sábado, 16 de abril de 2011

Obama enfrenta o setor farmacêutico

Autor(es): Alan Rappeport e Stephanie Kirchgaessner | Financial Times, de Nova York e Washington
Valor Econômico - 15/04/2011
 
A indústria farmacêutica americana reagiu contra o plano de Barack Obama para redução do déficit, advertindo que suas propostas inibirão avanços da medicina e prejudicarão as empresas do setor. Um alto executivo disse que o discurso do presidente levantou questões fundamentais sobre as perspectivas para o setor nos EUA.
A reação sinalizou que terminou a trégua de fato entre a poderosa indústria farmacêutica e a Casa Branca, estabelecida durante as negociações para aprovar a reforma do setor de saúde, em 2010.
Obama disse em discurso anteontem que o "poder de compra" do Medicare (programa de saúde público para idosos) deve ser usado para cortar gastos com a compra de medicamentos vendidos mediante receita médica e para estimular a entrada de marcas genéricas mais baratas no mercado.
A observação - apenas uma frase num discurso com uma hora centrado na redução do déficit - soou como retórica agressiva à indústria farmacêutica, que apoiou a iniciativa de Obama, no ano passado, de reformar o setor de saúde. [ou faz parte da antecipada costura política para a reeleição, um sinal às avessas de que estende a mão para as farmacêuticas.]
"Infelizmente, a abordagem do presidente para redução do déficit desconsidera o impacto sobre toda a costura política, local e federal, que influencia a saúde atual e futura de nosso setor", disse John Castellani, presidente da PhRMA, entidade representativa do setor. "Especificamente, propostas para ampliar descontos, onerar idosos com prêmios mais elevados e reduzir o nível de privacidade sobre dados biológicos são ruins para os pacientes e ruins para a inovação".
A PhRMA disse que o plano de impor "controle de preços" vai desacelerar o ritmo de inovação em medicamentos e de gastos em pesquisa e desenvolvimento, e que melhores medicamentos reduziriam hospitalizações e baixariam os custos com a saúde.
O setor farmacêutico recebeu a fala de Obama como uma ameaça à cláusula de "não ingerência" constante do marco regulatório para medicamentos no âmbito do Medicare, que proíbe o governo de manipular preços no setor.
David Brennan, diretor-executivo da AstraZeneca, disse à TV CNBC ontem que estava otimista em relação ao mercado farmacêutico americano até o discurso de Obama. "Alguns comentários [de Obama] não asseguram o tipo de arcabouço político que estamos buscando para integração, por isso estamos mais preocupados", disse.
Como parte de um acordo acertado a portas fechadas em 2010, negociadores do setor concordaram em oferecer US$ 80 bilhões em descontos sobre preços de medicamentos consumidos por pacientes idosos e em pressionar ativamente pela reforma da saúde. Em troca, foram retiradas do debate propostas de alguns democratas que reduziriam os lucros do setor.
A Casa Branca já enfrentou um adversário político difícil no setor de seguros, que pressionou contra a reforma da saúde. O risco de o governo enfrentar agora reação similar das grandes farmacêuticas cria novos problemas políticos.
Obama defendeu ainda fortalecer o Independent Payment Advisory Board, criado no ano passado na reforma da saúde para reduzir o crescimento dos gastos com o Medicare e proibir as farmacêuticas "de marca" de negociar os chamados acordos de "pagamento por adiamento" com fabricantes de genéricos para que estas conservem seus produtos fora do mercado. O plano de Obama prevê economia de US$ 200 bilhões com a saúde em 10 anos.

"Mudança fundamental" nos EUA, diz Geithner

Valor Econômico - 15/04/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/4/15/mudanca-fundamental-nos-eua-diz-geithner
 
Os EUA fizeram uma "mudança fundamental" rumo à disciplina fiscal. Foi o que disse o secretário do Tesouro americano, Tim Geithner, em entrevista publicada hoje pelo jornal "Financial Times", num esforço para tranquilizar investidores estrangeiros preocupados com uma possível crise da dívida na maior economia mundial. Nesta semana, o FMI afirmou que falta aos EUA credibilidade em termos de estratégia para lidar com o elevado déficit fiscal, que fez disparar a dívida pública nos últimos anos. Geithner minimizou as divergências entre republicanos e democratas sobre o corte do déficit e previu um acordo. "Quando você tem tanto o presidente dos Estados Unidos como a liderança republicana no Congresso abraçando a mesma meta de redução do déficit... tem-se uma mudança fundamental." Obama propôs anteontem um plano de corte de gastos e aumento de impostos que reduziria em US$ 4 trilhões o déficit em 12 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário