terça-feira, 29 de novembro de 2011

Alta produtividade garante evolução constante do agronegócio brasileiro

 Publicado em 28/11/2011 na seção noticias :: Versões alternativas: Texto PDF




Apesar da queda de preços nos alimentos de 60% a 75% no mundo e de 80% no Brasil nos últimos 30 anos, o cenário nacional do agronegócio brasileiro é de evolução permanente. Essa foi a análise de Geraldo Sant Anna de Camargo Barros, engenheiro agrônomo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador científico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) durante o Seminário MS Agro, realizado dia 25 de novembro de 2011 no auditório da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

"O que garantiu a estabilidade e até mesmo o crescimento da economia foram os investimentos em tecnologia que refletiram numa maior produtividade. A evolução do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio é a prova disso", explica Barros. De 1994 a 2010, o PIB do setor aumentou em 37%, saindo de 600 bilhões para 820 bilhões no ano passado. "Se os preços estivessem num patamar mais elevado poderíamos chegar a 950 bilhões", aponta. O ano de 2011 vai fechar ainda com um crescimento de 5,8% no PIB do setor.

AGRICULTURA

A produção e comercialização de grãos da safra 2011/2012 vão garantir lucros ao produtor. "Estamos diante de um cenário ainda mais favorável na agricultura do que vivemos em 2011. Estoques baixos de grãos nos Estados Unidos, maior produtividade no Brasil e valorização do real vão segurar preços altos e trazer maior rentabilidade ao produtor brasileiro", aponta André Pessoa, engenheiro agrônomo, mestre em Economia Agrícola e sócio-diretor da Agroconsult.

"Os Estados Unidos passam pelo sexto ano com estoques críticos de soja. No Brasil, estamos com 25 milhões de hectares de área plantada e uma produção que pode chegar a 78 milhões de toneladas se tivermos uma alta produtividade, o que pode superar a expectativa inicial da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de 72 milhões", explica Pessoa. "Apesar do aumento de custo na produção do grão, que cresceu 7% em relação à última safra, o cenário internacional nos favorece e com isso mantemos a lucratividade do setor", complementa.

Em relação à produção de milho, Pessoa aponta tendências ainda mais positivas. "O aumento na produção será maior. Temos previsão de 40 milhões de toneladas para essa safra e mais 25 milhões para a safrinha. É uma grande oportunidade já que no mundo o grão também está com estoques baixos. Por conta da redução nos Estados Unidos, por exemplo, o Brasil tem hoje 20 novos mercados para exportação do milho", relata o palestrante.

PECUÁRIA

Sendo a pecuária uma atividade de investimento de médio a longo prazo, a análise dos cenários econômicos nacional e internacional é ainda mais relevante ao produtor. "O mercado de alimentos cresce em função do aumento do consumo mundial, mas é preciso cautela. Antes de qualquer investimento, o produtor necessita analisar os custos de sua produção", enfatiza o professor e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia AplicadaSérgio De Zen.

Segundo De Zen, o produtor precisa conhecer detalhadamente os custos que movem sua atividade econômica e somente diante disso investir na ampliação de sua produção. "Ainda temos muito a crescer. O Brasil tem muito mais terras agrícolas sem uso do que qualquer outro país. São 170 milhões de hectares de terras inexploradas. Com gestão de seu negócio, todo o país irá continuar a crescer", diz De Zen.

O SEMINÁRIO

Em sua segunda edição, o MS Agro trouxe palestras e discussões que apontaram os cenários econômicos e as tendências de mercado para 2012. O evento é uma realização da Famasul e conta com o apoio da AprosojaBolsa Brasileira de Mercadorias (BB&M), Banco do Brasil (BB), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Regional de Mato Grosso do Sul (Senar/MS), Sebrae/MS e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB/MS).

