sexta-feira, 1 de abril de 2011

Estudo mostra o peso da redução do gasto público no combate à inflação

Valor Econômico - 31/03/2011
 
 O cumprimento da meta cheia de superávit primário neste ano (R$ 117,8 bilhões) é um dos pilares da política monetária mais gradualista adotada pelo Banco Central neste ano. O peso da questão fiscal para o combate à inflação foi demonstrada pelo BC no Relatório de Inflação, em texto intitulado "Multiplicador Fiscal, Produto e Inflação".
De acordo com o estudo, algumas características da economia brasileira permitem avaliar que o efeito na demanda agregada da redução dos gastos do governo (multiplicador fiscal) "provavelmente seria maior do que em outras economias emergentes com nível similar de desenvolvimento".
Entre os pontos detalhados no trabalho está o fato de a economia brasileira ser relativamente fechada, o que tende a arrefecer influências externas no produto. Além disso, a propensão média a poupar é relativamente baixa no país. Por fim, parte relevante dos estímulos fiscais refere-se a gastos correntes, bem como transferências para grupos com baixa taxa de poupança e alta propensão a consumir.
"Pelo fato de o Brasil ter uma economia fechada, com baixa propensão à poupança e com políticas públicas de transferências de renda focadas em grupos com alta propensão ao consumo, as medidas de contração fiscal têm peso ainda maior do que em outros países no combate à inflação", diz o diretor de Política Monetária do BC, Carlos Hamilton Araújo.
Simulações feitas pela autoridade monetária mostram que os efeitos de uma redução de um ponto percentual na razão entre gasto público e o PIB, com duração de um ano e sem acomodação monetária, "tende a impactar significativa e rapidamente a inflação, por um período de tempo prolongado, e que o efeito máximo sobre a inflação ocorreria cerca de seis trimestres após o início da contenção fiscal", diz o documento.
Na hipótese de o BC adotar uma política monetária acomodatícia, com juros nominais constantes, aliada à queda da expectativa de inflação, os efeitos da contenção fiscal sobre a inflação seriam ainda maiores, com o efeito máximo também ocorrendo por volta do sexto trimestre.
O mercado também acredita em forte auxílio do lado fiscal para a política monetária. Em pesquisa feita pelo BC, analistas de mercado responderam que um esforço fiscal por um ano, equivalente a 1% do PIB, combinado com política monetária acomodatícia no primeiro ano, em média determinaria recuo entre 0,34 ponto percentual e 0,8 ponto na inflação.

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