quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Presidente da Vale ataca siderurgia do país

São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 2011Mercado
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Para Murilo Ferreira, setor parou no tempo em relação a outros mercados, pois está defasado e não recebe investimento
Executivo afirma que vai expor amanhã ao conselho da empresa a reestruturação que acabou de promover
PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE
Frederico Haikal/"Hoje em Dia"/Folhapress
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, durante palestra para investidores realizada na Apimec-MG, em Belo Horizonte
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, criticou ontem o "atraso" do setor siderúrgico brasileiro. Também cobrou o "acerto" dos novos diretores-executivos da empresa, um dia após o anúncio de reestruturação da diretoria.
A declaração foi durante palestra para investidores da Apimec-MG (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), em Belo Horizonte.
Questionado se a Vale vai entrar na área siderúrgica, para agregar mais valor ao minério que produz, Ferreira negou, mas não poupou críticas ao setor no Brasil -que, para ele, parou no tempo em relação a outros países.
"É com o coração contrariado que eu digo que as nossas siderúrgicas não investiram", disse ele, criticando o atraso tecnológico do setor.
"Nossa siderurgia está perdendo dinheiro porque não investe há muito tempo, está defasada. Acho que as condições da siderurgia brasileira estão longe de ser do padrão que a gente observa lá fora."
Segundo ele, em 2005 a Vale fornecia 70% da matéria-prima usada na siderurgia nacional. Com a saída da Vale do controle da Usiminas e da CST, essa participação caiu ainda mais e hoje está em 50%. Ferreira disse que, em 2014, cairá para 29%.
Isso ocorre, segundo ele, por falta de investimento
-diferentemente do que acontece nos países asiáticos, como China e Coreia do Sul, a quem elogiou bastante.
Mesmo dizendo que não é do negócio da Vale investir em siderurgia, ele deu tom de lamentação ao fato de a empresa que preside ter vendido a participação que tinha nas siderúrgicas. "A gente aprende", afirmou.
"Digo essas palavras é para balançar, para acordar, porque quero ver a indústria siderúrgica brasileira tão vibrante quanto a coreana e a chinesa. Minha geração quer ver a indústria siderúrgica brasileira voando."
REESTRUTURAÇÃO
Ao ser questionado sobre a primeira grande reestruturação da diretoria da empresa, com a troca de três executivos e redefinição de áreas, Ferreira disse que amanhã vai expor as razões para o conselho da Vale.
"Uma coisa eu posso dizer: não gostava da estrutura
que estava montada havia quase dois anos. Ela não dava responsabilidade definida para quem tomava conta da área", afirmou ele.
Mineiro de Uberaba, Ferreira assumiu a presidência da Vale em maio.

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