FONTE

Sato Comunicação
Luciana Modesto - Jornalista
Telefone: (67) 3042-0112




Cenário é menos positivo para as margens de lucro

Autor(es): Luiz Henrique Mendes | De São Paulo
Valor Econômico - 29/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/29/cenario-e-menos-positivo-para-as-margens-de-lucro

São cada vez mais cristalinos os sinais de que o campo brasileiro terá muitas dificuldades para repetir em 2012 os resultados positivos recordes deste ano.
Na 44ª reunião do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), realizada ontem na capital paulista, representantes do setor ouviram do consultor André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult, que a crise financeira irradiada de países desenvolvidos, sobretudo europeus, "começa a contaminar a demanda globalmente".
Trata-se de um fator que tira sustentação das cotações das commodities agrícolas no mercado internacional e, assim, a pressão sobre as margens de lucro dos produtores tende a ser maior nesta temporada 2011/12.
No ciclo 2010/11, as margens em culturas como soja, milho e algodão alcançaram níveis recordes no país, embaladas pelo firme consumo em países emergentes como a China, quebras na oferta provocadas por adversidades climáticas no Hemisfério Norte e grande interesse de fundos de investimentos em atuar nos mercado agrícolas.
Agora, lembrou Pessôa, os estoques globais de grãos estão em geral em recomposição - ainda que sigam apertados - e, em razão de movimentos financeiros derivados da crise no mundo desenvolvido, a posição dos fundos de investimentos está "quase no fundo do poço".
Se de fato a demanda cair consideravelmente, com parte dela represada em virtude de uma tendência de aperto do crédito que ganha força, a conjunção negativa estará completa. Mesmo que as estimativas iniciais do governo apontem para uma relativa estabilidade na colheita de verão de grãos em 2011/12, Pessôa observou que no caso do milho, por exemplo, as perspectivas são de aumento da produção brasileira.
A Agroconsult projeta a colheita de milho em 65 milhões de toneladas, enquanto a Conab prevê entre 58,4 milhões e 59,5 milhões de toneladas, até 3,4% mais que na temporada passada.
No caso da soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, a Agroconsult elevou seu cálculo para a produção em 2011/12 para 74,8 milhões de toneladas, o que também seria um avanço. Para a Conab, a colheita da oleaginosa ficará entre 71,5 milhões e 73 milhões de toneladas, queda de até 5,1% sobre 2010/11.
Tanto no milho quanto na soja, a diferença entre as estimativas decorre das incertezas climáticas que pairam sobre o desenvolvimento das lavouras em decorrência do fenômeno La Niña.
No mercado de algodão, cujos preços bateram todos os recordes de alta entre o segundo semestre de 2010 e início deste ano, Pessôa acredita que haverá problemas. Primeiro porque os preços externos já despencaram nos últimos meses, e poderão cair ainda mais. E em segundo lugar porque as fibras sintéticas avançaram no mercado durante a disparada das cotações da pluma, o que pode limitar qualquer reação.
Nesse caso, a soja poderá ganhar fôlego na disputa por terras com o algodão. Na safra 2010/11, em algumas regiões do país, como no oeste da Bahia, foi difícil ampliar a área plantada de soja por conta da forte expansão da cotonicultura.
Apesar do cenário bem menos positivo do que nesta mesma época do ano passado, quando a safra 2010/11 estava sendo plantada, Pessôa não acredita que as margens de lucro definharão tanto a ponto de se tornar negativas. "Ainda será uma safra muito boa".
E como a posição dos fundos nos mercados agrícolas globais está mais baixa, nota, qualquer problema mais sério na oferta ou sinal de que a demanda mundial poderá surpreender positivamente tende a atraí-los de volta, oferecendo suporte extra aos preços. Em outubro, por exemplo, o saldo dos investimentos globais dos fundos em commodities em geral (inclusive não agrícolas) voltou a ser positivo após a fuga de setembro.
Ontem, por exemplo, prevaleceu nos mercados uma expectativa positiva em relação a ações que podem ser adotadas contra a crise europeia, o que influenciou a queda do dólar diante de outras moedas e a alta das commodities agrícolas em geral.
Presente ao encontro na Fiesp, a secretária da Agricultura de São Paulo, Mônica Bergamaschi, agregou que o horizonte para a cana não é dos melhores na próxima safra (2012/13), pelo menos do ponto de vista da oferta do Estado, maior produtor do país, já que a recuperação dos canaviais é demorada.
Caíram nos últimos dois anos os aportes das usinas na renovação de suas lavouras, que também sofreram com clima adverso na temporada 2011/12. Em contrapartida, altas de preços de açúcar e etanol, em parte provocadas pela própria quebra no Centro-Sul do Brasil, ajudaram os resultados dos principais grupos sucroalcooleiros que atuam no país.

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