segunda-feira, 18 de abril de 2011

Modelo de gestão do Cantareira é revisto pelo governo

Valor Econômico - 18/04/2011
 

 
O modelo de banco de águas usado desde 2004 na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) para regular o uso do recurso pelos municípios da região e a transposição de águas para o Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo, está em questão após dois verões de intensas chuvas que quase transbordaram os reservatórios.
A abundância de água nas represas da Cantareira - operadas pela Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp), após uma década de poucas chuvas, fez com que a região reivindicasse mais água nos períodos de estiagem. A regra atual é que, nas estações chuvosas, as represas vertam menos água do que é de direito aos municípios (8 m3 /s). Dessa forma, nos períodos secos eles têm uma "poupança" de água para ser liberada a mais nos rios.
O risco de transbordamento no verão de 2009/2010, obrigou a liberação das águas em excesso das represas e isso fez com que as cidades chegassem no meio do ano passado sem direito de pedir uma vazão maior, mesmo com os reservatórios cheios. A saída foi negociar para conseguir mais água. Agora, o pedido do Consórcio PCJ, associação privada que reúne empresas e prefeituras, é de que seja pensada uma solução definitiva, para que a negociação não tenha que partir novamente do zero.
Enquanto as cidades da região reivindicam que os reservatórios operem com um nível mais baixo caso a previsão seja de um verão chuvosos como os dois últimos, a posição da Sabesp é de que não é possível correr o risco. "Se a função de uma barragem é o abastecimento de água, temos que buscar sempre o nível mais cheio possível", diz Paulo Massato, diretor da Sabesp. O executivo admite, porém, que é preciso aperfeiçoar o modelo. Reuniões entre as partes interessadas estão sendo realizadas em Brasília para um consenso.
Os reservatórios da Cantareira passaram a ter a função de controle de cheias após as chuvas de 2009/2010, uma determinação da Agência Nacional de Água (ANA). Antes da chegada do período úmido, a ANA avaliará as previsões de chuva e de acordo com isso determinará qual o nível de água necessário nos reservatórios para que não haja risco de cheias.
O aumento da produção de água no Alto Tietê pela Sabesp neste ano - de 10 m3 /s para 14 m3 /s -, vai atender a região sudeste da capital paulista, hoje abastecida pelas águas do Cantareira. Isso vai permitir que as águas desse sistema passem a atender os municípios a oeste da capital, que hoje têm deficiência de recurso hídrico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário