Autor(es): Daniele Camba |
Valor Econômico - 31/03/2011 |
O volume da bolsa nos últimos dias não poderia estar mais minguado. Prova disso é que o volume médio diário nesta semana está em R$ 5,183 bilhões. Esse é o menor giro diário de todas as 13 semanas deste ano. O volume do pregão de segunda-feira, por exemplo, foi de R$ 4,655 bilhões. Esta é a segunda vez neste ano em que o giro fica abaixo dos R$ 5 bilhões. A primeira foi no dia 9 deste mês, quando o pregão movimentou apenas R$ 4,337 bilhões. O giro vem caindo gradativamente, dia após dia. Para o responsável por produtos, estratégia e o home broker da corretora do banco Santander, Hugo Azevedo, o volume decadente é a clara indicação de que a bolsa não tem tendência alguma. "O investidor não quer fazer nada, comprar ou vender, porque não tem a menor ideia para onde irá o mercado", diz Azevedo. Se ele comprar, corre o risco de o mercado cair na sua frente no dia seguinte. Ou, se vender, pode muito bem ter que sentir o amargo gosto de ver os papéis subirem em seguida. Azevedo lembra que, nos últimos 40 pregões, o Índice Bovespa oscila basicamente entre os 65.800 pontos e os 68 mil pontos, sem conseguir cair de forma consistente abaixo desse piso ou ultrapassar esse teto. Ontem, o indicador fechou em alta de 0,86%, aos 67.997 pontos. A série de problemas externos (conflitos na Líbia, tragédia no Japão, problemas financeiros na Europa) e as dúvidas sobre o destino da economia brasileira e da inflação são os ingredientes perfeitos para esse cenário de indefinições no mercado financeiro. As notícias para o futuro próximo não são animadoras. O executivo da corretora do Santander acredita que essa falta de tendência deve perdurar ainda pelos próximos dois meses. A ausência de uma direção, no entanto, não significa que não há como ganhar dinheiro na bolsa neste momento. Para Azevedo, as ações com perfil mais defensivo, como as boas pagadoras de dividendos, se mostram como uma opção interessante. Os papéis de energia elétrica e de telefonia, que fazem parte desse grupo mais defensivo, estão entre os maiores ganhos no ano. As ações desses setores e que fazem parte do Ibovespa sobem no ano entre 10% e 25%, ante uma queda do índice de 1,89%. Em momentos em que a bolsa não tem uma direção, existe pelo menos uma dança das cadeiras entre os melhores e os piores setores. Desta vez nem isso acontece, lembra o gerente da mesa de operações da HSBC Corretora, Frederico Soares. "Nada se mexe, os setores ruins continuam ruins, os bons se mantêm bons e os incertos ainda incertos", diz Soares. Para ele, com os efeitos limitados da política do governo para conter a inflação, os investidores estrangeiros também estão em dúvida do que fazer, o que amplifica a falta de norte da Bovespa. "Todo mundo sabe que o estrangeiro é quem dita tendência, se ele não sabe o que fazer, os outros muito menos", completa Soares. |
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Mercado sem rumo tem volume minguado
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