao leilão do sucesso e da fortaleza do setor mesmo em meio à crise. Dois meses depois, os donos das térmicas vencedoras sequer conseguiam entregar as garantias exigidas no pós leilão. Diversos processos administrativos se seguiram e no fim a Aneel deixou que mesmo assim elas fossem mantidas. O grupo Bertin acabou comprando a participação da Equipav e ainda comprou usinas em dificuldades de outros empreendedores. Hoje o grupo tem quase 5.000 MW em projetos térmicos com energia já vendida. Naquele dia do leilão, o que Zimmermann e Tolmasquim não contaram é que temiam um desabastecimento em função do ritmo que o Brasil vinha crescendo. A crise nesse aspecto foi salvadora, pois adiou o crescimento. Mas expôs as fragilidades do sistema criado pela agora presidente Dilma Roussef. |
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Contexto
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